Resumo Padre Antônio Vieira
Um homem de Deus, um visionário, um intelectual, um filósofo, defensor dos direitos humanos. Um verdadeiro revolucionário: este é Padre Antônio Vieira. Muito à frente de seu tempo, ele não era um mero religioso. Na verdade, Vieira foi um grande articulador político de seu tempo.
Defendendo o fim da escravidão indígena, ele foi hostilizado pelos portugueses, senhores de escravos, pois criticava as atrocidades cometidas por eles.
Foi preso pela Inquisição no ano de 1665, por conta de algumas de suas obras proféticas, tais como Quinta do Império e História do Futuro, consideradas heréticas.
Grande nome – quiçá o maior nome- da prosa barroca de língua portuguesa, Vieira compôs cerca de 200 sermões e 500 cartas e profecias.
Biografia
Nascido em 1608 na cidade de Lisboa, Padre Antônio Vieira chegou ao Brasil com sua família quando tinha aproximadamente seis anos de idade. Aos 15 anos, ingressou a Companhia de Jesus e, em 1626, formou-se noviço.
Estudou lógica, física, metafísica, economia e matemática e ensinou humanidades e retórica na cidade de Olinda. No ano de 1634, ordenaram-no como sacerdote na Bahia.
Aos 33 anos, voltou a Portugal numa comissão de apoio ao Rei D. João IV e atuou nas negociações da Guerra da Restauração e também auxiliou o rei na resolução dos conflitos contra a França, a Holanda e a Inglaterra. Em 1643, foi designado para negociar a reconquista das colônias.
Tinha como principais ideais retomar as colônias dos invasores holandeses, dando-lhes a província de Pernambuco como forma de reparo. Além disso, este Padre defendia a ideia de que os judeus, espalhados pela Europa, deveriam ser acolhidos em Portugal e protegidos contra a Inquisição. Em troca, deveriam colaborar, investindo nos empreendimentos portugueses.
O Império não cogitava a possibilidade de abrir mão de uma de suas províncias e os judeus eram hostilizados pelo povo, pois eram acusados de “tomar o lugar” dos portugueses em diversos cargos importantes.
As ideias de Vieira foram consideradas absurdas e ele retornou ao Brasil e se estabeleceu no estado do Maranhão, onde também não foi muito bem recebido, pois seus discursos contra a escravidão indígena não agradavam aos colonos. Logo, o padre foi obrigado a sair de lá.
Voltou para Lisboa e escreveu as profecias, merecendo destaque as obras Quinto do Império e História do Futuro. Esses escritos foram considerados heréticos e o padre foi preso pela Inquisição, no ano de 1667, na cidade de Coimbra, onde ficou por dois anos.
Depois disso, recebeu a anistia e viajou para Roma. Em 1681, voltou para a Bahia, onde morreu em 1697, aos 89 anos.
A Obra
Padre Antônio Vieira é, sem dúvida, o grande nome da prosa barroca de língua portuguesa.
Conhecido pelos sermões polêmicos, neles, criticava a exploração cometida pelos colonos, condenando os horrores aos quais expunham os índios.
Criticava também a influência do Protestantismo nas colônias, considerada, por ele, como “negativa”.
Padre Vieira escreveu em torno de 500 cartas e profecias, as quais reuniu no livro Chave dos Profetas, considerada seu grande “tesouro”.
Além disso, compôs 200 sermões. Dentre os mais famosos, estão o Sermão da Sexagésima (1655), que aborda a questão da pregação como arte e está dividido em dez partes.
Nessa obra, condena a pregação vazia do Evangelho, afirmando que a Palavra de Deus não cresce e nem dá frutos, é por culpa daqueles que a pregam, pois não o fazem como deveriam.
Temos ainda, o Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal e contra as de Holanda (1640), no qual o padre chama os fiéis para a luta contra a invasão dos holandeses. Nesse sermão, aborda a ideia de que a presença de protestantes seria prejudicial à colônia e que o povo deveria se unir e combater toda influência negativa.
O Sermão de Santo Antônio (1654), também conhecido como “Sermão dos peixes”, é um dos que figuram nos sermões de maior destaque de Vieira.
Ele utiliza os peixes como metáfora para criticar os colonos portugueses que se beneficiavam à custa da exploração do povo indígena. Fazendo uma alusão ao texto bíblico, para ele, os pregadores eram como o sal e a função desse elemento é impedir a corrupção. Ele questiona como pode um mundo ser tão corrupto, se existem vários homens desempenhando a função de sal.
Importância do conteúdo
Padre Antônio Vieira criticava textos com linguagem elaborada, de difícil compreensão e desprovidos de conteúdo.
Para ele, era importante que seu discurso fosse ouvido e compreendido pelos fieis, tendo como prioridade, a riqueza de informações e uma linguagem mais simples.
Os sermões elaborados pelo Padre começavam sempre com uma citação bíblica, a qual serviria de base para todo o discurso. Além disso, utilizava técnicas de oratória e argumentação, buscando sempre a antecipação aos questionamentos que poderiam ser feitos, sem deixar margens para réplicas.