Neomodernismo – Poesia: Características e João Cabral de Melo Neto

Literatura,

Neomodernismo – Poesia: Características e João Cabral de Melo Neto

Neomodernismo

Como qualquer movimento literário, o Neomodernismo tem seu grande marco. Este foi o surgimento, em 1948, da revista Orfeu, em que o poeta Péricles Eugênio da Silva Ramos redigiu os princípios do movimento.

Segundo Silva Ramos, a verdadeira poesia é produzida com base na “elevação do vulgar”. Essa elevação é possível quando a temática é expressa de forma elaborada e dotada de sentimento. Em sua visão, o Modernismo original é uma aventura desprovida de disciplina.

Em razão dessa visão, o movimento resgata elementos do Parnasianismo na poesia, restaurando o rigor formal, ao mesmo tempo em que traz de volta a musicalidade do Simbolismo e incorpora a abordagem do Surrealismo.

De qualquer forma, o movimento alude ao Modernismo pela busca de uma temática genuinamente nacional. Além de Silva Ramos, destacam-se entre os neomodernistas: Ledo Ivo, Mauro Mota e Geir Campos.

Um traço do neomodernismo é a quase sistemática experiência renovadora do fazer poético, marcada pela superação das diretrizes vigente e o resgate de estéticas ora superadas. A poesia brasileira ainda seria marcada por novas experiências estéticas, essas absolutamente inovadoras, como é o caso do concretismo, que também viriam a ser criticadas, de modo que cada ir e vir da experiência artística estabelece uma nova pedra a ser incorporada ao fazer poético.

João Cabral de Melo Neto

O grande nome do neomodernismo é João Cabral de Melo Neto, que resgatou o poema como estética da dramaturgia no célebre “Morte e Vida Severina”.

O que se faz notar em sua obra, todavia, é o fato de Cabral ter elaborado uma estética única em sua poesia, traço percebido em raros momentos da literatura nacional, com Gregório de Matos Guerra e Augusto dos Anjos.

Assim como aqueles autores, Cabral é tão único que é possível identificar a sua arte em seus poemas mesmo que a ele não se faça referência.

Vida e morte

Nasceu em 1920 na cidade de Recife, filho de uma família tradicional, estudou com os irmãos maristas e passou a infância nos engenhos. Tornou-se diplomata em 1945, profissão que exerceu em Portugal e na Espanha.

Suas principais obras são: “Pedra do Sono”, “O Engenheiro”, Psicologia da Composição (1947), “O Cão sem Plumas”, “Morte e Vida Severina”, “Educação pela Pedra” e “Auto do Frade”.

A poesia de Cabral tem forte ênfase na metalinguagem, um traço típico do movimento neomodernista.