Iridologia: os olhos como janela para corpo e alma
Dizem que os olhos são a janela da alma. Para a iridologia, eles são também a janela para o corpo: a partir da análise da íris, esses profissionais se dizem capazes de perceber disfuncionalidades em qualquer órgão do corpo humano. Como isso é possível?
O que se faz, basicamente, é associar cada órgão a uma parte específica da íris, montando algo próximo a um mapa. A partir desse mapeamento, o iridologista vai observar a presença de lacunas e buracos na íris do paciente e, de acordo com a região afetada, saberá qual órgão está com problemas – ou que poderá vir a ter um problema. Dependendo da cor e da profundidade da lacuna, é até mesmo possível saber a gravidade da doença e em qual estágio se encontra. Não há, porém, comprovação científica dessa técnica e, por isso, o iridologista deverá sempre encaminhar o paciente para um especialista no órgão que se mostrou afetado no exame da íris, para a realização de testes complementares que comprovem a presença de algum mal.
O desenho do mapa da íris a divide entre oitenta e noventa partes, cada uma relacionada à algum órgão ou região do corpo. A partir desse desenho, podem-se identificar os “órgãos de choque” – aqueles mais fracos e predispostos a adoecerem, o que dá à técnica da iridologia um caráter preventivo. Além de apontar possíveis problemas em órgãos, a iridologia também permite ver, segundo os seus praticantes, deficiências nutricionais e até mesmo questões comportamentais, como a introversão e padrões de relacionamento, se misturando ao campo da psicologia.
A lenda da coruja: o início da iridologia
Os primeiros escritos relacionando os olhos à saúde geral do corpo humano remontam à Grécia Antiga, à antiga medicina chinesa e à Alemanha dos anos 1600. Existe ainda uma lenda envolvendo o médico húngaro Ignatz von Peczely: diz-se que, quando ainda criança, Peczely brincava com uma coruja quando esta quebrou uma das pernas. Ele cuidou do animal e, ao longo do processo de cura, percebeu que a íris da coruja se alterava conforme ela melhorava. Ao se tornar médico, anos mais tarde, buscou associar alterações na íris de seus pacientes à evolução de suas doenças. Teria criado, assim, o primeiro mapa iridológico.
Lenda ou não, de lá para cá os estudos da iridologia têm avançado especialmente nos Estados Unidos, onde surgiram métodos específicos (Jenses e Ryald) e no Brasil, onde duas pesquisadoras, Priscila Esteves e Maria Olanda Pereira, juntaram os conhecimentos da prática alemã e chinesa e construíram um novo sistema de irisdiagnose. Até agora, porém, apesar da soma de esforços, nenhum estudo ou teoria conseguiu comprovar por métodos científicos confiáveis a funcionalidade da iridologia.
Por exemplo: um estudo de 1979 reuniu 143 pessoas, das quais 24 tinham doença renal leve, 24 possuíam doença renal em estágio avançado e o restante – 95 – eram pessoas saudáveis. Três iridologistas foram convidados a examinar esses pacientes e dar seus diagnósticos sobre qual doença portavam e qual seria a sua gravidade. Como resultado, surgiram diagnósticos em sua maioria equivocados, além de ter se percebido um grande desencontro entre os julgamentos de cada profissional da iridologia.
Ainda assim, a técnica reúne diversos praticantes e simpatizantes ao redor do mundo. No Brasil, por exemplo, existe o Instituto Brasileiro de Iridologia, fundado pelo químico Paulo Solano Hanke. O instituto realiza diversos cursos e eventos relativos ao tema, além de publicar livros e artigos e de disponibilizar materiais e links para estudos online, auxiliando os interessados em estudar o olho como janela para o corpo e a alma.
O corpo e a alma nos olhos: a visão holística
Como é um exame pouco invasivo, não há mal em utilizar a iridologia como prática medicinal complementar. Por seu caráter holístico – ou seja, com uma visão abrangente da saúde da pessoa –, é até positivo, em alguns casos, mesmo que não haja comprovação científica: a iridologia vai prezar a boa alimentação e hábitos saudáveis, físicos e emocionais o que, convenhamos, não podem trazer mal. No entanto, é importante estar sempre atento à função complementar da prática: é importante fazer exames mais aprofundados e consultar especialistas, caso se perceba algo errado no exame da íris. Até mesmo iridologistas concordariam com isso, afinal de contas, mesmo que a técnica possa revelar um problema no pâncreas, será incapaz de definir se se trata de um caso de hipoglicemia (falta de açúcar no sangue) ou hiperglicemia (excesso de açúcar, configurando a diabetes) e, obviamente, sendo um o contrário do outro, cada doença precisaria de cuidados bastante diferentes.
Por se caracterizar como uma prática holística, é comum também que, junto ao exame da íris do paciente, se faça uma série de perguntas a ele. O entendimento dos iridólogos é que o corpo está intrinsecamente ligado às questões emotivas e que um afeta o outro. Assim, é necessário conhecer o paciente para diagnosticá-lo da melhor forma possível. Pelo olho, essa janela que revela nosso interior, seria possível conhecer os males que nos afligem, em corpo e alma.