Escritores do Romantismo: Castro Alves (1847 – 1871)

Literatura,

Escritores do Romantismo: Castro Alves (1847 – 1871)

Antônio Frederico de Castro Alves, conhecido apenas como Castro Alves, nasceu na fazenda de Cabaceiras, próximo de Cachoeira, na Bahia. Hoje a cidade leva seu nome. Filho de uma família muito rica, tinha pai médico, chamado de Dr. Antônio José, e mão inteligente e instruída, chamada de Clélia Brasília. Teve seis irmãos e, entre eles, José Antônio, o mais velho, nervoso e sensível, que acabou se suicidando e, a mais nova, Adelaide, a quem Castro Alves dedicou todo o seu amor, confiança e admiração.

Os pais mudaram-se para Salvador e o poeta foi estudar no Ginásio Baiano, que era dirigido por Abílio César Borges, uma vez que naquela escola tinham sido abolidos os castigos físicos e seus alunos eram mobilizados para o crescimento intelectual. Lá, teve como colega Rui Barbosa que, mais tarde, viria a ser o senador da República, ministro e ilustre pensador político brasileiro. É dessa época o início da veia poética do pequeno Cecéu, como era chamado entre os mais íntimos: dedica ao professor Abílio versos elogiativos sobre o trabalho educacional que este desempenhava.

Castro Alves (1847 – 1871)

No ano de 1862, Castro Alves foi para o Recife e passou a frequentar o curso preparatório, também conhecido como pré-vestibular, em companhia do irmão mais velho. Estavam ambos abalados com a morte da mãe, ocorrida três anos antes. O irmão começa a apresentar sintomas de grave depressão, o que o levaria à morte pouco tempo depois.

Castro Alves presta exames vestibulares, mas fica retido em Geometria. No ano seguinte, estuda arduamente, mas a par disso, envolve-se nas rodas boêmias, em noitadas de bebida e discussões literárias. Começa a ser conhecido por declamar bem versos grandiloquentes e expressivos e conhece Eugênia Infante de Câmara, uma atriz portuguesa muitos anos mais velha que ele e com quem passaria a morar tempos depois, em clima de paixão arrebatadora.

Em 1866, morre o pai do poeta. Vivendo com Eugênia, escrevendo versos elegantes e comoventes, era invariavelmente perseguido pela polícia por declamar versos abolicionistas e por participar ativamente da política republicana. Escreveu nessa ocasião a peça Gonzaga ou a Revolução de Minas, a fim de que sua amada, o pudesse protagonizar. Para o poeta, Recife havia se tornado pequena. Por isso, ele mudou-se para São Paulo em companhia da atriz. Lá, o clima da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a vida noturna e a boêmia acadêmica chamavam mais a atenção do autor.

Mas no caminho, foram encenando Gonzaga pelas capitais. Quando chegou em São Paulo, acabou sendo abandonado por Eugênia. E para espairecer, com um grupo de amigos, vai caçar nas proximidades do Bairro do Brás. Lá, num acidente com a espingarda que carregava, atinge o pé esquerdo com uma carga de pólvora e chumbo. Com o agravamento do ferimento, vai para o Rio, onde tem sua perna amputada.

Esta mutilado, solitário, por isso, resolve escrever para sua irmã Adelaide, já que contraiu tuberculose e queria ir embora para casa. É no navio que deixa as águas da Guanabara que o poeta começa a reunir e, por fim, editar seu mais conhecido livro, com o título de Espumas flutuantes, publicado um ano antes de sua morte, o único livro do poeta enquanto estava vivo.

Nunca mais aceitou ver ou receber notícias de Eugênia. Convalescente, uma hora estava na fazenda que foi de seus pais e lugar onde nasceu, e outra na casa de parentes em Salvador. Morreu no dia 6 de julho do ano de 1871, com apenas 24 anos mal completados.

Castro Alves é muitas vezes citado, apenas como hugoano, abolicionista ou condoreiro, palavras que designam a poesia social do autor. E sempre que nos referimos à sua produção poética, parece ter sido esta produção a que o distinguiu entre os demais, no entanto, é preciso observar que a vertente lírica, com temas lírico-amorosos ou lírico-eróticos também aparecem em sua obra.

Os temas da poética de Castro Alves

Os temas da poética de Castro Alves podem ser divididos das seguintes maneiras:

A. Poesia lírico-amorosa e lírico-erótica: a mulher acaba perdendo o status de ser inalcançável, divindade mágica, cheia de graça, para atingir o daquela que desperta sensações que vão desde o inefável, transcendente, até o sensual.

B. Poesia abolicionista: é através dela, em tom declamatório e grandiloquente, que o poeta faz a sua poesia de comício real, defendendo a causa mais importante de toda a sua obra: a abolição da escravatura.

C. Poesia sobre a grandiosidade da natureza: o mar, a amplidão dos céus, a imensidão, as vastidões da paisagem, as aves como símbolos da liberdade altaneira fazem deste tipo de poesia um de seus temas favoritos.

D. Poesia de cunho libertário: louva o homem livre de jugos, a república, o povo no poder, a nacionalidade.

E. Poesia sobre temas históricos, personagens importantes: da história do mundo, nosso poeta pinça os fatos importantes para a humanidade e torna-os poéticos, genuinamente humanos.