Resumo do Simbolismo

Literatura,

Resumo do Simbolismo

A Literatura, tanto a nível nacional quanto internacional, é didaticamente subdivida em períodos, que são as escolas literárias. Em cada uma dessas escolas é possível identificar características em comum, seja em relação à linguagem ou aos temas que os escritores abordavam. Vale lembrar que essa é uma classificação feita apenas para fins acadêmicos! Nenhum autor, de maneira consciente, pensa em se encaixar em um determinado período. Esse tipo de estudo é feito muito tempo depois.

Vamos abordar agora um resumo do Simbolismo, que é justamente uma dessas escolas que teve expressão aqui no Brasil e que possui características muito peculiares e interessantes para serem estudadas.

Simbolismo

Resumo do simbolismo – panorama geral

Embora o nosso foco seja a literatura, a primeira coisa que precisamos ressaltar é que o Simbolismo foi um movimento que atingiu as artes como um todo, como o teatro e as artes plásticas, por exemplo, mas que também se configurou como escola literária. O seu período de vigência foi durante o século XIX, ele surgiu na França e fazia uma oposição clara ao Realismo e Naturalismo, escolas que o antecederam.

Vale lembrar que até aquele momento, ou seja, no Realismo e Naturalismo o cientificismo e o materialismo marcavam presença forte nas artes, afinal, faziam parte da realidade que a Europa estava vivenciando. A isso, os simbolistas se opunham intensamente.

Os artistas do movimento simbolista queriam fugir das descrições óbvias, certeiras e práticas que eram comuns no Realismo. Aliás, para eles, a sugestão deveria sempre predominar sobre a descrição, essa era uma das principais características. Vamos ver quais eram as outras:

• Presença forte do misticismo e da religiosidade. A busca pelo transcendental pode ser percebida em boa parte dos poemas simbolistas;

• Os temas imaginários e subjetivos também são relevantes. O eu-lírico vai se reportar frequentemente a assuntos que fazem parte de um universo particular, ao invés de focarem em temas de caráter social, por exemplo;

• Uso dos recursos literários como alternativa estética para trazer mais musicalidade aos versos: aliterações (repetição de uma consoante); assonâncias (repetição de uma vogal); rimas;

• As obras de arte (poemas, peças teatrais e quadros) são produzidas com base na intuição do artista, fugindo bastante do raciocínio lógico;

• Hermetismo: essa é uma característica muito comum nos versos simbolistas, que são herméticos, ou seja, “fechados” e de difícil compreensão. Não é o tipo de poema que lendo superficialmente uma vez só já se consegue extrair significados e interpretações. É preciso se aprofundar e se dedicar um pouco mais a eles;

• A morte e a decadência do ser humano também são assuntos muito perseguidos pelos simbolistas;

• A primeira pessoa é muito explorada na literatura simbolista, como não poderia deixar de ser. Como o eu-lírico não se preocupa (pelo menos, na maioria dos casos) em falar de temas relacionados a uma coletividade, o “eu” é o que mais vai aparecer, revelando um egocentrismo normalmente ligado ao pessimismo;

Os principais artistas desse movimento foram: Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, Paul Verlaine (todos da literatura internacional); Odilon Redon e Gustave Moreau (artes plásticas) e Maurice Maeterlinck e Gabriele d’Annunzio (teatro).

Resumo do Simbolismo – Brasil

No Brasil, o Simbolismo encontrou uma certa resistência por parte do público e até da crítica, porque os poetas do Parnasianismo eram “estrelas” naquele momento. Seus poemas agradavam muito e a proposta do Simbolismo eram completamente diferente, mesmo assim, conseguiu se firmar o suficiente para deixar um legado interessante.

Aqui o movimento teve início oficial em 1893, quando Cruz e Sousa (maior nome do Simbolismo brasileiro) lançou a obra “Missal” e depois “Broquéis”.

Cruz e Sousa era filho de escravos e, por conta disso, sofreu muito preconceito racial. Em seus poemas, muitas vezes é possível detectar uma obsessão pela cor branca, que é colocada como uma espécie de ícone de perfeição. Além disso, ele se preocupava muito com questões formais, como métrica e rima, apostava em uma linguagem extremamente rica e gostava de abordar temas misteriosos. Ele tinha um aspecto que contrastava um pouco com seus colegas de escola: várias vezes, voltava-se aos marginalizados em suas obras.

“Triunfo Supremo”, “Vida Obscura” e “Sorriso Interior” são obras conhecidas de Cruz e Sousa, embora tenha muitas outras além dessas.

Outro Simbolista que foi muito importante no cenário nacional é Alphonsus de Guimaraens que tem a melancolia como uma das principais marcas, além do misticismo. Em várias das suas obras, ele trata a morte da mulher amada, o que faz com que ele se aproxime dos ultrarromânticos, mas com uma tendência muito mais mórbida do que propriamente bela. Explora muito o macabro em seus versos.

Entre as principais obras de Alphonsus de Guimaraens podemos citar “Dona Mística”, “Pastoral aos crentes do amor e da morte” e “Câmara Ardente”.

Com esse pequeno resumo do Simbolismo, é possível notar claramente o contraponto que essa escola literária faz com o que veio antes dela, resgatando uma atmosfera mais espiritual em meio ao materialismo vigente.