Resumo da Nova Ordem Mundial: As transnacionais e a acumulação flexível

Geografia,

Resumo da Nova Ordem Mundial: As transnacionais e a acumulação flexível

Para que houvesse uma diversificação das atividades, o controle das etapas de produção e também das grandes fatias do mercado, as grandes empresas precisam estar organizadas em trustes. Dessa maneira, os rendimentos de cada empresa pertencente ao grupo podem ser aplicados da melhor forma para aumentar o seu poderio na economia. A holding pode adquirir empresas das atividades econômicas que ainda não possuía, diversificando assim suas atividades. Pode também adquirir empresas de atividades econômicas a ela relacionadas, como uma empresa automobilística que compra uma fábrica de aço, por exemplo, controlando mais de uma etapa de produção. Ou, pode ainda, adquirir empresas concorrentes para aumentar o seu domínio no mercado.

A segunda mudança no modo de atuação das grandes empresas mundiais e a crescente importância que dão às atividades financeiras. Na economia capitalista podemos considerar que existem três setores de atuação para as grandes empresas, sendo elas, a produção, a comercialização e o financiamento. No último caso, podemos encontrar os bancos, os fundos de pensão, as seguradoras e as empresas de investimento. Há cinquenta anos havia uma divisão bem mais clara entre as atividades de produção, comercialização e financiamento. Da década de 1970 para cá a fronteira entre essas atividades vem ficando cada vez mais tênue.

As transnacionais e a acumulação flexível

Em consequência dos problemas da economia da crise do modelo fordista-keynesiano nos anos 1970, principalmente por causa da queda das taxas de lucro na produção, muitas empresas tradicionalmente desligadas do setor financeiro passaram a atuar cada vez mais neste. Os lucros que foram gerados pelas indústrias são aplicados pela holding, no mercado financeiro, até que um investimento produtivo seguro se apresente mais vantajoso em termos de rendimentos. Esse é um dos principais fatores que tornam necessárias a organização das grandes empresas na forma de truste, por causa do papel exercido pela holding, que neste caso passa a funcionar como uma maneira de ligação entre os investimentos financeiros, produtivos e comerciais do grande conglomerado.

A terceira e última mudança realizada pelas grandes empresas em seu modo de atuação é a intensificação das trocas de mercadorias intrafirmas. Isto é, por causa das facilidades trazidas pelos novos meios de transporte e à liberação crescente do comércio mundial, os trustes vêm criando redes de trocas de mercadorias entre as suas próprias empresas. Para se ter uma ideia, calculando-se que atualmente cerca de 40% de todo o comércio mundial é realizado entre as unidades das grandes empresas.

Esse aumento do comércio intrafirmas representa a aposta das empresas em uma nova Divisão Internacional do Trabalho, baseada na separação espacial da produção de partes de um mesmo produto de acordo com as possibilidades de maiores rendimentos. Dessa forma, uma empresa que produz aparelhos eletrônicos, por exemplo, pode fabricar as peças tecnologicamente mais avançadas em países com mão de obra mais bem qualificada e outras peças mais simples em países com mão de obra mais barata, de forma a economizar com pagamentos de salários e de encargos.

Outro exemplo poderia ser de uma empresa química que para fazer a fabricação de um determinado produto, tem de produzir diversos outros que são matérias-primas daquela. Essas transformações no modo de atuação das grandes empresas na economia do mundo só foram possíveis, por causa das facilidades que foram criadas pelo desenvolvimento dos transportes e das comunicações, além das reformas neoliberais que vêm tornando as economias nacionais mais abertas. Em geral, essa diminuição dos riscos está sendo realizada por um aumento de flexibilidade na atuação das empresas. Pensando nesse sentido, o geógrafo inglês David Harvey deu o nome de acumulação flexível ao tipo de modelo econômico em que vivemos nos dias de hoje.

Revolução técnico-cientifica

As mudanças políticas, econômicas e culturais que vêm caracterizando o processo de globalização não poderiam acontecer sem as inovações tecnológicas e sua influência nos processos de produção. Muitos autores tratam o período entre as décadas de 60 e 70 como o início da terceira revolução industrial. A primeira teria sido aquela que criou a própria indústria na Europa do século XVIII, a segunda a que introduziu a energia elétrica e os motores da combustão do século XIX, a partir da qual se criaram as grandes corporações. Já a última tem como fundamento o desenvolvimento da microeletrônica e, mais especificamente, da telemática, ou seja, das telecomunicações e da informática.

Em pouco tempo os novos ramos de alta tecnologia se tornaram os principais setores da indústria mundial, colocando de lado a indústria automobilística, tão importante no período fordista-keynesiano. Além de se tornarem os produtos mais importantes e lucrativos, os objetos produzidos pela indústria de telemática transformaram todo o processo produtivo, desde as linhas de montagem até os processos de gerenciamento das empresas. Contribuíram também de maneira decisiva para a difusão da cultura ocidental pelo mundo todo, que contando com o poder das imagens, produziu uma forma de pensar a vida econômica e política, relativamente homogênea. Dessa maneira, os sistemas de transporte ganharam novas possibilidades de uso, contribuindo para a ampliação do mercado internacional.