Autores do Nouveau Roman

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Autores do Nouveau Roman

Antes mesmo de discutirmos a respeito dos autores deste gênero literário, cabe entender o que foi o movimento “Nouveau Roman”, para tanto precisamos voltar alguns anos no tempo, vamos lá?

O que é o Nouveau Roman?

Nouveau Roman (Novo Romance) é uma expressão francesa que designa um movimento literário originário da França nos anos 1950. O estopim para este movimento foi a publicação de “Retrato de um Desconhecido”, obra da escritora Nathalie Sarraute.

Há indícios de que a expressão tenha sido utilizada pela primeira vez por Émile Henriot no Le Monde em 22 de maio de 1957.

Nouveau Roman

Jean Paul Sartre, filósofo francês, denominava esta nova corrente literária de “anti-romance”, e isto tem uma explicação. Entre as características do Nouveau Roman estão: negação do chamado romance psicológico, aliado a um tipo de alegação apaixonada de uma “anti-psicologia” durante a produção literária.

Para que você possa entender melhor, o romance psicológico nada mais é do que um gênero literário que tem nas escolhas e motivos íntimos do ser humano as explicações para seu comportamento. Portanto, pode-se afirmar que o Nouveau Roman ia contra todos os tipos de romances que já teriam sido descritos até meados de 1950.

Características

Todas as obras desse movimento traziam a figura humana descrita e, portanto, representada como um mero objeto, e nada mais. Além disso, como já descrito, essa corrente literária não se assemelhava em nada com os padrões românticos descritos até então.

Para diversos pesquisadores da área da Literatura os autores do Nouveau Roman criavam uma nova maneira de expressar o “anti-romantismo” a cada obra publicada. Em contrapartida ao “romance psicológico” toda narrativa e personagens tinham acontecimentos e ações baseados em detalhes mundanos, e não em sensações humanas. Por esta, e outras razões, diz-se que as produções do Nouveau Roman tinham teor mais introspectivo, como era o caso das obras de Stendhal e Flaubert, sendo assim, nada de histórias bem definidas com início, meio e fim.

Vamos aos autores

A lista de adeptos ao movimento é extensa, portanto, vamos identificando cada um por seu estilo e contribuição ao movimento:

Alain Robbe-Grillet, além de representante do Nouveau Roman também era um famoso teórico. Entre suas obras mais memoráveis estão uma coletânea de ensaios que debatem o futuro e a origem do romance propriamente dito, com o passar dos anos os textos de Alain foram condensados em um livro denominado “Pour um Nouveau Roman”. As principais características da obra desse artista residem na completa e total rejeição do romântico, além disso, Alain Robbe-Grillet descreve os pioneiros romancistas como anacrônicos e retrógrados em razão do enredo e a exacerbada dimensão humana dada aos personagens.

Uma das principais contribuições desse escritor foi a elaboração da “Teoria do Romance”, na qual o foco real da narração deveria estar sobre os objetos, e, além disso, os personagens deveriam estar propensos aos acontecimentos do mundo, e não, o mundo estar subordinado as escolhas destes.

Outros grandes nomes do movimento foram:

– Gérard Bessette com “La Bagarre” e “Les dires d’ Omer Marin”, além de muitas outras.

– Marguerite Duras escreveu, entre tantas obras: “O Amante”, “A Doença da Morte” e “Hiroshima Mon Amour”.

– Maurice Blanchot tem em seu currículo “Au Moment Voulu”, “Le Trés-haut”, “Aminadab” entre outras.

– Michel Butor presenteou o movimento com “Passage de Milan”, “L’Emploi Du Temps”, “La Modification” e “Degrés”.

Outros representantes ainda:

– Nathalie Sarraute já mencionada no início deste artigo, que entre tantas narrativas foi responsável por “Matereau” e “Vous les Entendez”.

– Philippe Sollers trouxe a público “O Parque” e “La Guerre Du Gout”.

– Julio Cortázar escreveu “Os Reis”, “Bestiário”, “Prosa do Observatório” e muitas outras.

– Claude Simon deu vida a “Le Palace” e “Femmes”.

Influências

Como é de se imaginar o Nouveau Roman não foi um movimento criado do dia para noite, antes mesmo de meados da década de 1950 grandes nomes da literatura já vinham trabalhando em correntes muito semelhantes. A título de curiosidade vamos citar Franz Kafka que demonstrou que o aspecto de determinadas personagens não eram assim tão essenciais, contribuindo de maneira decisiva para o Nouveau Roman.

Anterior a isso – cerca de 90 anos antes – Joris-Karl Huysmans disse que o romance nem sempre precisava estar personalizado. Pode-se citar ainda os autores da escola “Absurdista” que antes mesmo da expressão Nouveau Roman já debatiam a cerca do romance, seus personagens e personificações, cite-se ainda Sartre, Camus e Virginia Woolf como grandes contribuintes para o futuro movimento literário francês.

É importante ainda salientar que este gênero deixou grandiosas contribuições não apenas a Literatura, mas também a sétima arte, o cinema. Alain Robbe-Grillet, por exemplo, esteve envolvido em ações cinematográficas da “Rive Gauche “. Além disso, trabalhando junto com Alain Resnais – diretor de cinema – alcançou boa visão da crítica especializada com “Hiroshima Mon amour” em 1958.

Ademais, posteriormente, diversos escritores de Nouveau Roman tiveram a oportunidade de dirigir filmes de sua autoria.