Cicatrização
Quem já teve algum machucado, pelo menos uma vez na vida, sabe o que é ficar esperando que ele cicatrize, não é mesmo? O processo de cicatrização faz parte do nosso cotidiano e se expressa nas mais diferentes situações, ou seja, desde uma queda que provoque um machucado até uma grande cirurgia.
E quem nunca ouviu o famoso ditado: “quando casar sara!”, normalmente dito pelos pais e avós quando crianças se machucam? A boa notícia é que não passa mesmo de um ditado, afinal, embora cicatrizar envolva um processo relativamente complexo, não demora tanto assim, a menos que você sofra um acidente dias antes de se casar!
É sempre interessante compreender melhor os mecanismos que fazem parte do nosso organismo. É por isso que agora você vai ver tudo sobre o processo de cicatrização e entender em detalhes como ele funciona e qual é a sua principal intenção. Acompanhe.
As etapas do processo
Falando de uma maneira bem básica e resumida, cicatrizar significa reparar um tecido que foi lesionado, substituindo por um novo e saudável. Embora seja comum associarmos essa ideia aos ferimentos que acontecem na pele (afinal, nesses casos, o processo todo acontece diante dos nosso olhos), também acontece com órgãos internos, quando sofrem algum tipo de lesão.
Veja agora como é possível subdividir em etapas:
1. Quando você faz um machucado que, no caso externo, ultrapassa a primeira camada de pele que tem entre 1 e 4 milímetros, provavelmente terá atingido alguns vasos sanguíneos que vão se romper e, por consequência, liberar sangue com glóbulos vermelhos e plaquetas.
2. As plaquetas tem como principal função promover a coagulação sanguínea, justamente para parar o sangramento. Acontece da seguinte forma: após machucado, o organismo imediatamente envia uma quantidade maior de plaquetas para a região afetada e elas, em conjunto, produzem a fibrina, que nada mais é do que uma proteína produzida apenas quando há um machucado. É como se as plaquetas se unissem para formar uma espécie de rede que estanca o sangramento, isso é a fibrina.
3. Durante aproximadamente três dias, são os glóbulos brancos que atuam na região do ferimento. Lembrando que eles são células de defesa, portanto, vão destruir possíveis agentes invasores que tenham entrado no organismo pelo corte. As bactérias são os mais comuns! Ainda dentro desses três dias é que costuma aparecer a famosa “casquinha” do machucado. Ela representa o sangue que foi coagulado pela ação das plaquetas e que, por estar em contato com o meio externo, sofreu um processo de ressecamento.
4. Logo depois que os glóbulos brancos terminam o seu trabalho, é a vez dos macrófagos. São células com propriedade de fagocitose, ou seja “engolem” possíveis invasores que ainda estejam por ali e também células mortas, destruindo-as. É uma verdadeira limpeza da região que sofreu o machucado, mas internamente, é claro. Durante esse período, o fluxo de sangue tende a aumentar e é por isso que o local fica mais avermelhado.
5. Esse fluxo de sangue traz várias células que dão continuidade ao processo de cicatrização, entre elas, destacam-se os fibroblastos. São eles que produzem o colágeno que, por sua vez, formam novas fibras que permitem a regeneração total do tecido danificado. É por isso que o machucado é fechado de fora para dentro, porque essas novas fibras que são produzidas vão se unir umas nas outras para fechá-lo.
6. De quinze a vinte dias depois do ferimento, é normal que o tecido já tenha sido totalmente renovado. Assim, no caso dos machucados externos, uma nova camada de pele estará lá, novinha em folha! Não dá para determinar o tempo exato que isso demora, porque vai depender do tipo do ferimento (e da profundidade dele) e também da reação do organismo de cada um. Em alguns casos, esse processo deixa uma marca visível: é a famosa cicatriz. O surgimento ou não dela também varia de acordo com a gravidade da situação e com o organismo da pessoa.
Fatores que interferem no processo
Descrevemos um esquema geral, que pode ter alterações de acordo com alguns elementos. Vamos ver quais são eles!
Fatores locais (relacionados com a ferida):
• Profundidade do corte;
• Grau de contaminação por agentes invasores;
• Presença ou não de hematomas, edemas e equimoses;
• Necrose do tecido atingido;
• Infecção no local;
• Problemas no suprimento de sangue;
• Em caso de cirurgia, a técnica que foi utilizada e também o material.
Fatores sistêmicos (relacionados com o indivíduo):
• Faixa etária;
• Uso de determinados medicamentos;
• Condição própria de coagulação (algumas pessoas têm problemas de coagulação sanguínea, nesse caso, um ferimento pequeno pode provocar uma hemorragia. Identificar esse problema é muito importante);
• Presença de doenças crônicas;
• Etnia;
• Estado nutricional.
Desse modo, percebemos que existem inúmeras variáveis envolvidas nesse mecanismo do organismo, é por isso que a cicatrização irá acontecer de forma diferente em cada pessoa e em cada situação.