Congresso do Panamá

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Congresso do Panamá

Para os que simplesmente não o conhecem, certamente o Congresso do Panamá dificilmente vai ser visto como algo a mais do que um simples Congresso, neste caso, realizado em um país localizado na América Central.

Mas a verdade é que o Congresso do Panamá foi de extrema importância em vários sentidos, o que deu a ele uma relevância histórica e social de grande peso – tanto entre os países da América Central, com também aos seus participantes: Inglaterra e Holanda foram os representantes do continente europeu, enquanto até mesmo alguns países da América Latina também fizeram a sua parte, o que inclui o Brasil.

Panamá

O que foi o Congresso do Panamá?

O Congresso do Panamá, realizado entre os meses de junho e julho no ano de 1826, foi desenvolvido por Simón Bolívar, que com mais de 10 anos de antecedência – especificadamente desde a Carta da Jamaica, em 1815 – já visava à articulação de uma confederação essencialmente hispano-americana.

Os países que enviaram seus representantes foram: Peru (que até o momento incluía também a região geográfica da Bolívia), México e Grã-Colômbia (formada na época por Equador, Venezuela e Colômbia).

Logo no início do Congresso, foi notado que muitos eram os países totalmente independentes do continente que ali não estavam presentes. Entre eles estavam a Argentina, o Paraguai, Chile, Uruguai, Estados Unidos da América, Brasil e Haiti.

E foi neste sentido que o próprio idealizador do Congresso do Panamá, Simón Bolívar, desistiu da sua participação no evento, uma vez que foi considerado por ele, neste primeiro instante, como um congresso fracassado. Há também histórias que afirmam que o percussor dos discursos ali discutidos não compareceu pessoalmente ao Congresso uma vez que havia se tornado interventor no Peru, e assim, deveria permanecer no país, no comando de mais de seis mil homens colombianos até meados de setembro daquele mesmo ano.

Quais eram os objetivos do Congresso do Panamá?

O principal ideal pelo qual o Congresso foi criado era a concretização de uma única unidade política entre todos os povos geograficamente próximos, no caso, entre os hispano-americanos.

O sentido de criação de uma unidade política que englobasse todos eles tinha como principal intuito estabelecer uma única força militar em comum, o que também daria fim à escravidão em todos os países presentes naquela extensão de território.

Simón Bolívar, como já dito anteriormente, se tornou então o responsável por encabeçar a proposta e torná-la pública, realizando então um Congresso para que todos os países levassem seus representantes, e no caso, concordassem com a ideia.

Porém, os objetivos do Congresso do Panamá começaram a dispersar quando os Estados Unidos da América entraram no jogo: para os norte-americanos, o fim da escravidão desagradava completamente seus interesses socioeconômicos e políticos, uma vez que durante o século XIX a nação era totalmente dependente da mão de obra escrava para desenvolvimento de sua economia local.

Além disso, os Estados Unidos também tinham outros objetivos, sendo eles mais ‘individualistas’. Enquanto Simón queria promover a integração dos países hispano-americanos, tudo o que os norte-americanos pretendiam nessa época englobava a expansão do seu território geográfico, o que no caso, não era compatível com a criação de uma força militar unificada, ou melhor, pan-americana.

E foi dessa forma que o Congresso do Panamá, mesmo que oficializado, acabou tornando-se um tanto quanto “abafado”, o que ocorreu por conta da própria oposição da nação aqui citada.

Além disso, com o tempo passando notou-se que o próprio passado de colonização de cada um dos países integrantes e a própria questão linguística seriam também alguns dos motivos pelos quais a implantação do ideal criado e defendido por Simón dificilmente seria possível.

Mesmo assim alguns pontos foram definidos durante o Congresso do Panamá, talvez não de tanta importância como defendia Simón, porém com certeza promoveram uma relação mais livre e harmoniosa entre os países participantes.

Entre os princípios que foram estabelecidos pelo Congresso do Panamá estão:

• Abolição do tráfico de escravos negros e africanos, o que infelizmente não foi algo concretizado em todos os países nesse mesmo período, uma vez que poucos foram os que deram importância real ao Congresso;

• Maior equilíbrio no que se refere ao número de militares (tanto da Marinha como também do Exército) em cada um dos países. A intenção era fazer com que os estados-membros dos países em questão tivessem, hipoteticamente, a mesma força;

• Futuras reuniões de Congresso também foram estabelecidas durante o Congresso do Panamá, que deveriam (mas nunca foram) ser realizadas tanto em tempos de guerra como especialmente nos tempos de paz.

Mas certamente o ponto mais importante – e que verdadeiramente foi firmado – no Congresso do Panamá é em consideração à ‘eterna aliança’ entre os países que integram a região hispano-americana. O objetivo, nesse sentido, é o de promoção da defesa comum, preservando sempre a integridade de seus indivíduos e a solução – pacífica – de possíveis conflitos entre estados-membros.