Resumo sobre o militante Carlos Marighella

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Resumo sobre o militante Carlos Marighella

Carlos Marighella é um dos nomes mais conhecidos do período de guerrilha comunista no Brasil, durante o Regime Militar. Nascido em 1911, Marighella nasceu na Bahia e era filho de Maria Rita Nascimento e do imigrante italiano Augusto Marighella. Carlos Marighella morreu em 1969 e, na época, era considerado o inimigo número um do país, liderado por forças militares. Neste resumo sobre Carlos Marighella, trouxemos a vida e a luta de um dos maiores combatentes que o Brasil já teve.

Resumo sobre o militante Carlos Marighella

Figura controversa

Carlos Marighella viveu toda a sua infância até o começo da vida adulta na Bahia, onde estudou no hoje Colégio Central (na época, chamado de Ginásio da Bahia). Aos 18 anos – quando iniciou seu curso de Engenharia Civil na Escola Politécnica da Bahia, no ano de 1929 -, sua luta política e social começou no Partido Comunista. Marighella teve sua primeira prisão três anos depois, após escrever e divulgar um poema com críticas fortes a Juracy Magalhães, militar e político interventor da Bahia.

Em 1936, Marighella resolveu largar a faculdade de Engenharia Civil e ir para São Paulo, com o objetivo de reorganizar o Partido Comunista. Na época, o Partido estava com uma estrutura frágil e combalida, principalmente após os atos da Intentona Comunista, realizada em 1935 contra o Governo de Getúlio Vargas. Nesse ano de 1936, novamente o baiano Carlos Marighella foi preso, sendo liberado apenas no ano seguinte, por conta da anistia.

No entanto, sua liberdade não significou que ele estava livre das perseguições de inimigos ligados ao governo. No mesmo ano de 1937, Getúlio Vargas deu o golpe que originou o Estado Novo. A partir daí, o Partido Comunista se tornou clandestino. Em 1939, novamente Marighella foi preso pelas forças armadas e, dessa vez, levado para Fernando de Noronha. O baiano permaneceu no presídio por três anos, dividindo tarefas dentro da prisão, antes de ser transferido para Ilha Grande, no litoral fluminense, uma vez que o presídio em Fernando de Noronha se tornou base de apoio de operações militares.

Carlos Marighella era uma figura muito controversa, dividindo opiniões não só entre seus inimigos de direita, mas também entre a esquerda política, já que nem todos eram favoráveis as suas propostas políticas.

Em 1945, com o começo do período de redemocratização do País, Marighella foi eleito deputado federal pelo PCB. No entanto, o partido logo se viu em uma situação ilegal por causa da Guerra Fria e pelas mãos de Eurico Gaspar Dutra, militar e presidente do Brasil, a partir de 1946. No período do governo de Gaspar, Marighella e todos os comunistas foram perseguidos ferozmente, sendo que em 1948 os mandatos dos parlamentares comunistas eleitos foram totalmente caçados. Porém, Marighella seguia com sua luta e transmitia seus ideais na revista teórica Problemas. Além disso, em 1948, o baiano teve seu primeiro filho, batizado de Carlos, com Elza Sento Sé. O casal permaneceu junto a até o fim da vida e da luta de Marighella.

O combatente atuou por um grande período, entre 1949 e 1954, na área sindical do PCB, porém, suas ideias eram consideradas muito esquerdistas para a direção partidária. Diante disso, a classe operária realizou duas campanhas em 1953. A primeira greve geral ficou conhecida como a “Greve dos Cem Mil”, enquanto a outra foi a do “O petróleo é nosso”. No mesmo ano, Marighella foi à China, onde ficou por alguns anos para conhecer como operava o Comitê Comunista Chinês.

A partir de 1964, durante o regime militar, já era bem claro que Carlos Marighella era contrário aos ideais políticos e sociais do PCB na época, alegando que o partido estava incentivando a revolução burguesa. Foi então que o baiano resolveu cortar relações com o partido e seguir seu próprio caminho, adotando a teoria revolucionária de Che Guevara. Em 1967, fundou o Ação Libertadora Nacional (ALN), que se tornou a maior organização de guerrilha urbana no Brasil. A organização atuava, por exemplo, com ações extremas, como sequestros, emboscadas e assaltos.

Luta e morte

A Ação Libertadora Nacional (ALN) detinha teorias e discursos bem semelhantes com a esquerda revolucionária de toda América Latina na época. Sua maior visão era a criação de uma sociedade sem divisão de classes, inspirada nas ideologias marxista. Marighella divulgava suas ideias por meio de escritos panfletários sobre práticas de luta armada, além de críticas contundentes ao período político que o Brasil atravessava no período. O destaque era para o Manual do Guerrilheiro Urbano, conhecido pela esquerda de todo mundo e, até mesmo, por Jean-Paul Sartre.

No ano de 1968, a ALN atacou com diversas ações radicais, influenciando também o movimento estudantil. Porém, durante a ditadura brasileira, os grupos de ideais esquerdistas foram perseguidos e reprimidos com ainda mais força. Marighella era o principal alvo dos militares, que espalharam cartazes de procurado com o retrato do baiano em todo o país. Morto em 1969 ao cair em uma emboscada aplicada pelo sistema de repressão de São Paulo, Marighella trocou tiros com cerca de 30 policiais, comandados por Sérgio Fleury, após ter informações vazadas de suas estratégias e rotina por freis dominicanos que foram torturados para tal. A Ação Libertadora Nacional ainda resistiu por mais uns anos, até se extinguir em 1974.