Resumo do Naturalismo

Literatura,

Resumo do Naturalismo

A arte não tem apenas uma função estética, não serve somente para ser bela, mas também para refletir muito da sociedade em que está sendo produzida. Em literatura, isso fica ainda mais claro! Os períodos literários, mais conhecidos como escolas, normalmente estão intimamente relacionados com o contexto no qual se desenvolvem.

No resumo do Naturalismo que você verá a seguir, vai ler um pouco mais sobre o conceito desse movimento, o que ele buscava, quais são as suas principais características e as obras que se destacaram aqui no Brasil.

Naturalismo

Resumo do Naturalismo – conceito, contexto e características

Embora o Naturalismo seja mais conhecido pela literatura, sendo visto como um movimento literário, ele também se manifestou na pintura e no teatro. Vamos analisá-lo de acordo com alguns exemplos de obras literárias publicadas, mas vale ressaltar que as características eram praticamente as mesmas em todas as artes.

O Naturalismo teve início na França, oficialmente no ano de 1870, como uma ramificação do Realismo de uma forma mais radical, podemos dizer. O livro que é considerado como marco inicial desse movimento artístico é “Germinal”, de Émile Zola. Essa obra é focada nas condições de vida degradantes dos trabalhadores franceses das minas de carvão do século XIX.

A base sobre a qual o Naturalismo se desenvolve é a observação fiel da realidade, sobretudo no que diz respeito ao comportamento do homem como ser humano, psicológico e social. O indivíduo é retratado praticamente como um animal, dominado por seus instintos. Devido a isso, o movimento abordava muito a violência, agressividade e o erotismo, sendo, portanto, um choque para a sociedade conservadora da época.

Lembra que dissemos no início que a arte reflete o contexto social em que está inserida? Com o Naturalismo, não foi diferente, ele coincide justamente com um período em que os estudos na área de Biologia, Psicologia e Sociologia eram uma grande tendência. É também no século XIX que começam a surgir novas concepções a respeito do ser humano e da vida. Tudo isso é claramente perceptível no romance naturalista.

As principais características desse movimento são as seguintes:

• Cientificismo marcante e, muitas vezes, exagerado, colocando o homem e a própria sociedade como um todo na posição de objetos passíveis de experimentação;

• O sexo começa a ser explorado na literatura como instinto humano;

• Linguagem extremamente simples, sem rebuscamento ou recursos que dessem margem a múltiplas interpretações. É direta, objetiva e que prioriza o coloquialismo;

• Temas polêmicos são retratados, como o adultério, homossexualidade, desejos sexuais, problemas sociais, miséria e outros;

• O ser humano é um produto do meio em que vive e das suas características biológicas. É o chamado Determinismo Social e Biológico, segundo o qual, uma pessoa é condicionada por esses fatores e não pode fugir disso;

• Influência do Evolucionismo de Darwin e do Positivismo de Comte;

• Descrições muito minuciosas das pessoas e dos ambientes;

• A denúncia de problemas sociais era uma forma de expressar o desejo de reformar a sociedade.

Resumo do Naturalismo – e no Brasil?

Aqui em nosso país, o movimento em questão chegou alguns anos depois. O marco inicial do nosso Naturalismo foi a publicação do livro O Mulato, de Aluísio Azevedo, no ano de 1881. Vale lembrar que aqui também o Naturalismo e o Realismo se desenvolveram juntos, e ainda dividiram espaço com o Parnasianismo, focado na beleza e na poesia.

Mas focando no Naturalismo, os escritores que fizeram parte dessa escola no Brasil buscaram retratar a realidade local, analisando a vida nos cortiços, a discriminação racial e outros problemas sociais que estavam “fervendo” na época. Embora esses fossem os panoramas gerais das obras, havia uma tendência em focar mais na alma do ser humano e em seu comportamento falho, por isso, é muito difícil encontrar livros que mencionem questões importantes do período, como a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República.

O livro O Mulato, primeiro romance naturalista brasileiro, fala sobre um relacionamento homossexual entre dos marinheiros, mas também sobre a traição e sobre as condições de vida e de trabalho precárias a que eram submetidos os trabalhadores do navio. A obra foi um choque.

Aluísio Azevedo tem outra publicação extremamente conhecida: O Cortiço, que se passa nesse tipo de habitação e mostra, de forma primorosa, como o meio era capaz de influenciar as pessoas que viviam nele. Muitos personagens vão se moldando no decorrer da história por causa da sua interação com o cortiço. Aliás, esse é um dos melhores livros para quem quer entender como pensavam os escritores naturalistas.

Além de Aluísio Azevedo, outros nomes brasileiros foram importantes para esse movimento: Adolfo Caminha, Inglês de Souza, Rodolfo Teófilo, Emília Bandeira de Melo, Carneiro Vilela, Manoel Arão, Júlio Ribeiro e outros.

Nesse pequeno resumo do Naturalismo, você já pode entender de forma prática qual é essa relação que se estabelece entre a arte e a sociedade, que mencionamos no início do texto.