Estímulos à imigração no Império

História do Brasil,

Estímulos à imigração no Império

Por um bom tempo o mundo vivenciou momentos decadentes envolvendo o trabalho escravo de homens, mulheres e crianças negras. Mas, com o tempo, a escravidão passou a ser algo intolerável pelas pessoas que exigiam a liberdade e todos os direitos dos negros. Diante da pressão feita pelos ingleses que exigiram o fim do tráfico de africanos que eram escravizados no Oceano Atlântico, o mundo vivenciou momentos de mudança, principalmente o setor de indústria cafeeira.

Com o fim da escravidão, o setor trabalhista sentiu uma grande perda de força manual para os trabalhos que eram realizados dentro das fazendas. Tudo isso passou a gerar grandes consequências para a economia imperial, que obrigou a criar novas alternativas. Sem o trabalho dos escravos, os latifundiários tiveram que desenvolver novas formas de organizar os trabalhos que eram realizados nas fazendas, incentivando principalmente a imigração.

imigração no Império

Os latifundiários podem ser caracterizados como os proprietários ou responsáveis por uma propriedade latifúndio. Essa propriedade rural agrícola costuma ser de grande extensão, onde sua terra passa a ser explorada de forma extensiva com todos os recursos que oferece. As imigrações foram ocorrendo de maneira lenta, até que, no Brasil, a primeira experiência de imigração ocorre durante o Período Joanino – caracterizado como as primeiras duas décadas do século XIX.

Neste período, algumas famílias camponesas europeias chegam a São Paulo, mas ainda não possuíam um destino fixo. A ideia de Dom João VI era fixar as famílias no Sudeste e Sul do Brasil, mas, como os latifundiários possuíam interesse nas terras que as famílias iam ficar, os planos foram adiados. Com a ideia de acabar completamente com a escravidão os ingleses passaram a pressionar os cafeicultores paulistas a substituírem o trabalho escravo pelo trabalho livre, mas alguns cafeicultores ainda encontravam dificuldades para abandoná-lo.

Imigração de Trabalhadores

Com a economia pressionando os latifundiários sobre a substituição do trabalho escravo por pessoas que realizassem o trabalho livre, os cafeicultores passaram analisar quais seriam as suas vantagens. O fato é que o trabalho livre poderia ser considerado mais em conta financeiramente que o trabalho escravo, principalmente pelo fato de que a aquisição de escravos requeria um alto poder de capital. Foi aí que ocorreram as primeiras experiências para a imigração de trabalhadores livres para atuarem nas lavouras de café.

– Até onde sabe o primeiro cafeicultor que estimulou a imigração de trabalhadores foi o senador Nicolau de Campos Vergueiro. Ele possuía diversas propriedades na região de Limeira, no estado de São Paulo;

– Nicolau ainda estimulou a vinda de outras famílias de origem alemã, suíça, belgas e, até mesmo, portugueses para atuarem de forma livre como trabalhadores em suas lavouras. O trabalho era realizado através do regime de parceria;

O regime de parceria foi utilizado por muito tempo como forma de pagamento das famílias imigrantes. Esse regime é caracterizado como um pagamento de todas as despesas de deslocamento da família para o País. O fazendeiro também bancava os custos de acordo com o tempo em que as famílias ainda não começassem a trabalhar. Esse regime de parceria como forma de pagamento para a imigração de trabalhadores era uma espécie de adiantamento, sendo que em troca o imigrante e sua família teriam que entregar parte do que produziam ao proprietário.

– Geralmente, os imigrantes entregavam aos fazendeiros metade do que produziam ou, até mesmo, dois terços.

– Os fazendeiros ainda cobravam juros sobre o que era adiantado, aumentando a transferência da produção.

Consequências da imigração

O regime de parceria inventado pelo senador tornou-se uma espécie de modelo para os outros fazendeiros. De início, a parceria foi algo satisfatório para ambos os lados, mas, com o tempo, os imigrantes passaram a não aceitar o modelo de pagamento, principalmente por conta dos juros que os fazendeiros passaram a cobrar do imigrante e sua família. A experiência ganhou sua conotação negativa depois de um tempo.

Para os fazendeiros que estavam acostumados com a disciplina dos escravos a partir de violência e diversas punições, lidar com os imigrantes europeus era algo novo e, mesmo assim, pretendiam resolver a revolta da mesma forma que faziam com os escravos. A revolta foi ganhando maior conotação, principalmente quando os imigrantes ficaram contra o senador Nicolau de Campos Vergueiro, tornando uma das maiores forma de luta contra a exploração de trabalhares.

Com toda essa revolta os latifundiários exigiam que o Estado financiasse a vinda dos imigrantes, mas as províncias se recusavam. Para solucionar o problema o governo imperial passou a destinar verbas para custear a imigração. No entanto, nem todos os fazendeiros aceitavam a vinda de imigrantes, sendo que a resistência do abandono de escravos foi muito grande. A preocupação em relação aos imigrantes acontecia também como uma desconfiança de que as terras fossem destinadas às famílias de imigrantes.

Por isso, a Lei de Terras, feita em 1850, passou a dificultar o acesso à terras por parte da população considerada pobre e ex-escrava. Por isso que os preços altos garantiam o domínio dos latifundiários, preservando, infelizmente, a desigualdade social e a predominação da classe dominante.