Resumo sobre a desigualdade social no Brasil: As migrações internas

Geografia do Brasil,

Resumo sobre a desigualdade social no Brasil: As migrações internas

Os movimentos migratórios, chamados de migrações, dividem-se em emigrações (a saída do local de origem) e imigrações (a entrada em um novo território). O mais recorrente é falar sobre tais movimentos ocorrendo entre países, como quando os japoneses começaram a vir para o Brasil em 1908, por exemplo.

No entanto, o que vamos estudar hoje são as migrações internas no Brasil, grupos de pessoas que se deslocam, mas sem cruzar as fronteiras nacionais.
As migrações internas

Tipos de migrações internas

As migrações que acontecem dentro de um país podem ser classificadas da seguinte maneira:

  • Êxodo Rural: saída da zona rural para o meio urbano, motivada especialmente pela urbanização do campo e demanda por mão-de-obra na cidade;
  • Migração urbano-rural: grupos populacionais que deixam a cidade para viver no campo. Nos dias de hoje, quase não é observada, pelo menos não em grandes proporções;
  • Migração urbano-urbano: é a mais observada atualmente, quando as pessoas trocam uma cidade por outra, normalmente em busca de melhores oportunidades de emprego, estudos ou qualidade de vida;
  • Transumância: também é conhecida como migração sazonal e caracteriza-se por estar ligada ao tempo, ou seja, pessoas que se deslocam temporariamente, voltando ao seu local de origem;
  • Nomadismo: está mais ligado a uma questão cultural, de civilizações que se caracterizam por migrarem constantemente, em busca de abrigo e alimentos. É típica de sociedades mais primitivas, por isso, nos dias de hoje, é mais difícil de ser observada;
  • Migração pendular: é uma das mais comuns, acontece quando as pessoas moram em uma cidade e trabalham em outra, assim, todos os dias, saem de suas casas pela manhã e retornam no fim da tarde ou já à noite. Acontece bastante entre as pessoas que moram em regiões metropolitanas e trabalham nas metrópoles.

Origem das migrações internas no Brasil

O Brasil é um país enorme, o quinto maior do mundo, territorialmente falando. Com isso, é consequente que existam muitas diferenças entre um estado e outro e são elas que estão por trás dos movimentos migratórios internos. Esse tipo de migração existe desde o período colonial, mas começou a ser observado com maior intensidade a partir do século XX.

As diferenças econômicas são os fatores que mais impulsionam as migrações internas no Brasil, ou seja, pessoas que abandonam regiões menos favorecidas em busca de outras que consideram mais prósperas.

Ao final do século XIX, durante todo o século XX e ainda no século XXI, um dos fluxos migratórios internos mais intensos que se observa é a saída de grupos de pessoas da região Nordeste e do norte de Minas Gerais em direção ao Sudeste (especialmente São Paulo) e ao Sul. Inclusive, foi no século XX que essa migração realmente se consolidou, período em que o Sudeste e o Sul entraram em um processo de industrialização (que gerou empregos) ao passo que o Nordeste sofria com a decadência econômica. Embora continue, esse fluxo começou a diminuir nos anos 80, o que pode ser um indicativo de que as diferenças socioeconômicas tenham sido suavizadas.

No final do século XIX, o Nordeste começou a ser industrializado e a sua economia melhorou, enquanto a oferta de empregos no Sudeste e Sul diminuiu. No entanto, há de se considerar que uma tendência migratória não termina do dia para a noite, portanto, mesmo com esse novo panorama, é natural que o fluxo vá se reduzindo pouco a pouco.

Já no século XX, o movimento que mais se destaca nas migrações internas no Brasil é em direção ao Centro-Oeste e ao Norte do país, sobretudo o Amazonas. As metrópoles dessas regiões vêm apresentando uma oferta de empregos maior e são impactadas até hoje pela chamada Marcha para o Oeste, plano criado no governo de Getúlio Vargas na década de 40, que tinha o objetivo de fomentar a ocupação e o progresso do Centro-Oeste.

Essa migração sentido Centro-Oeste e Norte começou a se destacar a partir de 1970, mas não chegou a ter a mesma intensidade das que rumaram para o Sudeste e Sul anteriormente. A razão é muito simples: as migrações internas no Brasil estão realmente diminuindo, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo informações do órgão, a queda foi de 37% nos últimos 15 anos.

O Êxodo Rural no Brasil ocorreu com maior intensidade entre os anos de 1960 e 1980, entrando em declínio a partir dos anos 2000. Esse período coincide com o auge da industrialização, que leva a dois fatores: a mecanização do campo, que faz com que o trabalho do ser humano seja substituído por equipamentos agrícolas; o aumento da mão-de-obra nos centros urbanos, onde as indústrias são instaladas e precisam de grandes quantidades de pessoas para trabalhar nelas.

Entre os anos 60 e 80, o êxodo rural foi o responsável pela formação de 20% da população urbana do Brasil, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).