Fisioterapia

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Fisioterapia

O nosso corpo funciona como uma espécie de acumulador de informações prévias, resultado das experiências que vivenciamos, das ações que empreendemos, dos tipos de movimentos que fazemos etc… Por vezes é difícil compreender de que maneira que o nosso lado racional exerce influência sobre nossa fisiologia, tamanho é o impacto do aprendizado cinético exercido por nossa memória. Isso quer dizer que aprendemos os nossos movimentos por repetições, isto é, a grande responsável por aprendermos a andar, a correr, a segurar um copo, a tocar um instrumento musical ou a praticar um esporte é a nossa memória. Se você tentar relembrar, verá que não existe um momento exato em que seu corpo aprendeu cada uma dessas práticas.

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O antropólogo e sociólogo Marcel Mauss descreve tais aspectos de nossa fisiologia como “técnicas do corpo”. Para ele, é justamente essa nossa capacidade de aprender determinados movimentos e as particularidades no exercício do mover-se apresentadas por diferentes povos e etnias a grande prova de que todo mundo é capaz de fazer qualquer tipo de atividade física. Tudo seria, para Mauss, uma questão de treino, prática, disciplina corporal e lógica cultural.

Dessa forma, não é difícil compreender o processo que leva um bebê a engatinhar ou a começar a andar. Para o bebê, o desenvolvimento de tais atividades motoras está essencialmente ligado a uma combinação de suas capacidades e restrições físicas com as suas necessidades, isto é, locomover-se por meio de um espaço. A existência presente dessa necessidade em consonância com a repetição dos movimentos anteriormente aprendidos resulta em uma movimentação cada vez mais intuitiva, que, aos poucos, vai deixando de contemplar o aspecto racional da coisa para se tornar praticamente um gesto mecânico, uma resposta natural a qualquer estímulo que lhe seja dado.

Ao longo de nossa vida, entretanto, vamos praticando tais movimentos e, amortecidos pela rotina e pelo dia-a-dia, deixamos de prestar atenção na complexidade envolvida em cada um desses pequenos gestos. Ninguém dá a menor atenção para a maneira como segura a barra do metrô, o corredor da escada rolante ou para a distância entre cada passo que é dado quando entramos em uma aglomeração. Mas é certo que, se você dedicar qualquer tempo a contemplar tais ações, perceberá como existe uma sofisticação em cada movimento realizado espontaneamente, de modo que eles se adequem precisamente ao que exige a realidade ao nosso redor.

Entretanto, como qualquer atividade que exija do seu praticante uma prática incessante e recorrente para que ela seja cada vez mais aprimorada, a suspensão dessa prática faz com que o aprendizado corporal aos poucos se perca. E não é diferente, por sinal, o que acontece com vítimas de acidentes ou pessoas de mais idade que ficam imobilizadas por conta de condições determinadas que lhe afetam os movimentos.

Uma pessoa que tem seus membros engessados ou que passa por um longo período em estado de coma, por exemplo, muitas vezes precisa, tal qual um bebê, reaprender a lógica por trás de cada gesto, incluindo o fortalecimento do seus músculos, a noção da força necessária a ser empregada para que o gesto se efetue, a distância e o deslocamento exatos que devem ser feitos para tornar a ação passível de ser realizada. E, nesse caso, só existe uma prática capaz de devolver a esse paciente a plenitude sobre seus movimentos: a fisioterapia

Fundamentos da fisioterapia

A fisioterapia é uma vertente das ciências médicas que estuda as atividades cinéticas humanas e propõe práticas que envolvam a prevenção, o diagnóstico e a consequente cura de distúrbios motores decorrentes de problemas funcionais relacionados aos órgãos e aos sistemas humanos. Para que ela possa ser efetiva, faz-se necessário um entendimento pleno dos órgãos e sistemas que compõe o corpo humano, bem como das estruturas e funções de cada um dos membros que o compõe. A fisioterapia se desenvolve entre duas vertentes da compreensão da saúde humana: a biomecânica e a funcionalidade humana.

A fisioterapia é também a grande responsável por compreender quais são os impactos, em geral benéficos, da prática de recursos físicos como o movimento corporal, as irradiações e correntes eletromagnéticas, entre outras possibilidades decorrentes da aplicação de ultrassom e luz na resolução de alguns problemas de ordem motora. Recentemente, tem se tornado cada vez mais frequentes na fisioterapia a presença de práticas decorrentes das culturas orientais, em específico aquelas que nasceram da própria medicina oriental, muitas vezes indissociável de práticas de caráter mais religioso, como é o caso da Ioga e da meditação, que podem auxiliar enormemente na recuperação de qualquer paciente que tenha lesionado um membro e que, por conta disso, tenha perdido a mobilidade ou a capacidade de alongamento.

Entretanto, apesar dessa recente aliança entre a fisioterapia e as práticas da medicina oriental, o profissional que exerce a fisioterapia, o fisioterapeuta, deve possuir um diploma de formação universitária, uma vez que a prática não está dissociada da alopatia ou da chamada medicina ocidental.

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