Resumo da República Velha: A borracha – alternativa ao café?

História do Brasil,

Resumo da República Velha: A borracha – alternativa ao café?

No século XX, a indústria estava se desenvolvendo em diversos países e estava em pleno vapor, possibilitando inclusive, que começasse a se falar em uma Revolução Industrial, que já vinha acontecendo desde a segunda metade do século anterior. Nesse cenário, emergiram novos setores da indústria e outros se aprimoraram na área tecnologia, o que acabou acarretando novas demandas de matérias-primas.

O Brasil, que estava integrado tradicionalmente à economia capitalista como área produtora e dependente de matérias-primas, passou a suprir parte das novas necessidades da indústria. A exportação e a extração em larga escala de borracha começaram a ser feitas, produto que era fundamental para a próspera indústria de automóveis e de pneumáticos.

A borracha - alternativa ao café

A borracha é extraída da seringueira, um produto nativo das florestas tropicais da América, sendo a Amazônia a maior reserva natural da árvore. No ano de 1887, a exportação da borracha atingiu as 17 mil toneladas, e a partir daí, acelerou-se o crescimento da exportação desse produto. Em 1910, quando as exportações de borracha representavam 40% do valor das exportações do país, aproximando-se das do café, o preço acabou atingindo seu valor máximo.

Os trabalhadores que eram os responsáveis pela extração da borracha, eram na maioria das vezes, imigrantes vindos do Nordeste na tentativa de fugir da seca e nativos da região. Eles habitavam miseráveis cabanas, localizadas nas margens de rios. Todos os dias, andavam em quilômetros na mata adentro, a fim de extrair a seiva utilizada na produção da borracha. Por viverem isolados, esses trabalhadores acabavam sobrevivendo no limite da subsistência, vendendo para os seringalistas suas mercadorias. Os seringalistas era os proprietários de vastas áreas de florestas de onde o produto era extraído. Estes sim, acabavam prosperando e muito, principalmente através da venda de grandes lotes de borracha para o exterior.

Mas, apesar de tudo, não podermos dizer que a borracha foi uma alternativa para substituir o café na economia brasileira vigente no início do século, já que ele se caracteriza como uma espécie de surto da economia, que conheceu em aproximadamente 50 anos, seu início, seu apogeu e também sua decadência. Mesmo assim, a economia da borracha acabou por provocar uma séria questão na política externa, no ano de 1903, a chamada Questão do Acre, envolvendo a Bolívia e o Brasil. Em suma, isso aconteceu porque o Acre, território até então pertencente a Bolívia, foi invadido por trabalhadores brasileiros, liderados pelo gaúcho Plácido de Castro. Os bolivianos e os brasileiros acabaram assinando um acordo, conhecido como tratado de Petrópolis, que estabelecia que o Brasil anexaria o Acre ao seu território, e em troca, pagaria uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas para a Bolívia.

As lutas sociais – A revolta popular de 1904

Entre os anos de 1902 e 1906, o Brasil era governado pelo presidente Rodrigues Alves. Esse governo foi marcado, quando falamos na economia vigente, pela tranquilidade relativa que foi provocada pela assinatura do funding-loan, no ano de 1898, além da prosperidade causada pelo surto da borracha, que estava próximo do seu auge.

A cidade do Rio de Janeiro, a capital da República, foi reconstruída. Da velha cidade do Brasil colônia, que era composta por ruas estreitas, insalubres e atravancadas, surgiu uma capital moderna, inspirada em Paris e em seus planos de urbanização.

Estava na moda, edifícios construídos no melhor estilo eclético da Europa, e isso acabou tornando o Rio de Janeiro, uma moderna Paris tropical à beira-mar.

Mas, com a desculpa de dar passagem para a chegada do progresso, diversos contingentes de populares acabaram sendo expulsos de suas casas. Onde estavam cortiços, belos edifícios se ergueram, constituindo um cenário excelente para as elites. O povo acabou sobrando, vítima das medidas de combate à inflação iniciada pelo então ministro da Fazenda Joaquim Murtinho anos antes, que ainda estava em vigor. A tensão social no Rio de Janeiro era explosiva.

Nesse cenário, acabou iniciando-se o saneamento da cidade, planejado e executado pelo médico sanitário Oswaldo Cru. O Rio de Janeiro, tinha uma má fama no exterior, isso porque os habitantes eram atingidos pela peste bubônica, varíola e a malária.

Em outubro do ano de 1904, aprovou-se uma lei que tornou a vacinação contra a varíola obrigatória. Foi o que bastava para que a população se revoltasse, fato que ficou conhecido como Revolta da Vacina. Isso porque a população do Rio de Janeiro era muito ignorante e nada sabia sobre os efeitos da vacina, além de uma moral que rejeitava que as partes do corpo fossem expostas, como por exemplo, o ombro de senhoras, e agentes sanitários do governo, insuflada pelos últimos resquícios de uma oposição positivista e jacobina.

As avenidas e ruas elegantes acabaram sendo tomadas por assaltos. Ergueram-se barricadas e, durante uma semana, a capital da república foi o palco de combates violentos, até que as forças da polícia e do exército conseguiram reprimir os rebeldes.