Classificação e Problemas ligados ao Sistema Sanguíneo RH

Biologia,

Classificação e Problemas ligados ao Sistema Sanguíneo RH

Em 1940, dois pesquisadores, Karl Landsteiner e Wiener, fizeram alguns experimentos com o sangue de uma macaca do gênero Rhesus. Ao injetar o sangue deste macaco em outras cobaias, os pesquisadores notaram a produção de anticorpos para combater as hemácias da macaca introduzidas. Quando centrifugaram o sangue das cobaias, obtiveram um soro em que continham os anticorpos anti-Rh, que possuíam a capacidade de aglutinar as hemácias da macaca. A partir daí, denominaram que quem tivesse a presença desses antígenos seriam classificadas como Rh+, e sua ausência seria classificada como Rh-. O antígeno foi nomeado como Rh por conta do gênero da macaca, Rhesus, a primeira a comprovar a presença dos antígenos em alguns tipos sanguíneos.

Classificação do Fator Rh

Para determinar se a pessoa é Rh positiva ou Rh negativa, deve-se juntar uma gota do sangue da pessoa a uma solução de anticorpos Rh. Havendo aglutinação, a pessoa será considerada RH positiva, não havendo, ela será RH negativa. Cerca de 85% das pessoas caucasianas apresentam aglutinação na presença dos anticorpos, sendo Rh positivo.

Sistema Sanguíneo RH

O tipo de sangue é uma das características humanas que menos sofre alteração, desta forma, a intriga de alguns cientistas era de onde surgiu o Rh-, já que a lógica levaria à teoria de que, inicialmente, todo ser humano e suas formas primatas fossem do tipo sanguíneo Rh positivo. Acredita-se que este grupo sanguíneo tenha aparecido há cerca de 35.000 anos, e era um aspecto bastante regional e pontual. Inicialmente estava ligado a determinados grupos ou tribos. O norte da Espanha, assim como o sul da França, é onde existe a maior concentração de tipos sanguíneos com fator Rh negativo. Outro grupo cuja presença deste fator é bastante evidente é o dos judeus Orientais. Estima-se que, cerca de, 45% dos europeus façam parte do grupo Rh-, enquanto apenas 3% dos descendentes africanos e 1% dos asiáticos. Considerando a maior presença do Rh negativo no continente Europeu, deduz-se que foi onde este código genético foi introduzido.

A herança do fato RH envolve três pares de genes (RR, Rr e rr), sendo, então, casos de alelos múltiplos. O gene que determina a presença do Rh é o dominando R, enquanto o gene recessivo, r, determina a ausência do fator. Desta forma temos:

•          Rh+ : RR, Rr
•          Rh – : rr

Eritroblastose Fetal ou Doença Hemolítica

O fator Rh é capaz de provocar uma doença conhecida como eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido. Esta doença caracteriza-se pela destruição das hemácias do feto ou do recém-nascido. Durante a gravidez, mãe e filho trocam plasma através da placenta, devido à barreira hemato-placentária. Em alguns casos, pode acontecer acidentes vasculares na placenta, que deixará livre a passagem de hemácias do feto para a circulação materna. Sendo o feto, Rh+, suas hemácias provocarão a produção dos antígenos no sistema imune da mãe. A produção de anticorpos é bem lenta, por obedecer a uma série de eventos, desta forma, dificilmente atingirá o feto atual.

Já em uma segunda gestação, os anticorpos presentes no organismo materno poderão destruir as células sanguíneas do bebê, se ele também for Rh+. Os efeitos desta doença são bastante graves, partindo desde anemia e icterícia leves até uma deficiência mental, paralisia cerebral, surdez, edema generalizado, baço e fígado aumentados, ianemia grave, cterícia e morte.

É possível diagnosticar a doença através da tipagem sanguínea do pai e da mãe, e realizar o teste de Coomns, durante a gestação, que utilizará um anti-anticorpo humano para detectar se está acontecendo a produção de anticorpos pela mãe. Tendo consciência da situação, é possível tomar algumas providências para evitar futuras complicações. É possível realizar até mesmo uma transfusão sanguínea intra-útero, recebendo sangue Rh-, que, não possuindo hemácias com o fator Rh, não poderá ser reconhecido como corpos estranhos pelos anticorpos recebidos pela mãe, o que as levariam à destruição. Em aproximadamente 120 dias as hemácias já estarão substituídas pelas que forem produzidas pelo próprio indivíduo. O sangue do feto voltará a ser Rh+, mas o mesmo não correrá risco de sofrer os efeitos da doença.

Não havendo a possibilidade da transfusão intra-útero, que não é tão comum assim, o tratamento deve ser imediato ao nascimento do bebê. A primeira medida terapêutica é, então, realizar a transfusão sanguínea pelo Rh-, porque, desta, forma, suas hemácias não serão destruídas pelos anticorpos Rh que a mãe passou para o filho. O procedimento será o mesmo, e dentro de três meses as hemácias já terá sido substituídas. A necessidade da troca sanguínea se deve ao fato de que as hemácias com fator Rh+ da mãe estarão presentes por estes três meses no corpo do bebê.

Como medida de prevenção, após o nascimento da criança, a mulher deve tomar gamaglobulina injetável para destruição dos anticorpos produzidos que possam ter passado pela placenta antes ou durante o nascimento.