Biotecnologia: A empresa agrícola moderna

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Biotecnologia: A empresa agrícola moderna

A agricultura é o setor mais fundamental da economia mundial, mesmo que atualmente pareça algo secundário. Não podemos esquecer que é da agricultura que se originam os alimentos que consumimos e uma grande parte das matérias-primas utilizadas em indústrias.

Muitas vezes nos esquecemos que a agricultura é uma técnica inventada pelo homem. Ela não é uma simples coleta de produtos oferecidos pela natureza. O processo agrícola envolve o conhecimento do melhor lugar e da melhor época para plantar, a preparação da terra, o plantio propriamente dito, o cuidado com a plantação e a colheita, a qual por sua vez deve ser feita na época certa.

A empresa agrícola moderna

A possibilidade de altos lucros em alguns ramos da agricultura vem criando um novo tipo de sistema agrícola, baseado no alto grau de capitalização e na organização empresarial. É o que denominamos de empresa agrícola. Este sistema é mais comum em países centrais, principalmente nos EUA, Canadá e União Europeia. No entanto, é possível encontrarmos exemplos em algumas regiões de países periféricos, caso da produção de soja no Brasil e na Argentina.

Em muitos casos, o capital aplicado nesta agricultura é gerenciado por empresas instalados nas grandes cidades. Sendo assim, as fazendas funcionam como verdadeiras fábricas de alimentos ou matérias-primas. A produção também é comercializada nos grandes centros urbanos, em bolsas de cereais, como é o caso da Bolsa de Chicago, nos EUA.

Com os altos investimentos aí realizados, é possível se alcançar uma intensa produtividade. O mais comum é a aplicação de dinheiro na mecanização e na biotecnologia. O trabalho é sempre assalariado, no entanto, procura-se diminuir a quantidade de mão de obra utilizada, através do investimento em tecnologia. A produção é destinada aos maiores mercados consumidores de gêneros agrícolas do mundo, localizados nos países centrais.

No entanto, o crescimento das empresas agrícolas preocupa em alguns sentidos. Mesmo colaborando para o aumento da produtividade de alimentos, tais empresas só aplicam seu dinheiro nos setores mais lucrativos da produção agrícola. Sendo assim, se elas tomarem o lugar dos pequenos proprietários, a maior parte da população pode ficar à mercê dos interesses especulativos do capital destas grandes empresas.

Outro fator preocupante é que os pequenos e médios produtores têm muita dificuldade em competir com as empresas agrícolas. Esta dificuldade vem aumentando a concentração de terras nos países centrais, uma vez que muitos camponeses desistem de continuar produzindo e vão para a cidade, vendendo a sua propriedade a fazendas cada vez maiores. Este processo, além de estimular a monopolização sobre a terra, intensifica o êxodo rural, aumentando os problemas nas cidades.

A mecanização da agricultura e a indústria da biotecnologia

A mecanização da agricultura vem sendo cada vez mais importante para a competitividade das empresas agroindustriais. Vem se tornando mais comum o uso, em grandes propriedades modernas, de tratores inteligentes, equipados com sensores que identificam o tipo de solo pelo qual estão passando, assim como o nível de produtividade para cada área da fazenda.

Utilizando-se da tecnologia de comunicações, através dos satélites, e da informática, com centrais de processamento de dados e computadores de bordo nos tratores, é possível se alcançar um tratamento cada vez mais preciso dos solos. Este processo vem propiciando uma diminuição do desperdício de fertilizantes e agrotóxicos, diminuindo assim os custos da produção.

A biotecnologia é atualmente um dos setores mais lucrativos da indústria mundial, juntamente com o setor de informática. Tal lucratividade se deve à monopolização de uma tecnologia de última geração, baseada, principalmente na manipulação das características genéticas de seres vivos, a tecnologia de transgênicos.

A possibilidade de alterar o código genético de plantas e de animais, torna possível a criação de novas espécies, com novas características. É possível, por exemplo, criar uma espécie de soja que seja mais resistente a grandes doses de agrotóxicos, ou um tomate que contenha mais vitaminas, uma laranja resistente a um tipo específico de praga.

As possibilidades desta tecnologia são ainda incalculáveis, assim como os lucros que ela pode trazer no futuro. Esta aliás é uma das polêmicas que gira em torno dos transgênicos, outra tem origem nos ambientalistas, que têm dúvidas sobre a segurança de tais produtos.

O domínio da tecnologia pelas grandes empresas fabricantes dos produtos para a agricultura vem se mostrando cada vez mais um problema. Este é o tipo de tecnologia do qual um país periférico pode facilmente se tornar refém. Isto porque o desenvolvimento de uma tecnologia própria neste setor é por enquanto muito difícil, pois envolve um volume de investimento em pesquisas que só é possível às grandes empresas do ramo.

Os países que mais utilizam a tecnologia dos transgênicos são os Estados Unidos, o Canadá e a Argentina. Na União Europeia, estes produtos ainda encontram uma grande resistência, o que reflete uma preocupação ambiental, mas principalmente econômica, uma vez que as maiores empresas do ramo ainda são americanas.