Resumo da desigualdade social no Brasil: Estrutura das classes

Geografia do Brasil,

Resumo da desigualdade social no Brasil: Estrutura das classes

A renda total de um país é medida pelo seu Produto Interno Bruto, também conhecido como PIB, que nada mais é do que a soma da riqueza gerada por todos os setores da economia durante um ano. O Brasil tem um dos maiores PIBS do mundo, porém, isso não significa que aqui não haja miséria, ou que a população brasileira tenha um alto nível de vida. Um país com mais de 200 milhões de habitantes pode facilmente ter um PIB maior que um de 10 milhões, já que no primeiro há um maior número de pessoas trabalhando. Este problema estatístico pode ser resolvido através do cálculo do PIB per capita, ou seja, o valor do PIB dividido pelo número de habitantes, podendo-se assim saber qual é a força da economia de um país.

Mas, mesmo um país que tenha um PIB per capita elevado não tem, necessariamente, uma população com bom nível e qualidade de vida. Em países pouco populosos, que tenham uma atividade econômica muito rentável, mas também concentradora, como é o caso da exploração de petróleo, podemos ter um grande PIB per capita e uma população miserável. O PIB per capita só seria uma realidade se a renda do país fosse igualmente dividida, que é a maneira pela qual o cálculo é feito. Então, a distribuição de renda é que importa para a análise de como uma população vive.

Estrutura das classes

A renda no Brasil é muito concentrada, ou seja, a maior parte da renda nacional fica com uma pequena minoria da população. Atualmente, cerca de 51% de toda a renda do país pertence aos 10% mais ricos, enquanto a metade mais pobre da população tem que viver com cerca de 10% da renda nacional. A má distribuição de renda sempre foi um problema do Brasil, no entanto, os processos de urbanização e de industrialização, que deveriam ter melhorado esta situação, acabaram piorando-a. O aumento da concentração de renda no brasil ao longo dos últimos quarenta anos está ligado ao modelo de desenvolvimento adotado pelo país, que lhe proporcionou um elevado crescimento econômico, do PIB portanto, mas este crescimento se concentrou nas mãos de poucos. Entre os fatores que dão origem a tamanha desigualdade social estão: a estrutura fundiária extremamente concentrada, ou seja, a má distribuição de terras, e a formação de um mercado de trabalho com grande reserva de mão de obra, o que acaba limitando o poder de luta dos trabalhadores.

Outros indicadores – Analfabetismo e expectativa de vida

Mesmo considerando a distribuição de renda entre a população de um país, a renda não é a forma mais adequada para tentarmos medir a qualidade de vida das pessoas. Junto com o valor da renda e a sua distribuição, devem ser considerados outros elementos como a saúde e a escolarização.

A escolarização de uma população nem sempre está diretamente ligada ao nível de renda e sua distribuição. Podemos encontrar países como Cuba, por exemplo, em que, mesmo sendo bem distribuída, a renda é baixa apesar da educação de alto nível. O mesmo podemos dizer da Rússia ou de outros países do Leste Europeu que estão passando por crises na economia. Mesmo assim, é preciso considerar que a alfabetização da população pode ajudar, e muito, o desenvolvimento econômico e social de um país.

No Brasil, o analfabetismo é um grande problema. Atualmente, temos mais de 15 milhões de analfabetos no país. Se considerarmos o analfabetismo funcional, ou seja, de pessoas maiores de quinze anos que cursaram menos de quatro anos escolares, o número pode ultrapassar os 33 milhões. O que se pode perceber é que quase 30% da população não cumpriu a primeira etapa da escolarização, conhecida como ensino fundamental.

Estes baixos níveis de escolaridade fazem do Brasil um país de mão de obra mal formada e mal remunerada e de cidadãos pouco críticos e pouco conscientes de seus direitos. Além disso, a ascensão do ensino privado que se deu no país desde a década de 1960, em detrimento do ensino público, piora a nossa condição de desigualdade social.

Isso não quer dizer que a educação seja a saída para nossos problemas na sociedade e na economia. É preciso tomar cuidado ao afirmar isso, uma vez que daí surgem argumentos para investir dinheiro em um tipo de educação técnica voltada para o treinamento de mão de obra para empresas nacionais e estrangeiras, a qual colabora pouco para a efetiva melhoria de vida da população.

O necessário é o investimento em uma educação pública de qualidade para que todos tenham direito a uma alfabetização que não tenha como objetivo o treinamento de trabalhadores, mas sim a formação de cidadãos.

A expectativa de vida de uma sociedade não é simplesmente a média de idade em que se vive atualmente no país, mas sim uma projeção das possibilidades de se alcançar tal ou qual idade de acordo com as condições de vida vigentes atualmente no país.