Golpe Militar de 1964

História do Brasil,

Golpe Militar de 1964

O contexto

Como bem se sabe o Golpe Militar ocorrido em 1964 no Brasil teve diversos antecedentes. Alguns estudiosos acreditam que o golpe teria sido reflexo de um conturbado momento político vivenciado no país desde o início dos anos 1960.

Alguns fatos que podem ilustrar bem o momento é a renúncia do Presidente Jânio Quadros (PTN) em 1961, devido a isso João Goulart (PTB) assume e passa a defender, e aplicar, medidas consideradas de “esquerda” para a então política brasileira.

Golpe Militar de 1964

Entre os planos de Jango estavam: as reformas de base que tinham como objetivo reduzir as desigualdades no país, além disso, reformas bancárias, políticas, eleitorais, agrárias e educacionais também eram vislumbradas pelo governo.

Com um perfil mais populista Jango começa a preocupar a elite brasileira que já temia ter seu poder econômico alterado. A crise econômica torna-se uma realidade no Brasil e a instabilidade política também aparece.

Para alguns estudiosos foi o próprio João Goulart que criou as condições que tornaram possíveis o golpe de 1964 ao propor algumas medidas que, pode-se dizer, aceleraram a reação das elites.

No inicio todas as reformas pretendidas pelo presidente diziam respeito a controlar a saída de dinheiro brasileiro para o exterior, para além disso, Jango pretendia oferecer aos estudantes diversificados canais de comunicação, e por fim, permitir que analfabetos – que representavam grande parte da população – tivessem direito ao voto.

Acredita-se que o estopim do golpe ocorreu após um severo discurso do então presidente em um comício organizado por Leonel Brizola na Central do Brasil, Rio de Janeiro. Durante sua fala Jango defendeu uma reforma agrária, e também, a nacionalização das refinarias de petróleo.

A participação dos norte-americanos

Em 31 de março do ano de 1964 o Governo dos Estados Unidos tornou público certos documentos que revelaram operações da CIA que auxiliaram os militares brasileiros na deposição de João Goulart em primeiro de abril do mesmo ano.

Tanto para o governo estadunidense, quanto para os militares brasileiros, Jango representava uma ameaça, principalmente por simpatizar com ideias de esquerda. Além disso, o presidente buscava manter uma política exterior independente dos norte-americanos o que incomodava, e muito, Washington.

Como se não bastasse tudo isso, os norte-americanos estavam enraivecidos porque Jango havia nacionalizado o petróleo no país, e também, porque tinha limitado os benefícios que as multinacionais poderiam retirar das terras brasileiras.

Como já dito, João Goulart foi deposto e perseguido teve de fugir em direção ao estado do Rio Grande do Sul (Porto Alegre), e posteriormente, ao Uruguai.

O cenário após o golpe

Com a deposição de Jango, Ranieri Mazilli (PSDB) assume a presidência de forma interina. Então, em 09 de abril é editado o Ato Institucional número um (AI-1), um decreto militar que depôs definitivamente o presidente, além de cassar outros mandatos políticos.

Ainda em abril o General Humberto Castelo Branco – Chefe Maior do Exército – se tornou o presidente do país, assumindo um mandato que durou até 24 de janeiro de 1967.

Diversas cidades brasileiras foram tomadas por tanques, jipes e muitos soldados armados. Entre as atrocidades cometidas pelos militares pode-se citar o incêndio a Sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), localizada no Rio de Janeiro, além disso, diversas associações que apoiavam o presidente deposto sofreram com ataques.

O apoio da imprensa e a ilusão dos brasileiros

Com relação ao apoio ao Golpe Militar pode-se dizer que este foi amplamente apoiado, principalmente por veículos midiáticos, como é o caso dos Jornais “O Globo”, “Jornal do Brasil” e “Diário de Notícias”. Inclusive, um dos motivos que levaram ao golpe foi uma campanha organizada pelos próprios meios de comunicação que queriam fazer a população brasileira acreditar que João Goulart adotaria um regime Comunista, semelhante ao da China e de Cuba.

Não demorou muito para todos os cidadãos terem seus direitos e liberdade reduzidos, isso aconteceu a partir do ano de 1965. Pouco tempo depois o Congresso passou a ser incumbido de “eleger” quem seriam presidente e vice-presidente da República. As eleições presidenciais chegaram a ser prometidas para o ano de 1965, contudo, não foram realizadas, e assim, os militares passaram a eleger os representantes brasileiros de forma indireta.

A cada dia que se passava a Ditadura só ficava pior, grandes intelectuais e formadores de opinião sofreram censuras, até mesmo torturas e chegaram a ter que se exilar em outros países.

Os Atos Institucionais – famosos AIs – foram lançados e corroboraram para que o governo Militar se tornasse legal, autoritário, porém, legalizado. A população brasileira já estava confusa, afinal, devido ao crescimento e recuperação econômicos acreditavam que o país estava bem, por isso muitas vezes, ignoravam os sinais de censura.

Para muitos o golpe queria apenas impedir a implantação de um regime Comunista no país, mas a verdade é que o Golpe Militar, oficialmente iniciado em 31 de março de 1964, deixou uma mancha negra na história do país, uma marca que até hoje ainda não é conhecida, muito menos punida, por completa.