História Econômica da Região Norte

Geografia do Brasil,

História Econômica da Região Norte

A história econômica da Região Norte está intimamente ligada à Floresta Amazônica, cujas características, um complexo de florestas densas, rios e muita biodiversidade, determinaram o curso da ocupação da região e a mudança na forma como é vista do ponto de vista de sua importância econômica e estratégica, aspectos que se confundem em qualquer abordagem histórica, política ou econômica.

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Foram exatamente as características geográficas da região que praticamente a mantiveram fora do mapa econômico de Espanha e Portugal durante séculos. Tirando um ou outro ciclo econômico, não seria incorreto dizer que a Amazônia entrou de fato no mapa econômico brasileiro somente no século XX.

Ocupação e ciclos econômicos da região

Durante o período colonial, tanto português quanto espanhol, as características hostis do terreno sempre inibiram a ocupação da região pelo homem branco. O se viu foram algumas expedições, como a realizada por Vicent Pizarro, que acabou batizando a região de Santa Maria de la Mar Dulce, sendo iludido pelo Rio Amazonas, que pensou ser um mar, tal o seu volume e imensidão.

Ainda durante o século XVI, uma outra expedição espanhola, comandada por Francisco e Gonçalo Pizarro, ousou atravessar a região a partir das nascentes do Amazonas nos Andes. Acreditavam estar buscando o El Dorado, a lendária cidade do ouro.

Esse é um aspecto que não deixa de ser irônico, uma vez que os irmãos Pizarro estavam procurando uma cidade do ouro no meio do que hoje é um dos mais valiosos tesouros da humanidade, objeto de cobiça e ameaça permanente à integridade e soberania dos países cujo território é ocupado pela região amazônica.

O primeiro grande movimento econômico na região só veio a acontecer em meados do século XVIII, por ocasião da publicação do Tratado de Madrid, que delimitou as áreas portuguesa e espanhola daquela quinhão de terra, que levou Portugal a ali estabelecer a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, visando a exploração da droga do sertão, de modo a abastecer o mercado europeu.

Antes disso, os espanhóis, que não encontraram a cidade do ouro, acabaram encontrando algo valioso, o pau-brasil. Começou ali o extrativismo madeireiro e a extração de sementes. São dois episódios que contribuem para a ocupação ainda incipiente pelo homem branco, que levou aos habitantes nativos a a escravidão, a aculturação e o genocídio de inúmeras tribos.

O primeiro grande ciclo econômico, de fato, viria já no final do século XIX, que foi o ciclo da borracha. O alvo era o látex das seringueiras. O ciclo da borracha contribuiu também para o primeiro surto considerável de ocupação, sobretudo por nordestinos em fuga da seca.

O que aconteceu com o ciclo da borracha, já no início do século XX, foi o declínio, em consequência da pirataria inglesa. Haviam os ingleses contrabandeados para as suas colônias asiáticas algumas mudas de seringueiras, criando uma nova fonte da matéria prima e estabelecendo forte concorrência com o látex brasileiro.

No período entre as duas guerras mundiais, a demanda chegou a reaquecer, por conta da fabricação de pneus para a indústria automotiva norte-americana, mas não passou de um refluxo.

De herança daquele período, ficou a construção das ferrovias Madeira Mamoré e Belém-Bragança, o aumento do povoamento da região por nordestinos e imigrantes europeus e o crescimento das capitais Manaus (AM) e Belém (PA).

A segunda metade do século XX e os dias atuais

A Região Norte do Brasil entrou no mapa das políticas públicas apenas na segunda metade do século XX, a começar pela construção da rodovia Belém-Brasília, cuja conclusão se deu em 1958.

Na esteira dos projetos de extração mineral, particularmente o manganês, vieram os projetos desenvolvimentistas dos governos militares pós 64.

Apesar do caráter autoritário, não se pode negar que os militares pela primeira vez enxergaram a Região Norte e, particularmente, a Amazônia, como objetos de políticas estratégicas.

Foi durante os 20 anos de governos militares que surgiram a SUDAM (Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia), a SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de Manaus), o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o BASA (Banco da Amazônia), tudo isso com o objetivo de ocupar a região e explorar madeiras e minérios, além de fomentar a produção agrícola, através de doação de terra e financiamento a colonos.

Naquele período investiu-se na produção de energia, em obras estruturais e na expansão da malha rodoviária. Surgiram projetos minerais, como o Jari e o Carajás, as usinas hidrelétricas de Tucurui e Balbina.

Essa ocupação da Amazônia acabou levando a um impasse. Enquanto gerava infraestrutura, a região ampliava os conflitos, com degradação ambiental, desmatamento e ameaças à população nativa e à biodiversidade local, que é, na realidade, provavelmente, a maior riqueza da região na atualidade.

O grande desafio atual da região é conciliar a atividade econômica com a integridade da região, a ocupação com a vigilância, o presente como o futuro. Hoje, a pirataria não se dá somente com relação à extração de madeiras, mas de outros recursos naturais cujo valor econômico vem sendo descoberto pelas atuais gerações. A Amazônia é, hoje, um ativo estratégico, cujas preservação envolve políticas robustas de vigilância e defesa.