Cardiomiopatia Periparto
A gestação é, sem sombra de dúvidas, uma das fases mais mágicas na vida das mulheres. O período, que exige bastante cuidado, também pode ser responsável por alguns sustos – como é o caso do desenvolvimento da cardiomiopatia periparto.
Cardiomiopatia periparto: causas e sintomas
A cardiomiopatia periparto, conhecida pelo apelido “CMPP” é uma rara doença que se manifesta no músculo do coração, levando o órgão à falência. A enfermidade, além de pouco comum, também é parcamente conhecida pela população.
A doença pode aparecer em um período bem específico: desde o mês que antecede o parto até o prazo máximo de 5 meses após (ou seja, na fase periparto ou no período puerpério). A doença afeta o ventrículo esquerdo da mulher e na grande maioria dos casos leva à insuficiência cardíaca.
Em uma gestação normal, mudanças no sistema cardiovascular são comuns: como frequência cardíaca elevada, aumento do fluxo de sangue da mãe (por conta do desenvolvimento do feto) e até mesmo maiores taxas de pressão arterial – já que é preciso acomodar o fluxo sanguíneo produzido em maiores quantidades. Porém, após o parto, tais níveis devem começar a voltar ao normal.
Quando a condição de cardiomiopatia periparto se manifesta, o que ocorre é uma inflamação no músculo do coração. O órgão dilata e acaba enfraquecendo, o que aumenta a pressão nas artérias e estimula a queda do fluxo sanguíneo.
O que pode explicar a doença é o fato de que, neste período, muitos são os hormônios femininos liberados – eles saem do útero em direção aos rins, aos pulmões, ao coração e até mesmo à circulação sanguínea. Alguma alteração inesperada neste procedimento pode afetar o funcionamento normal do órgão, levando-o à falência.
Ainda não se sabe quais são as causas para a manifestação da doença, que foi diagnosticada pela primeira vez em 1849. Porém, estudiosos da área definiram alguns ‘fatores de risco’ para o surgimento da cardiomiopatia periparto, sendo eles:
- Mães com idade avançada (geralmente, a partir dos 40 anos);
- Hereditariedade;
- Desenvolvimento da condição de hipertensão nas artérias durante a gestação;
- Multiparidade (ou seja, ter tido um ou mais partos anteriormente) ou multifetalidade (caracterizada pela gravidez de gêmeos, trigêmeos e assim por diante);
- Uso de medicação específica a fim de evitar partos prematuros;
- Deficiência no organismo de selênio (mineral);
- Baixa imunidade para a condição de gravidez;
- Distúrbios do tipo hormonais;
- Tocólise;
- Citocinas ativadas na gravidez por ansiedade, estresse ou outras condições emocionais.
Além disso, a condição também pode se manifestar em mulheres mais jovens, que estão em sua primeira gravidez.
A incidência da cardiomiopatia periparto, felizmente, é baixa. Ela ocorre com um a cada 1.300 ou 1 a cada 15.000 indivíduos, o que varia nas diferentes regiões do mapa mundial. Países como o Haiti, Togo e Etiópia (africanos) são os que registram as maiores taxas de incidência da rara doença.
O diagnóstico para a condição costuma ser impreciso, já que muitas vezes os sintomas da insuficiência cardíaca são similares a outros da gravidez. Entre eles, podemos destacar:
- Inchaço na região peitoral;
- Dificuldade de respiração mesmo quando a mulher está descansando;
- Cansaço cada vez maior – e mais frequente após esforços físicos;
- Chiados no peito;
- Tonteira e palpitações frequentes;
- Inchaço nas pernas.
Como é feito o diagnóstico e o tratamento da cardiomiopatia periparto
O diagnóstico da cardiomiopatia periparto é realizado levando-se em consideração as seguintes condições:
- Surgimento de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) nos últimos três meses da gravidez ou até seis meses após o parto;
- Exclusão de outros critérios que levem à insuficiência cardíaca, como é o caso de toxinas ou infecções;
- Total ausência prévia de cardiopatia.
Para auxiliar no diagnóstico da doença alguns exames que podem ser solicitados são: radiografia da região torácica, eletrocardiograma e ecocardiograma.
Além disso, manifestações clínicas como dispneia, dores (edemas) nas pernas, fadiga constante e dores na região peitoral também merecem atenção especial durante a gravidez e nos meses após o parto.
Há tratamento para a doença?
Felizmente, sim – sendo esta mais uma razão pela qual o diagnóstico precoce é tão importante.
Com tratamento adequado – sendo ele baseado em restrição na dieta, repouso e ingestão de medicamentos farmacêuticos – a gestante pode recuperar integralmente a função e o tamanho do órgão em no máximo seis meses após a manifestação dos primeiros sintomas.
Além disso, a mulher deve adotar uma atividade física para promover a melhora do sistema cardiovascular e a consequente perda de peso. O consumo de álcool ou fumo (especialmente o tabaco) deve ser 100% cortado. Se outra condição estiver associada à doença, como é o caso de anemia, deficiências do tipo nutricionais, diabetes mellitus ou tireoidopatias, é preciso tratá-las simultaneamente com a cardiomiopatia periparto.
Por fim, mulheres que já tiveram a doença são recomendadas a evitarem uma nova gravidez, já que os riscos para retorno da lesão cardiovascular são altos – o que poderia prejudicar não só a própria saúde como também a do bebê.