Nacionalismo

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Nacionalismo

Os termos nação e nacionalismo não são tão familiares, que não percebemos como são relativamente novos na história da humanidade. Por incrível que pareça nem sempre os seres humanos se agruparam em nações, nem se organizaram de maneira política em países ou estados nacionais.

Ordem e desordem

Os conflitos armados entre países, ou internos em alguns deles, não foram raros no século XX. No entanto, no momento em que a paz parecia ser a tendência geral, principalmente por causa do fim da Guerra Fria, entre tantas outras guerras, começaram a pipocar nos mais diversos países.

O que parecia uma desordem mundial, tinha um sentido de ser, suas causas não vinham simplesmente de uma desorganização generalizada das instituições políticas no mundo. Vinham sim de diversos elementos políticos, econômicos e culturais do passado, como a Guerra Fria ou Imperialismo que a antecedeu, ou do presente, como as crises econômicas do cenário neoliberal.

Nacionalismo o que é

O que é nacionalismo?

Na Grécia Antiga, sabemos que não havia países, mas sim cidades-estado. Por sua vez, sobre o Império Romano, como o próprio nome define bem, não se pode falar de um país ou de uma nação, mas sim de um império. O que define um império é o fato de um povo dominar vários outros através das guerras. No caso da Idade Média é ainda mais distante a ideia de nação, uma vez que uma das principais características deste longo período da história humana é, justamente, a fragmentação do poder político em feudos.

É apenas na Era Moderna, principalmente com a ascensão dos regimes absolutistas na Europa que vai começar a ganhar força a organização política baseada em nações e em países. Nesta época, a necessidade de centralização do poder, imposta pelo desenvolvimento do capitalismo, fez com que os estados-nacionais se formassem a partir da união de vários grupos humanos.

Normalmente se acha que uma nação é formada por pessoas que têm algumas características em comum e que, a partir disso, optam por viver ligadas através de um governo, formando assim um estado-nação.

Ao contrário disto, como podemos observar na história da formação das nações, quando se constituíram os governos centralizados, começaram a se criar, ou foram impostas, as características comuns que vão justificar a união das pessoas em estados nacionais.

Em países como a França ou a Alemanha, por exemplo, esta necessidade de unificação nacional levou os governos a forçar o uso de uma língua oficial entre o povo, o qual foi obrigado aos poucos a deixar de lado a sua própria língua, a qual aliás passou a ser denominada pejorativamente de dialeto. Da mesma forma, costumes, tradições e mesmo religiões, elementos que na teoria definiriam uma nação, foram impostos aos povos da Europa e de outros tantos lugares do mundo.

Sendo assim, a primeira coisa que fica clara ao falarmos de nações é que não foi uma regra que elas surgissem de maneira espontânea, muito pelo contrário. O melhor seria considerar que as nações surgiram como grupos de pessoas que passaram a se considerar como parte de uma mesma nação a partir da constituição e solidificação do estado nacional do qual faziam parte. Portanto, a nação é mais uma consequência que uma causa da distribuição dos povos do mundo em países diferentes.

A partir daí a organização política baseada na nação passou a ser disseminada por toda a Europa e em seguida pelo mundo. Os impérios do Leste Europeu e do Oriente Próximo começaram a entrar em decadência justamente pela ideia de que os povos dominados tinham o direito de seu auto-governar, já que tinham lá suas especificidades culturais (língua, religião e tradições), as quais passaram a ser usadas para marcar a diferença entre eles e seus dominadores.

A busca da afirmação nacional dos povos europeus e a consequente luta entre os estados, levaram à Primeira Guerra Mundial, marco do fim daqueles impérios. A fragmentação destes impérios levou a uma grande indefinição nas fronteiras da Europa, do Oriente Médio e da África.

Ao mesmo tempo, entre 1776 e a década de 70, a questão nacional serviu como suporte para que as colônias na América e na África se tornassem países independentes, com o mesmo argumento do auto-governo, ao qual teria direito qualquer nação. O problema é que nem todas as nações formadas neste período tinham as condições necessárias para impor a quase toda a população uma identidade nacional que evitasse o posterior aparecimento de tensões internas entre grupos, reivindicando novas divisões.