Romantismo – A Prosa

No Brasil, o progresso da prosa romântica é simultâneo ao crescimento da imprensa brasileira, que foi inserida em 1808. Anterior a chegada da Corte ao Rio de Janeiro, Portugal não concordava com o crescimento e a inserção da imprensa aqui no país. A ação passou a ser ampliada apenas com a chegada da Corte portuguesa em solo brasileiro, em 1808, que impôs o progresso do povoado para responder ao seu estilo de vida.

Com o crescimento da imprensa, formou-se um público leitor que incentivou uma grande quantidade de divulgações em folhetins, molde que proporcionou o aparecimento e crescimento da prosa romântica, que, junto à poesia, criaram toda a formação literária romântica.

A Prosa

É interessante situar que, pelo caso do trabalho em prosa ter aparecido no Romantismo, à denominação romance é frequentemente vinculado ao movimento, diversas vezes sendo sinônimo de histórias românticas e folhetins. Contudo, nem todo romance do Romantismo é considerado romântico, pois o romance é somente uma expressão que indica um estilo literário narrativo em prosa que passou por várias separações ao decorrer do tempo, como o romance naturalista e o romance realista.

Principais Características

O romance romântico, até mais do que as poesias, queria atender e contestar as indagações a respeito da personalidade nacional. A prosa romântica tinha o objetivo de redescobrir o país, voltando a tona e reconhecendo todos os lugares que o constituíam, não só celebrando um aspecto nacional, como por exemplo, a poesia fazia.

Era freqüente o comparecimento do flashback, um regresso ao passado para esclarecer um acontecimento presente. O sentimentalismo era mais evidente, pois toda prosa romântica tem relatos de amor que tentam desfazer obstáculos, acabando na morte ou no casamento. Essa concepção de amor que desfaz obstáculos traz a superfície o pensamento de que o amor é uma maneira especial dos interpretes se regenerarem.

O combate relatado na prosa romântica também tinha a concepção de um herói, contudo, mesmo com a coragem, do aspecto idealista e da vontade de moral e justiça, esse herói está colocado no enredo do romance ao qual faz parte, com a capacidade de ser também uma heroína. A sensação dos interpretes e os embates desses são evidenciados na prosa e existe também um pensamento muito intenso de mal x bem, mentira x verdade, imoral x moral.

Tipos de romance

O movimento apresenta quatro modelos de romance: histórico, indianista, urbano e regional e era muito freqüente que os autores da prosa do tempo andassem entre os diversos modelos.

Romance histórico

O romance histórico carrega a imagem de hábitos de um período passado, sendo uma narrativa que diversas vezes mesclam realidade e ficção.

Ex: A Guerra dos Mascates e As Minas de Prata, os dois de José de Alencar.

Romance indianista

O romance indianista conduz para a superfície a cultura, vida, hábitos e crenças indígenas. O índio aparece como herói, retratando o Brasil e o seu povo, sendo heróico, corajoso, idealizado e forte. Existe um reconhecimento da natureza e o meio no qual acontece a narrativa referindo-se ao natural, a perspectiva brasileira.

Ex: O Guarani, Iracema e Ubijara, os três de José de Alencar.

É importante ressaltar que os romances indianistas também podem ser declarados históricos.

Romance urbano

Os romances urbanos são os mais recitados até atualmente. Em sua maioria, esse modelo no Romantismo relata um fato que normalmente acontecia nas altas sociedades, nas capitais. Atuava como análise aos hábitos, expondo a sociedade e as ambições dessa em certo período. As heroínas e heróis desse romance eram ou não integrantes dessa alta sociedade e precisam vencer diversos obstáculos para a realização e a felicidade do casamento e doa mor, da mesma forma que nos demais modelos de romances românticos.

Ex:

– José de Alencar: Diva, Lucíola, A Viuvinha e Senhora.

– Machado de Assis: Helena, Iaiá Garcia, A Mão e a Luva.

– Joaquim Manuel de Macedo: A Moreninha.

– Manuel Antônio de Almeida: Memórias de um Sargento de Milícias que aparece conduzindo para a superfície os hábitos da periferia, caminhando na contramão dos modelos de costuma da alta sociedade, algo incomum nesse modelo de romance.

Romance regionalista

Finalmente, o romance regionalista sucedido em meio rural, expondo valores, costumes e cultura própria de uma determinada região. Esse modelo de romance traz um grande entendimento do Brasil acerca de si mesmo, pois volta sua mira para locais diferentes no país, conduzindo de volta a sua abundância.

Nesse palco rural existe um herói do campo, sertanejo, um indivíduo que faz parte da sua terra e é a imagem desta. É honrado e bravo, amarrado a norma e aos costumes de seu meio, pondo-se adverso as nobrezas dos homens e da cidade de lá.

É importante destacar que não existe pressão social no romance romântico regionalista, sendo esse somente uma imagem regional de hábitos, sem censuras.

Ex:

– José de Alencar: Til, O Tronco de Ipê e O Gaúcho.

– Visconde de Taunay: Inocência

– Bernardo Guimarães: A Escrava Isaura