O Iluminismo nas Américas

História,

O Iluminismo nas Américas

1) Iluminismo nas Américas serviu para reforçar valores burgueses

2) Apesar de buscar direitos iguais com a Independência, estados americanos excluíram escravos, índios e mulheres

• Depois da Revolução Francesa, o mundo nunca mais foi o mesmo. Só que ela não transformou apenas as estruturas políticas existentes na França, mas influenciou profundamente o pensamento social, político e cultural de toda a Europa ao questionar os valores feudais presentes no Antigo Regime.

• Os ideais do Iluminismo, fundamentais para que a Revolução ocorresse, propagavam o pensamento crítico, colocavam a razão e a coerência como as bases para a mudança de estrutura e defendiam os direitos naturais dos homens. No entanto, o Iluminismo chegou às Américas de forma reconfigurada. É claro que a busca pela liberdade, igualdade e fraternidade esteve presente no continente, mas não se deve pensar que os ideais iluministas americanos foram apenas uma cópia do pensamento estrangeiro.

Iluminismo nas Américas

• No contexto social, os iluministas consideravam que todas as pessoas eram iguais. As diferenças, contudo, provinham dos talentos e capacidades de cada indivíduo. Esse ideário se tornaria fundamental para que as lutas por autonomia ocorressem nas Américas e colocassem em xeque as condições coloniais que predominava sobre o continente.

• Para que a Revolução ocorresse de fato, na França, é importante entender que os europeus acataram os lemas iluministas através de uma ação burguesa que rompia com as características do regime feudal. Eles desejavam um mercado de livre concorrência e um Estado que colocasse toda a população sob as mesmas leis. Todavia, a tão sonhada igualdade não estaria totalmente presente nos novos governos, que decretaram medidas para bloquear a participação das camadas populares.

• Esse tipo de contraste estaria evidente na difusão dos ideais iluministas nas Américas. A experiência colonial no continente já denunciava a presença da exploração do trabalho e de elites já estruturadas. A contradição se mostraria quando os próprios membros dessas elites, ao perpassarem por mudanças que o capitalismo trazia, resolveram se apropriar dos símbolos de emancipação política. Assim, passam a defender a ideologia de liberdade, igualdade e fraternidade. O foco, no entanto, não era promover uma profunda transformação social em todas as estruturas de poder existentes nas Américas, mas reforçar o elo econômico com os países expoentes do capitalismo.

• A estrutura colonial ganha reforços no continente, pois há a elaboração de políticas econômicas que valorizavam a economia agroexportadora. Quanto aos centros urbanos, esses seriam responsáveis por fornecer os produtos industrializados. Vemos, nesse caso, que o Iluminismo nas Américas contribui para sustentar os projetos de ordem burguesa. No outro extremo, os camponeses e trabalhadores precisavam de melhores condições de trabalho e os ex-escravos sofriam com a exclusão social.

• Em 1783, foi assinado um documento que seria o estopim para a criação do primeiro Estado fundamentado no imaginário iluminista. O Tratado de Paris, acordo de paz firmado entre o Reino Unido e os Estados Unidos da América, colocava um fim na Guerra da Independência dos Estados Unidos. Na prática, o pacto seria importante para que as 13 colônias inglesas na região fossem separadas. Era o nascimento dos Estados Unidos da América (EUA).

• As principais motivações alegadas pelos revolucionários americanos para promoverem a Independência foram estas: despesas militares geradas pelos ingleses em território americano; elevada carga fiscal (imposto sobre o papel, chá, vidro, selo e chumbo), o fato de não serem representados, realmente, no Parlamento inglês e algumas Leis “Intoleráveis”, como a redução da autonomia, a limitação em relação à expansão pelo Oeste e o fechamento do porto.

• Através da Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, membros das treze colônias no continente assinaram o documento em que se estabelecia, unilateralmente, a independência perante a Inglaterra. A data era 4 de julho de 1776.

• Essa Declaração estabelecia a busca pela felicidade e o direito à liberdade. Para comprovar a contradição existente no iluminismo nas Américas, é preciso salientar que os valores acima não eram válidos, na prática, para toda a população.

• Os líderes da independência não estavam interessados nos mais de meio milhão de pessoas que permaneciam sob intenso regime escravo. Para exemplificar a situação, é possível citar um grande abolicionista e antiescravista da época, Thomas Jefferson, que apesar de se posicionar com essas teorias, era um dos muitos proprietários de escravos na região. A escravidão africana no país só seria abolida com a Guerra de Secessão, entre os anos de 1861 e 1865.

• Os índios do continente norte-americano também ficaram de fora dos direitos de felicidade e liberdade previstos pela Declaração de Independência. Diversas tribos foram massacradas ou expulsas das terras onde viviam durante o período colonial e isso perdurou após a Independência. Outros grupos tiveram suas culturas totalmente devastadas.

• Além de todos esses agravantes, as mulheres norte-americanas também não possuíam os direitos civis iguais aos homens. Naquele período, predominava-se a consideração de que a mulher era um “ser frágil”. Como consequência, deveria estar subordinada ao poder masculino.

• Em resumo, é possível dizer que o iluminismo nas Américas garantiu cidadania apenas aos homens brancos e adultos que integrassem a burguesia comercial ou industrial. Ou então que fossem grandes donos de escravos e fazendas.