Alho e Alicina: O que é e para que serve

Biologia,

Alho e Alicina: O que é e para que serve

Não há como negar: do arroz ao macarrão, refogado junto da cebola e do azeite, assado em cima das torradinhas que acompanham a sopa ou frito e crocante por sobre a pizza de mussarela, o alho é um item indispensável na cozinha e na mesa dos brasileiros, e sem o seu sabor tão característico a comida parece ficar ligeiramente sem graça. Muitos o recriminam pelo suposto mau hálito que ele causa após ser ingerido. Quer seja verdade, quer seja mito, no limite é o preço a se pagar por sua presença tão marcante e inconfundível no paladar de quem acabou de o ingerir.

Mas o que muitos não sabem é que, para além de seu caráter saboroso e intenso, o alho também possui importantes propriedades medicinais que podem e devem ser investigadas na hora de combinar a dieta de todo dia à preocupação com a saúde. Não, não é de seu suposto poder de afastar vampiros que estamos falando, mas sim da alicina, substância encontrada no alho que atua como um poderoso agente antiinflamatório e antibactericida.

Alho e Alicina

A alicina está presente basicamente naquele líquido amarelo que se desprende do alho quando o cortamos ou o esmagamos. É dela que vem o odor forte que muitas vezes fica impregnado nas mãos de quem o manipula ou nos objetos que com ela tiveram contato, como as facas e as tábuas de madeira. Também conhecida como di-propenyl tiosulfinato, a alicina possui um forte caráter antibiótico, uma vez que sua presença no alho deve-se ao intuito de livrar a planta das bactérias presentes no solo. Consigo e dentro do alho, a alicina carrega algumas vitaminas importantíssimas para o corpo humano, como a vitamina A, a B1, B2, C, além de uma série de outros minerais como o cálcio e o enxofre. É do enxofre, aliás, que são derivados a maior parte dos seus componentes que já foram isolados.

Utilização histórica

Desde o Egito Antigo, passando pela Grécia Clássica até os dias de hoje, o alho tem sido utilizado como um importante alimento no combate às infecções e inflamações, bem como na tentativa de manutenção da vitalidade e da energia. Existem alguns registros históricos que comentam inclusive casos em que um dente de alho era entregue a todos os soldados romanos antes das batalhas para que eles mantivessem sua energia vital em alta e para que seus corpos estivessem mais aptos a enfrentar os desafios da guerra.

Foi durante o século XIX, mais especificamente em 1852, que um dos grandes pesquisadores científicos da história da microbiologia e da bioquímica, Louis Pasteur, conseguiu desenvolver algumas pesquisas com o alho, alcançando algumas descobertas acerca de suas importantes propriedades medicinais. Não por acaso, mais de sessenta anos depois, durante a Primeira Guerra Mundial, o alho tornou-se largamente utilizado por médicos e enfermeiras da Cruz Vermelha na hora de fazer curativos nos pacientes. Isso porque suas propriedades antibactericidas e antiinflamatórias tornaram-se verdadeiras dádivas para livrar os soldados feridos das infecções tão recorrentes ocorridas nos ferimentos que lhes acometeram nos campos de batalha, ou mesmo em suas recuperações nos hospitais de guerra.

Propriedades curativas

Mas não para por ai. Quando ingerido, o alho também possui um importante papel no combate ao aumento da pressão arterial, além de auxiliar aqueles que precisam baixar suas taxas de colesterol. A alicina, que na realidade é o resultado do contato entre a aliina (aminoácido sulfurado imediatamente liberado pelo alho após o rompimento de suas paredes internas) e a enzima aliinase, também é capaz de reduzir o depósito de gordura nas células, tornando-se além de tudo uma importante aliada no combate à obesidade. Mas não também não é só isso: alguns estudos publicados de 1995 para cá, cujos focos de atenção são justamente as propriedades curativas do alho, elencaram ainda mais outras duas de suas características importantíssimas: o alho pode ser utilizado, com resultados garantidos, no combate à arterosclerose e à trombose.

Consumo adequado

Para garantir que o alho cause o impacto adequado ao organismo humano, devemos estabelecer um consumo determinado dele, de modo que seja possível atingir os índices ideais de sua presença em nosso corpo. O devido, de acordo com a maior parte dos estudos desenvolvidos acerca desse vegetal, seria ingerir uma quantidade que possa variar entre 600 e 900 mg por dia. Tal quantidade corresponde, por sua vez, a um dente de alho grande e cru, ou dois dentes pequenos.

O fato do alho estar cru ao ser ingerido também faz uma certa diferença na obtenção de suas propriedades benéficas. Isso porque o aquecimento do alho implica na desnaturação e consequente perda substancial da aliinase, a enzima que promove a quebra da allina. Se perdemos aliinase, o resultado disso é que obtemos pouca alicina após a ingestão do mesmo. Portanto, recomenda-se que o alho seja utilizado em nossa alimentação picado, fatiado, amassado até que seja obtida uma pasta ou curtido em azeite frio na preparação de molhos para saladas, peixes, carnes e aves.