Relações entre Brasil e Paraguai

Mesmo com suas diferenças, Brasil e Paraguai procuram manter boas relações. Os traços culturais e as raízes históricas comuns, além da proximidade no território, facilitam a existência de acordos para benefícios mútuos.

Relações entre Brasil e Paraguai

Histórico da relação

O Paraguai tornou-se independente antes do Brasil, em 1811, quando se separou do Vice-Reino do Rio da Prata, do qual fazia parte juntamente com Argentina e Bolívia. Durante muitos anos o país viveu isolado e sob as duras ordens do comandante José Gaspar Rodríguez de Francia. O Brasil foi o primeiro país a reconhecer sua independência, mas somente em 1844, 22 anos após ter se tornado independente de Portugal.

Aos poucos o Paraguai começa a participar dos assuntos políticos e econômicos da região. Normalmente garantia apoio à Argentina ou ao Brasil em troca de vantagens dos dois maiores vizinhos. Foi um tempo de equilíbrio graças à política do presidente Carlos López.

Embora hoje as semelhanças entre as nações sul-americanas sejam evidentes, isso não chegou a ser considerado no século XIX. A princípio os países recém-independentes do continente não elaboraram projetos econômicos ou políticos que visassem o fortalecimento da região. Muito pelo contrário, o objetivo das nações normalmente era manter relações com as desenvolvidas potências europeias.

No caso do Brasil e Paraguai houve ainda um agravamento: a terrível guerra que ocorreu entre 1864 e 1870. Na época, o Paraguai era governado pelo ditador Solano López, filho de Carlos López. Ele invadiu a província de Mato Grosso para iniciar uma expansão imperialista. O ditador, ao tentar invadir o Rio Grande do Sul, chegou a fazer incursões armadas pelo território da Argentina. Ele desejava tomar todo o território ao sul, até o Uruguai. Formou-se então a Tríplice Aliança, uma união entre Brasil, Uruguai e Argentina. Eles lutaram durante 5 anos para derrotar o expansionista Solano López.

A Guerra do Paraguai – chamada lá de Grande Guerra ou Guerra Contra La Tripe Alianza – destruiu a infraestrutura do país e levou boa parte da população pessoas à morte. A nação perdeu territórios, teve sua produção agrícola confiscada por muitos anos e foi ocupada pelo Brasil até 1876. O Brasil também sofreu danos com a guerra, principalmente econômicos, um dos fatores que colaboraram para a queda do Império anos mais tarde.

O Paraguai passou ainda por conflitos no século XX, mas o Brasil manteve uma posição de neutralidade. As relações começam a se aproximar em 1954, com a “Política Pragmática de Aproximação Bilateral”, do ditador paraguaio Alfredo Stroessner. Isso dura até 1973, com a construção da usina do Itaipu. O Paraguai volta a se aproximar do Brasil e reduz a influência da Argentina no próprio território.

As relações bilaterais duram até o fim dos anos oitenta, quando Brasil e Argentina se entendem nos campos políticos, econômicos e sociais. Além disso, Stroessner deixou o poder no Paraguai em 1989 e abriu caminho para novas políticas. A partir daí os países deram início às negociações acerca do Mercosul, um bloco para integrar Brasil, Paraguai, Argentina e outros países.

Além do que foi estabelecido pelo tratado do bloco, Brasil e Paraguai ainda colaboram em outras áreas. Existem importantes questões entre os dois países, como o tráfico de drogas e armas na fronteira, o aumento do contrabando e as crises entre paraguaios e “brasiguaios”, ou seja, brasileiros que vivem na região.

Tratados importantes

O Tratado do Itaipu foi assinado por Brasil e Paraguai em 26 de abril de 1973. Ele dá as diretrizes para o aproveitamento hidroelétrico do Rio Paraná, estabelecendo que o Paraguai venda o excesso de energia produzida ao Brasil até 2023. O tratado é alvo de críticas no Paraguai, pois muitos comentaristas consideram a medida um ato imperialista.

Em 26 de março de 1991 o Brasil e o Paraguai se juntaram à Argentina e Uruguai para assinar o Tratado de Assunção. O objetivo era criar um comércio comum entre esses países, que facilitasse importações e exportações. Daí surgiu o Mercado Comum do Sul, ou, em espanhol, Mercado Común del Sur, popularmente chamado de Mercosul. O tratado passou a ser reconhecido juridicamente e internacionalmente em 1994, através do Protocolo de Ouro Preto, que estabelecia o Mercosul como uma organização.

Assim como acontece com a União Europeia, o tratado que estabeleceu um comércio comum na América do Sul visa a integração econômica e social do continente. As primeiras tentativas nesse sentido foram realizadas por Simón Bolívar, no século XIX. O movimento chamado pan-americanismo desejava unificar a América Espanhola em um só Estado.

Mais tarde a integração do território passou a ser buscada através da economia. Em 25 de fevereiro de 1948 foi criada a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). A organização desenvolvia estudos que facilitassem a união dos mercados sul-americanos para o desenvolvimento econômico e industrial.

O Tratado de Buenos Aires foi o primeiro a progredir nesse sentido, assinado pelo Brasil e pela Argentina em 1990. As relações entre Brasil e Paraguai se fortaleceram um ano depois com o tratado de Assunção.