Cena inicial deste filme clássico foi gravada 99 vezes até ficar perfeita

“A Rede Social”, dirigido pelo meticuloso David Fincher, é uma obra emblemática que mergulha nos primórdios tumultuados do Facebook, refletindo o zeitgeist da era digital com um acurado senso de tempo e lugar. Disponível na Netflix, o filme narra a ascensão meteórica de Mark Zuckerberg (interpretado por Jesse Eisenberg), desde uma inspirada noite de outono em 2003 em Harvard até sua transformação no mais jovem bilionário da história com meio bilhão de amigos virtuais. Apesar de seus triunfos, Zuckerberg enfrenta várias complicações em sua vida profissional, uma narrativa que espelha os dilemas éticos do empreendedorismo na era digital.

David Fincher, reconhecido por seu perfeccionismo, levou essa característica ao extremo durante a produção. Um exemplo impressionante disso é a cena inicial, filmada 99 vezes. Esta cena ocorre em um pub chamado “O Estudante Sedento” e apresenta uma discussão carregada entre Zuckerberg e sua então namorada, Erica Albright (Rooney Mara). Este diálogo não apenas estabelece o tom do filme, mas também sublinha a insensibilidade percebida e o egoísmo de Zuckerberg, características que desempenham um papel central na história.

Interessante notar que, apesar de Harvard ser um cenário crucial na trama, o filme não foi rodado lá. Devido a uma política que proíbe filmagens no campus — uma consequência dos danos causados durante as gravações do filme “Love Story” em 1970 — as cenas de Harvard foram filmadas na Faculdade Wheelock em Boston.

Jesse Eisenberg, que interpretou Zuckerberg, trouxe uma camada adicional de autenticidade ao papel, incorporando suas próprias experiências com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Sua atuação não apenas reflete a ansiedade e as dificuldades de relacionamento de Zuckerberg, mas também foi reconhecida com uma nomeação ao Oscar de Melhor Ator. A performance de Eisenberg é notavelmente complementada por um elenco de apoio talentoso, incluindo Andrew Garfield como Eduardo Saverin, que oferece um contraponto emocional às vezes frias manobras de Zuckerberg.

Mark Zuckerberg, o verdadeiro, inicialmente disse que nunca assistiria ao filme, mas acabou assistindo com sua equipe. Ele reconheceu que, embora o filme contenha imprecisões, capturou com precisão seu guarda-roupa característico. Esta anedota reflete a complexa relação entre a representação cinematográfica e suas contrapartes da vida real.

“A Rede Social” não é apenas um retrato de um homem e sua criação monumental; é um exame incisivo dos meandros éticos e pessoais que frequentemente acompanham as inovações tecnológicas, marcando sua relevância não apenas como entretenimento, mas como um estudo de caso vital na intersecção de tecnologia, lei e sociedade.