Compulsão Alimentar

Biologia,

Compulsão Alimentar

Uma dieta saudável é a base para uma vida plena, uma mente equilibrada e um corpo funcionando perfeitamente, já que é através da comida que consumimos nutrientes, vitaminas, minerais, fibras, calorias, glicose e tudo mais que precisamos para encarar o dia a dia e a correria da vida moderna. Além desses papeis funcionais, a comida também exerce importantes funções sociais em nossas vidas: ela reúne amigos, ela concentra famílias, ela fecha negócios e, principalmente, ela nos deixa feliz.

No entanto, viver no mundo contemporâneo é estar sobre constante pressão: para ter um corpo adequado aos padrões de beleza, para ter um emprego que possa proporcionar uma vida materialmente “plena”, para cumprir com maestria os mais diferentes papéis sociais que são impostos, dentre vários outros. Neste cenário, muitas pessoas revertem completamente o papel da comida, fazendo com que de protagonista boazinha ela passe à vilã malévola, e um perfeito exemplo dessa inversão de papéis pode ser encontrado na compulsão alimentar.

Compulsão

A condição

Antes de tudo, é necessário não confundir compulsão alimentar com outros distúrbios alimentares, como bulimia e anorexia: estas duas últimas podem ser ocasionadas pela compulsão alimentar, mas não é a mesma coisa. Dito isto, podemos prosseguir, a começar pela caracterização da condição.

A compulsão alimentar é uma condição que se caracteriza pelo consumo excessivo de alimentos de uma só vez, mesmo que o sujeito em questão esteja satisfeito ou sinta-se física e psicologicamente mal em comer tamanha quantidade de comida. Ao contrário de uma pessoa com bulimia, o sujeito que tem compulsão alimentar não vomita depois de ingerir os alimentos nem sente necessidade de praticar algum tipo de atividade física para queimar todas as calorias que consumiu. Durante os episódios de compulsão, a pessoa não tem controle nenhum, sentindo-se impotente perante os alimentos. Quem apresenta compulsão alimentar tem grandes chances de se tornar um obeso, o que além de problemas de autoestima, pode ocasionar em uma série de condições, como diabetes, colesterol, perde de mobilidade, problemas de articulações, etc.

Segundo estudos clínicos, para que o excesso no consumo de alimentos seja considerado e diagnosticado como compulsão alimentar, é necessário que o sujeito apresente episódios de compulsão que durem cercas de duas (2) horas ao menos duas vezes na semana, por um período igual ou maior que seis (6) meses.

A condição de compulsão alimentar pode ser desencadeada por diferentes fatores, sendo que cada caso deve ser estudado isoladamente para se chegar à causa do problema. Dentre as principais causas da compulsão alimentar estão tentativas frustradas de controle de peso (é muito comum que a compulsão alimentar se manifeste após a realização de dietas muito rígidas que não trouxeram resultados ou cujos resultados duraram por um curto período de tempo); problemas com autoimagem ou autoestima; problemas de origem emocional, notadamente a ansiedade e a depressão; e até mesmo devido ao estresse.

É importante atentar para o fato de que toda e qualquer pessoa está sujeita a apresentar compulsão alimentar, independente de gênero, classe econômica e idade. No entanto, a compulsão alimentar costuma ser mais frequente em jovens – devido às transformações físicas e psicológicas enfrentadas durante a adolescência e a necessidade por se “encaixar” – e mulheres, devido ao ideal de beleza quase incansável que nossa sociedade adota juntamente com a “objetificação” da mulher enquanto sujeito desejável. Para ter uma ideia, a compulsão alimentar é uma condição que atinge de 1 a 4% de toda a população, sendo que em obesos essa taxa sobe para entre 33 e 50%.

Dentre os principais sintomas da condição, destaca-se: tristeza e/ou culpa por comer demais, comer mais rápido que o normal, comer sem fome ou quando já está saciado (a) e comer em segredo. Um clínico geral, endocrinologista, psicólogo ou nutricionista são profissionais capacitados para realizarem o diagnóstico da condição.

Tratamento

Ainda hoje não há um tratamento específico para a compulsão alimentar. No entanto, isto não significa que os pacientes que apresentam a condição viverão toda vida com o problema, pelo contrário. O tratamento pode ser a combinação de diferentes métodos ou o emprego de somente um tipo, a ser definido de acordo com o paciente.

Por estar na maioria dos casos associados a problemas emocionais e psicológicos, é muito comum o emprego de terapias no tratamento da compulsão alimentar, tais como grupos de apoio, terapia cognitivo-comportamental, aconselhamento, dentre outros.

O uso de medicamentos não é uma regra e são utilizados somente em casos em que realmente não há outra opção, lembrando que os medicamentos incidem não sobre a condição em si, mas sobre as condições associadas, tal como ansiedade e depressão. Assim, são utilizados moderadores de apetite, que podem ou não ser combinados com antidepressivos ou ansiolíticos. O uso de qualquer medicamento deve ser determinado por profissional capacitado, especialmente aqueles que agem sobre o sistema nervoso.

Por fim, é muito importante que o sujeito que tenha compulsão alimentar pratique exercícios, uma forma de tratamento totalmente natural e que pode, a um só tempo, controlar a ansiedade e contribuir para aumentar a autoestima.