Democracia grega x Democracia contemporânea

Filosofia,

Democracia grega x Democracia contemporânea

Ao realizar uma análise concisa e detalhada acerca dos legados gregos antigos, é notável que muitos são os artigos que ressaltam experiências positivas que, experimentadas há milhares de anos em Atenas, podem ter servido de base para estabelecer um regime político de caráter democrático.

A luta dos gregos para acabar com os privilégios aristocráticos, além da consolidação de um povo com direitos mais humanísticos e amplos, são alguns dos motivos capazes de criar a base para um governo grego democrático. Mesmo assim, não há nada que possa afirmar, com toda a certeza, de que a ideia de democracia dos gregos surgiu exatamente como aquela que conhecemos nos dias atuais.

O que é a democracia atual?

Por mais simples que pareça, definir à base de conceitos um regime democrático não é algo assim tão prático. Ao falar sobre o que é a democracia atual, geralmente entendemos a sua relação entre o povo “demo” e o governo “cracia”. Sendo assim, é como dizer que o governo é pertencente ao povo e vice-versa.

Democracia

Nesse sentido, o conceito de democracia atualmente ganhou a compreensão de que uma determinada sociedade tem total direito para participar do cenário político empregado em seu tempo, no seu país, estado ou cidade.

Mas, de uma forma mais sincera, as democracias contemporâneas apostam em um modelo pelo qual o governo tenta ampliar cada vez mais as políticas de direito ao voto, como uma tentativa de minimizar as outras restrições, impedindo de forma indireta a participação dos cidadãos nos feitos políticos daquele determinado ambiente.

Que tal considerarmos o Brasil como um exemplo?

Atualmente, em nosso território, a democracia que aqui se estabelece permite que os indivíduos com menos de 18 anos – ou acima de 70 anos – mantenham os seus direitos ao voto, ou seja, a possibilidade de exercer o seu direito único à cidadania.

Outro motivo que nos torna uma nação democrática é o livre arbítrio para tomar algumas decisões, como as de ordem religiosa, política, econômica, cultural e/ou étnica. Nós mesmos escolhemos quem serão nossos representantes na política, podemos escolher a religião que quisermos para crer e ainda temos o direito de praticar nossas tarefas cotidianas com base no que escolhemos para nossa vida.

Se formos levar o exemplo mais adiante, vamos perceber que até mesmo os analfabetos – pessoas não instruídas à leitura e escrita –, que há muito tempo, e ainda por muitas civilizações, são considerados ‘inaptos’, hoje também ganham espaço nas urnas.

E a democracia para os gregos?

Diferentemente do que podemos atribuir à democracia em nosso território, para os gregos, essas noções eram definidas – e digeridas – de outra maneira.

A condição de “ser um cidadão digno” era estabelecida por alguns preceitos que deixavam de fora uma grande parcela da população grega. Sendo assim, os escravos, os estrangeiros, as próprias mulheres e menores de 18 anos faziam parte desse grupo que não poderiam nem sequer opinar sobre as questões políticas daquele determinado período/momento. E vale lembrar que esse tipo de alternativa não estava relacionado com qualquer interesse de ordem política, mas sim, atrelada ao próprio comportamento da cultura dos povos de Atenas.

No que se refere ao conceito de democracia para os gregos, a diferença é bem grande como quando em comparação com o que a consideramos atualmente. Na concepção antiga desses povos, as mulheres não participavam das decisões políticas uma vez que eram “naturalmente inferiores”, algo que inevitavelmente já pertencia às mulheres.

Os escravos também eram ridicularizados e politicamente marginalizados, a medida de que não tinham o preparo, entendimento e a compreensão intelectual fundamental para que entendessem as atividades no setor político.

Por isso, a democracia grega difere muito do que conhecemos hoje como democracia contemporânea. Na verdade, é ainda possível relacionar que alguns valores instaurados em Atenas também eram presentes em outros modelos de regimes políticos, o que não é o caso da nossa democracia atual.

Para concluir a diferença entre a democracia dos gregos e a democracia contemporânea, vamos pontuar alguns fatos:

1. Em primeiro plano, vale o destaque de que a democracia grega considerava, de igual para igual, indivíduos do sexo masculino, preferencialmente proprietários de terras, de condições livres e em dia com as suas obrigações militares – que, a propósito, eram bem amplas.

2. Os indivíduos que atendessem a essas expectativas deveriam comparecer, em comícios, para opinar e discutir assuntos relacionados com as decisões do governo.

3. Hoje em dia, a democracia já não é mais direta, como ocorria na Grécia Antiga. Hoje, ela é representativa, uma vez que ninguém mais vai, pessoalmente, até o Congresso ou à Câmara dos Deputados para discutir algum assunto, não é mesmo?

4. Sendo assim, atualmente, o nosso regime implica na representação, já que investimos o poder em determinados candidatos, escolhendo e votando naqueles que acreditamos ter a capacidade de exercê-lo de acordo com os direitos dos cidadãos.