Resumo do pré-modernismo: Lima Barreto (1881 – 1922) – Biografia

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Resumo do pré-modernismo: Lima Barreto (1881 – 1922) – Biografia

Nascido de pais pobres, mais instruídos, afilhado do Visconde de Outro Preto, Lima Barreto estudou no famoso colégio D. Pedro II, reduto dos filhos de homens ricos do Rio de Janeiro. No terceiro ano da Faculdade Politécnica, no ano de 1903, o pai enlouquece e cabe agora a Lima cuidar dele, além de sustentar seus três irmãos, a amante do pai, mais três outros filhos desta e também de um negro agregado da casa.

Concursado no Ministério da Guerra, passa a exercer o cargo de escriturário. Em seu Diário íntima, aparecem as contas do mês: aluguel, médicos, remédios e comida. Ultrapassavam em muito seu mirrado salario. Começava por defender, então, os ideais socialistas, e para espairecer, frequenta o Café Papagaio, um botequim. Vai tomando gosto pela bebida até se tornar um molambento mulato a vagar pelas ruas do Rio: sapatos em péssimo estado, terno amarrotado e sujo, chapéu esquisito davam-lhe um ar de criatura descontextualizada.

Lima Barreto (1881 – 1922)

Em 1911, irrompem as primeiras manifestações reais de uma espécie de compulsão aguda pelo álcool e, por consequência, alienação. No ano de 1914, é internado no primeiro dos tantos hospícios pelo qual passou.

Em 1918, aposentou-se como funcionário público, já que foi considerado inválido por disfunções emocionais, ou seja, um louco. Morreu no ano de 1922, com apenas 41 anos.

CONTEÚDO DESTE POST

Resumo das obras

‘Recordações do escrivão Isaías Caminha’ é o romance de estreia de Lima Barreto. Narrado em primeira pessoa, os críticos atribuem a esse romance um tom memorialista, ou seja, há muito da experiência pessoal do mulato Lima Barreto impregnando a obra: dificuldades do negro brasileiro para sobressair-se intelectualmente, os políticos corruptos, obtusos e os poderosos burocratas que jamais renuncia ao poder.

Isaías Caminha é um adolescente pobre, filho de uma negra e de um padre. Provinciano, seu sonho é estudar medicina do Rio de Janeiro, tido como um excelente aluno por D. Ester, a professora, sonha glórias futuras. A mãe entrega-lhe todas as economias, o tio Valentim, que tinha como profissão ser carteiro, leva-o até um cacique político local a fim de que consiga uma carta de recomendação para que, no Rio, procurasse auxilio com o doutor Castro, deputado influente.

Já na capital, os sonhos de adolescente vão murchando: há corrupção, indiferença, preconceito racial, oportunismos de toda a sorte. O doutor Castro não lhe dá a ajuda esperado. No hotel onde se hospedou, é acusado de furto, e assim, foi conduzido para uma delegacia. E o motivo é óbvio: ele era o único hóspede negro.

Começa a sua decadência. Vai para uma pensão barata, para um quarto dos fundos, passa fome, dá aulas particulares e entre em contato com Gregorivitch que acabará conduzindo-o à redação do jornal O Globo.

Mas, o jornal acaba lhe frustrando. Serve café de mesa em mesa, não podendo exercitar o que sabe, escrever o que havia aprendido. Observa que apenas os ricos podem ter seus nomes impressos no jornal, não importa o quão medíocre fossem. Embora soubesse melhor do que ninguém como escrever, sempre é rejeitado por ser negro.

Por buscar Loberant, o odioso dono do jornal, ao meio de uma orgia, numa casa de prostitutas, a fim de avisá-lo que Floc, o crítico do jornal, havia praticado suicídio, consegue o emprego de repórter: o diretor, acuado diante de Isaías, temendo a ser desmoralizado, concede-lhe, finalmente, o direito de ser um homem de bem.

Enjoado, prestará um concurso público, deixará o jornalismo e passará, já longe do Rio de Janeiro, a escrever suas memórias.

Já a obra ‘Triste fim de Policarpo Quaresma’, é o único livro do escritor que não discute o preconceito racial, mas leva a efeito uma discussão tão dolorosa como a primeira, o nacionalismo. Ora ridículo, ora sério, o major Policarpo é a simbologia do patético, do ser que acredita na Pátria e acabará por morrer por ela, devido à visão obtusa de seu governante, representado na figura grotesca e viciosa de Floriano Peixoto.

Crítica direta, contundente, sem idealizações, ‘Triste fim de Policarpo Quaresma’ traz um herói ao avesso, brasileiro como qualquer um de nós, mas que, por amar em demasia a pátria e acreditar nela, vai sendo gradativamente abandonado por todos aqueles que, em seu tempo de funcionário bem situado, cortejavam-no.

A primeira parte do livro, está dividida em 5 capítulos, onde o narrador mostra Policarpo Quaresma como um funcionário exemplar do Arsenal da Guerra, solteiro, pontual e que mora com irmã também solteira, sendo caracterizado como uma espécie de relógio da vizinhança. Na segunda parte do livro, encontra-se um major desiludido, amargurado, que parte em companhia da irmã para o campo. Acredita piamente que a reforma para um Brasil melhor passa pelo campo. Lá no Curuzu, combaterá pragas e plantará.

Na terceira e última parte do livro, formada também por cinco capítulos, se nota o objetivo a ser atingido que é a sátira aguda à política da Primeira República, ao florianismo.