Desemprego, um problema mundial: A transição demográfica

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Desemprego, um problema mundial: A transição demográfica

As possibilidades do homem de transformar o meio natural e desenvolver a cultura são os elementos determinantes de nossa dinâmica demográfica. Se eles influenciaram a vida humana desde a Antiguidade, é após a Revolução Industrial que tal influência pode ser notada mais facilmente.

As transformações que se iniciaram na Europa, e vêm se espalhando pelo mundo desde a Revolução Industrial, podem ser resumidas no processo de destruição das sociedades tradicionais e criação de sociedades modernas, sejam estas ricas ou pobres.

A transição demográfica

Nas sociedades tradicionais agrárias, anteriores à industrialização e à urbanização, a dinâmica demográfica tinha algumas características próprias.

Em primeiro lugar, a economia de subsistência, baseada no trabalho camponês, não continha o problema da formação profissional para se arranjar um emprego. Os filhos de camponeses aprendiam com seus pais a manejar a terra. Em segundo lugar, a disponibilidade de emprego não era o principal problema, uma vez que os camponeses tinham o direito de trabalhar com suas famílias nas terras de seus senhores, tirando delas sua subsistência.

Estas condições estimulavam uma alta taxa de natalidade, uma vez que ter mais filhos representava um aumento da mão de obra. Além do mais, mesmo que algumas famílias não quisessem ter um número maior de filhos, o controle da natalidade se tornava muito pouco eficaz, já que não existiam métodos contraceptivos como a pílula ou a camisinha.

A alta taxa de natalidade não significa diretamente um alto crescimento vegetativo, uma vez que é preciso considerar o número de pessoas que estão morrendo. As más condições de vida, provocadas pela falta de saneamento básico, colheitas limitadas e limitada proteção contra o frio intenso, faziam com que as taxas de mortalidade fossem altas. Desta forma, o crescimento vegetativo não era muito acentuado, mas não devido à conscientização das pessoas e à sua intenção de diminuir o número de filhos, e sim, devido às limitações técnicas da época.

A modernização, caracterizada principalmente pela industrialização e urbanização das sociedades, transformou bastante a dinâmica demográfica. As primeiras cidades industriais europeias não tinham uma boa qualidade de vida, devido à falta de técnicas de urbanização como esgoto, água tratada e sistemas de calefação. No entanto, desde o século XIX, com o desenvolvimento destas técnicas, principalmente nos países centrais, a qualidade de vida nas cidades melhorou rapidamente, diminuindo as taxas de mortalidade da população europeia.

Ao mesmo tempo, a mudança para a cidade, êxodo rural, não levou imediatamente a uma diminuição das taxas de natalidade, da população como um todo, uma vez que, como vimos anteriormente, o controle de natalidade é uma questão cultural. O costume de se ter muitos filhos ainda permaneceu por algumas décadas, mesmo sem ter o mesmo sentido que tinha no campo. A diminuição das taxas de mortalidade unida à permanência de altas taxas de natalidade criou um grande crescimento vegetativo na Europa durante os séculos XVIII e XIX.

Na cidade, ter muitos filhos não era uma coisa tão simples como no campo. O emprego não é tão facilmente encontrado. Na segunda metade do século XIX, a formação profissional já começa a ser cada vez mais importante na hora de se arranjar uma vaga em uma empresa. Além disso, as lutas dos trabalhadores produziram leis de proibição do trabalho infantil nas cidades europeias, o que descartava o papel das crianças como mão de obra para ajudar na renda familiar.

A pressão sobre o custo de criação dos filhos e outros fatores como o aumento do trabalho feminino, fizeram com que houvesse uma onda de controle de natalidade na Europa, produzindo uma diminuição gradativa do crescimento vegetativo. Atualmente, em alguns países deste continente, as taxas de natalidade são tão baixas que produzem um crescimento negativo, já que muitas vezes são superadas pelas taxas de mortalidade.

Nos países centrais, os primeiros a se industrializar e se urbanizar, este processo ocorre, com algumas variações, entre os fins do século XVIII e início do XX. A diminuição rápida da taxa de mortalidade, acompanhada de uma queda lenta da taxa de natalidade, tendo como produto um período de alto crescimento vegetativo, passou-se a denominar de transição demográfica.

Transição demográfica na periferia da economia mundial

Este mesmo processo de transição demográfica vem ocorrendo repetidamente em diversos países do mundo, na maior parte das vezes por causa da urbanização. No entanto, as velocidades de cada uma de suas fases, e consequentemente, o seu resultando, nem sempre são os mesmos.

Em alguns países latino-americanos, notadamente os semiperiféricos, tal processo se iniciou nas primeiras décadas do século XX. Geralmente coincidindo com a industrialização e urbanização destas sociedades. Mas é preciso lembrar que as condições históricas não foram as mesmas.

Em primeiro lugar, a urbanização destes países se deu de forma mais rápida, produzindo grandes cidades em pouco tempo. Em segundo lugar, muitos avanços tecnológicos, entre eles os da medicina e o saneamento básico, que se desenvolveram conjuntamente com a urbanização europeia, já estavam prontos no século XX, o que propiciou uma queda mais acentuada das quedas de mortalidade.