Pintura Rupestre

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Pintura Rupestre

A Arte Rupestre foi a primeira forma de comunicação artística criada pelo ser humano. Ela era feita em paredes, tetos e outras superfícies rochosas, seja de cavernas ou não. Criadas no período Paleolítico Superior, é possível observar esses desenhos em cavernas e rochas de todos os continentes.

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Através desses desenhos, muitos estudiosos buscam compreender os costumes e comportamentos das populações humanas daquele período. Devido a esse caráter documental, alguns acadêmicos sugerem chamar as representações de “registros rupestres” ao invés de “arte”, dado à controvérsia sobre o significado desse termo.

Os desenhos tratavam basicamente do cotidiano dos habitantes locais. Eram representados muitos animais, plantas e pessoas. Há cenas de caráter mágico e ritualístico, e representações de símbolos, conceitos, crenças e valores. Além disso, há formas abstratas que, muito provavelmente, colaboram para uma narrativa relacionada a outros desenhos.

Dentro da Arte Rupestre, há duas ramificações: a Pintura Rupestre e a Gravura Rupestre. Essa última designa os trabalhos feitos através de incisões nas rochas. Já a Pintura Rupestre era a composição de desenhos com variadas pigmentações.
Entre os países que contêm os sítios arqueológicos mais famosos estão:

  • Arábia Saudita: Arte Rupestre na região de Há’il.
  • Argentina: Cueva de las Manos.
  • Brasil: Em todo o território.
  • Espanha: Caverna de Altamira e arte rupestre paleolítica do norte da Espanha.
  • França: Grutas Decoradas do Vale de Vézère; La Marche; Caverna de Chauvet; Caverna de Cosquer; Caverna de Pech Merle; Caverna de Los Trois-Frères.
  • Índia: Abrigos na Rocha de Bhimbetka.
  • Inglaterra: Creswell Crags.
  • Itália: Arte Rupestre de Val Carmonica.
  • Líbia: Tadrart Acasus.
  • Portugal: Em todo o território.

A descoberta da Pintura Rupestre

As primeiras pinturas foram encontradas há cerca de 150 anos na caverna de Altamira, na Espanha, por Marcelino Sanz de Sautuola. Na época, o darwinismo estava se tornando forte nos meios acadêmicos. Segundo a teoria proposta por Charles Darwin, a qual pressupõe a existência de uma evolução dos seres vivos, não seria possível que os humanos do Paleolítico Superior fizessem tais trabalhos artísticos.

Muitos cientistas, entre eles o historiador da Pré-História Émile Cartailhac, diziam que os desenhos eram forjados por homens modernos. Émile chegou a culpar os criacionistas (pessoas que acreditam na criação divina), ao afirmar que eles queriam ridicularizar Darwin. Mais tarde, quando as pesquisas comprovaram a veracidade da Pintura Rupestre, Émile se retratou pela acusação.

Pesquisadores afirmam que os desenhos provavelmente surgiram quando o Homem de Cro-Magnon se estabeleceu na Europa. Mas é importante lembrar que a pré-história europeia está relacionada ao material utilizado pelos homens antigos. Na América, esse desenvolvimento se deu mais lentamente. Por isso, o período conhecido como “pré-história” no continente americano vai até o momento da chega dos europeus, no final do século XV.

Em relação às idades de cada desenho, ainda é um desafio para a ciência calcular com precisão o período em que foram feitos. Isso porque a datação através de radiocarbono muitas vezes oferece resultados errôneos. Como a medição é feita através de substâncias materiais, é comum que resíduos de outras épocas influenciem no resultado. Estima-se que apenas 5% das cavernas datadas podem dar dados históricos com alguma confiabilidade.

Mesmo tendo sido considerado a princípio como fraude, a Arte Rupestre passou a ser vista pela academia no século XX como um corpo artístico original, dotado de capacidade intelectual, simbólica e artística tal como às artes recentes. O grande número de desenhos descobertos em vários continentes, cada um com estilos e belezas únicas, fizeram com que os pesquisadores passassem a ver as Artes Rupestres como um importante objeto de estudo.

Devido à dificuldade na datação, no início a Arte Rupestre foi estudada como um bloco. Ou seja, a temporalidade era deixada de lado, e os estudiosos procuravam extrair conhecimento apenas da análise das obras como um “todo”. Mais tarde, com o avanço da metodologia científica e da tecnologia, esse modo de ver as representações foi superado. O problema de tal ideia é que eram considerados vários povos, culturas e regiões como uma coisa só.

Temática das representações

Normalmente os desenhos representam grandes animais selvagens, como touros, cavalos, cervos e bisões. O ser humano também aparece com frequência, embora não apresente uma forma tão naturalista como a dos animais. Especialistas em arte afirmam que o motivo é porque o homem não se compreendia como um ser individual e à frente dos animais. Por isso as formas que o representam geralmente são toscas e opacas.

Era comum fazer pinturas com as palmas das mãos, como as representações da Cueva de las Manos, na Argentina, onde uma grande parte da rocha foi recheada com palmas humanas. Outras formas geométricas e abstratas eram utilizadas, e embora não sejam completamente compreendidas pelos cientistas, é provável que tivessem um significado importante para a comunidade.

Muitos afirmam que as pinturas apresentam um cunho mágico ou ritualístico, carregado fortemente de símbolos importantes aos homens da época, principalmente os relacionados à caça e a fertilidade.