Bumba meu Boi

História do Brasil,

Bumba meu Boi

Bumba meu boi, também conhecido como boi-bumbá, é uma dança folclórica brasileira. Parte importante da cultura do país, o bumba meu boi é fortemente baseado na narrativa da morte e ressurreição de um boi. A lenda combina personagens humanos e animais fantásticos para contar a história.

Em variadas regiões do Brasil, sobretudo nos estados do Norte e Nordeste, mas também em partes do sudeste como Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, há grupos denominadas de bois que fazem diversos tipos de apresentações em homenagem ao animal. Esses cortejos, na maioria das vezes, têm caráter de competição.

A tradição do bumba meu boi tem ligação com diversas origens, por isso representa muito bem a mistura de povos que caracteriza a nação. Pode-se citar as claras influências indígena e também europeias. Como resquício do aspecto religioso da comemoração, o boi-bumbá é bastante associado às festas juninas.

Bumba meu Boi

Não existe nenhum relato histórico capaz de confirmar onde exatamente a narrativa teve início, mas sua importância é tamanha que o bumba meu boi está registrado como patrimônio cultural brasileiro segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O único fato realmente conhecido sobre o começo dessa festa é sobre o caso do Boi Voador, que ocorreu em Recife durante o período da colonização holandesa em Pernambuco. Depois do episódio, o enredo teria se desenvolvido para algo mais próximo da trama mais elaborada que perdura até hoje.

O primeiro relato escrito sobre essa tradição foi feita por um jornal de Recife em 1840. Porém, entre todos os estados no nordeste, é no Maranhão que os cortejos têm maior destaque. A partir então, a lenda espalhou-se e chegou ao Amazonas, local em que ganhou o nome de boi-bumbá. Desde 1965, é ali que se realiza o consagrado Festival Folclórico de Parintins, evento que reúne milhares de turistas e moradores anualmente.

Por causa de sua grande abrangência, a lenda do boi que retorna à vida tem diversas nomenclaturas nas variadas unidades federativas em que é celebrada. Além disso, as distinções nos ritmos, nas indumentárias, personagens, nos instrumentos tocados, no tipo de homenagens, entre outros elementos. Confira alguns dos nomes que a figura do boi-bumbá recebe:

• Em Pernambuco: nesse estado, a figura é chamada de boi-calemba ou bumbá;

• No Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas e no Piauí: é mais comumente referido como bumba meu boi;

• No Ceará, ele é conhecido como boi de reis, boi-surubim e também de boi zumbi;

• Na Bahia, o animal é nomeado de boi-janeiro, boi-estrela-do-mar, dromedário ou ainda de mulinha-de-ouro;

• Em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Cabo Frio e Macaé: a nomenclatura usada é bumba ou folguedo-do-boi;

• No estado do Espírito Santo o nome dado é boi de reis;

• Em São Paulo ele é o boi de jacá e dança-do-boi;

• No Pará, em Rondônia e no Amazonas, fala-se em boi-bumbá

• No Paraná e em Santa Catarina, o personagem é tratado por boi-de-mourão ou boi-de-mamão;

• No Rio Grande do Sul, ele é bumba, boizinho, ou então boi-mamão.

A lenda do boi-bumbá

Como acontece com a maioria dos contos folclóricos, o enredo da história do bumba meu boi tem muitas variações. Porém, a versão mais difundida narra que a escrava Catirina, por vezes batizada de Catarina, pede que o esposo Chico, ou Pai Francisco, atendesse seu desejo de grávida, que era comer língua de boi. O marido, que também era escravo, mata um boi para realizar a vontade de sua mulher. Quando o dono da fazenda descobre o que aconteceu com o animal, manda prender Pai Francisco. Mais adiante, com o auxílio de curandeiros, o boi é ressuscitado. Entre as diferentes maneiras de se contar o causo do bumbá, alguns personagens recorrentes são:

• O Capitão, que tem a função de comandar o espetáculo;

• Amo: é o dono da fazenda. Ele usa um apito e uma maracá para controlar o resto do grupo. Também canta as toadas mais importantes;

• Pai Chico;

• Mãe Catirina ou Catarina;

• Boi: é a personagem principal, feita de uma armação de madeira com formato de touro. Costuma ser coberto por veludo bordado e colorido;

• Vaqueiros: em algumas agremiações, há o chamado primeiro vaqueiro, a quem o fazendeiro dá missão de localizar o pai Chico e o boi que desapareceu. Os ajudantes dele também são vaqueiros;

• Índios, índias e caboclos: a eles cabe achar e prender o Pai Francisco. Nas festas folclóricas, esse é o grupo de maior impacto visual por causa da beleza de suas danças e das roupas que vestem;

• Burrinha: presente em algumas versões da festa de bumba meu boi. É um cavalinho ou burrinho que tem um furo no meio, que é por onde o participante entra. O pequeno animal fica pendurado no ombro da pessoa que o representa por tiras parecidas com suspensórios.

Mesmo as figuras femininas da trama, que trata do contraste entre a força do boi e a fragilidade humana, são geralmente interpretadas por homens travestidos.

O Festival Folclórico de Parintins

Esse evento acontece a céu aberto e congrega um grande número de associações folclóricas. A atração principal do festival é a disputa entre o Boi Garantido, de cor vermelha e o Boi Caprichoso, azul. Ao longo das três noites de apresentações, as equipes tratam de lendas, rituais e costumes da região a partir do uso de encenações e indumentárias.