Conquista do Rio Grande do Sul

História,

Conquista do Rio Grande do Sul

A região que atualmente integra o Rio Grande do Sul já integrava os mapas dos portugueses, perante a designação de Capitania d’El-Rei, desde o século XVI. A desgosto do Tratado de Tordesilhas, que decretava o término das terras portuguesas peto de Laguna, Portugal desejava ampliar os seus territórios até a foz do Rio da Prata.

No século XVII, bandeirantes do estado de São Paulo já transitavam pela região a procura de tesouros e para escravizar os indígenas. Nesse espírito, desconsiderando os acordos, em 17 de julho de 1676, por meio da Cara Régia, Portugal demarcou duas capitanias ao sul que, em grupo, se prolongavam de Laguna até o Rio da Prata dada a João Correia de Sá e ao Visconde de Asseca.

No dia 22 de novembro de 1676, o decreto papal Romani Pontificis Pastoralis Solicitudo veio consolidar os desejos portugueses, uma vez que ao conceber o bispado do Rio de Janeiro, definia como seus domínios desde o sertão e a costa da Capitania do Espírito Santo até o Rio da Prata. Logo depois, a coroa portuguesa começou a pensar seriamente em ocupar as terras do sul que, por elei, pertenciam aos espanhóis.

conquista do rio grande do sul

Primeira ocupação européia

Na região noroeste do estado, os jesuítas espanhóis, relacionados com a Província Jesuítica do Paraguai, estabeleceram desde 1626 diversas aldeias bem organizadas, com populações indígenas, as reduções, estabelecidas na parte noroeste perto do Rio Uruguai entrando por meio da depressão central até perto de Porto Alegre. Sete delas ficaram famosas como os Sete Povos das Missões, cujo inesperado progresso incorporava elegantes manifestações artísticas nos padrões europeus.

Os padres criaram uma civilização isolada dos conflitos que preocupavam o litoral, e deixaram diversos registros a respeito dos índios, sobre a fauna, geografia e flora da região, porém suas missões terminaram por serem limpas do mapa, e sua prestação para a história do estado português que se criou se baseou na inserção do gado, ao crescimento de tecnologias de pastoreio que posteriormente seriam usadas pelos portugueses, e a formação de uma mitologia especifica a respeito da cultura missionária, que atualmente vem ganhando grande prestigio na mensagem oficial.

Além disso, deixaram um inesperado patrimônio arquitetônico e escultórico, que se não fossem as depredações e pilhagens que acometeu a região no século XIX, muito mais conservado estaria registrando a gloria de suas igrejas e a elegância das aldeias.

Após a Guerra Guaranítica, Portugal resolveu se dedicar mais a capitania, que a esta altura já tinha mias de 7.000 habitantes, espalhados em aproximadamente 100 estações e poucos arraiais e povoados. Separou-a de Santa Catarina e a uniu diretamente a matriz carioca, designando um administrador civil ao invés de um comandante militar.

Em 1760, Dom Pedro de Cevallos, governador espanhol em Buenos Aires, começou a ordenar que os portugueses deixassem todas as áreas ocupadas ilegalmente. Frente à falta de resposta, em 1763, investiu e dominou Rio Grande do Sul, gerando a fuga dos populares e ordenando a transformação rápida da capital de Portugal para Viamão. A partir disso, a região portuguesa se concentrava a uma pequena faixa entre a costa e o vale do rio Jacuí. Em 1773 a capital foi deslocada de Viamão para Porto Alegre, por causa de sua condição geográfica privilegiada. No ano de 1776, a vila de Rio Grande foi recuperada.

O tratado de Santo Ildefonso, de 1777, outra vez restauraria os limites e definiria dessa vez, como domínio espanhol, tanto Sacramento como Sete Povos. No final do século já havia aproximadamente 500 estações em exercício.

A criação do gaúcho

Como a tranqüilidade de Santo Ildefonso aumentou o privilegio de sesmarias há aqueles que se evidenciaram na luta, e essa camada de militares, agora proprietários de terras, foi a criação da aristocracia gaúcha, estabelecendo o governo das estâncias como uma das essências econômicas da região, porém dando vantagem também a um grande numero de excesso de poder, que tinham sua explicação na existência de um conjunto que se testara a fogo e ferro, porém para quem o critério da justiça, humanidade e lei estava morto.

A vida na estância era inconstante de maneira geral. Apenas os senhores podem possuir algum esplendor em uma cada grande, que mais parecia uma fortaleza, com grades nas janelas e paredes grosas. Ao seu redor estavam as famílias livres e senzalas, que vinham a procura de segurança e recebiam uma arte de terra em troca de um acordo de fidelidade servil com o proprietário, fornecendo bens e alimentos manufaturados para o seu próprio sustento, porém principalmente para o patrão. A moradia desses empregados era uma concisa cabana de barro revestida de palha, privado de todo confronto.

O trabalhador da estância foi, dessa forma, um dos criadores da imagem prototípica do gaúcho, uma imagem que na realidade foi criada pelo entendimento regional do século XX, porém que atualmente é a inspiração de parcela considerável da cultura do estado e do seu pensamento de identidade.

Vários nomes foram atribuídos a essa população, dentre eles corambreros, faeneros, gaudérios, índios vagos, gaúchos e guascas. Viviam em grupo por conta própria, consumindo carne e bebendo aguardente e mate, vestido de um traje simples e adequado a vida incessante em cima de um cavalo, encarando dias de intenso frio, tendo de dormir, geralmente, a céu aberto.

No ano de 1803 sua quantidade alcançava os 4.000 habitantes, em uma população de 30 mil indivíduos.