Resumo da desigualdade social no Brasil: Estrutura etária
Algumas características econômicas e sociais de um país podem ser observadas na estrutura etária de sua população. Para podermos fazer esta análise, devemos entender a pirâmide etária, que é o tipo de representação gráfica mais comum para as diferentes faixas de idade da população.
Na pirâmide etária a população aparece dividida em faixas de idade, geralmente de 5 em 5 anos. Cada uma dessas faixas tem seu valor correspondente, em quantidade de pessoas ou em porcentagem da população, que é expresso através do tamanho da barra que o representa no gráfico. Existem dois gráficos de barras, unidos em um, já que há o lado que representa a estrutura etária das mulheres e o que representa a dos homens.
Podemos dizer que uma pirâmide etária com base muito larga e ápice muito fino, representa a população de um país com graves problemas sociais, os quais levam às altas taxas de natalidade e mortalidade. Já os países mais desenvolvidos possuem uma pirâmide que representa uma população mais bem distribuída entre as faixas etárias, commenor taxa de natalidade e de mortalidade, onde os nascimentos são controlados, por causa dos custos de se criar os filhos nas cidades, e as mortes diminuem com o avanço da medicina e dos programas de saúde.
Observando a pirâmide etária de um país podemos imaginar ainda, alguns problemas com relação ao sustento desta população. Por exemplo, em um país que tenha a base da pirâmide bem mais larga que o miolo, ou seja, numa população onde os jovens são muito mais numerosos que os adultos, o sustento deste grande número de jovens, que geralmente está fora da faixa da população ativa, torna-se difícil. Por outro lado, se o ápice for largo, o que representa um grande número de velhos, haverá o mesmo problema: como uma minoria de adultos pode sustentar uma maioria de jovens e de idosos. Este sustento não se dá somente de forma direta, mas ocorre através da construção de hospitais e de escolas, através da previdência e do sistema de saúde pública.
Enquanto diversos países ainda possuem problemas com o grande número de jovens, outros, os mais desenvolvidos têm a sua frente o problema da previdência para sustentar os mais velhos, que não têm condições de trabalhar e têm o direito de aposentadoria após décadas de trabalho. No caso do Brasil, a estrutura etária está se transformando, passando de jovem a madura. Esta transformação vem colaborando com o problema da previdência social. Mesmo sabendo que existem outros problemas envolvidos, como o desvio de verbas públicas, o envelhecimento da população brasileira vem aprofundando as dificuldades que nosso sistema previdenciário tem em sustentar seus pensionistas e aposentados de maneira digna.
Estrutura étnica
O antropólogo Darci Ribeiro, fala em uma de suas obras sobre a formação de nosso povo, a partir de três matrizes étnicas: os índios, os brancos e os negros. Sendo os primeiros, os habitantes originais e legítimos dessa terra, os segundos aquele que aqui vieram e conquistaram a terra e as pessoas que nela se encontravam, transformando a cultura, a economia, a política e o espaço e, por último, mas não com menos importância, os negros, que para cá foram trazidos como escravos dos europeus para ajudá-los em suas conquistas e em seu enriquecimento.
Quando os portugueses chegaram no Brasil, no ano de 1500, calcula-se que havia cerca de 5 milhões de índios, desde então entraram no país por volta de 6 milhões de negros e no máximo 4 milhões de brancos, considerando-se o saldo entre os brancos que vieram para cá e aqueles que voltaram para a Europa. Os índios e os negros, mesmo considerando-se etnocídio e os maus tratos, têm grande peso na formação do povo brasileiro.
Na verdade, os dados sobre as etnias da população brasileira são muito duvidosos. Primeiramente, como podemos ver no próprio título dos gráficos, a pesquisa é feita pela cor da pele e não pela etnia, somando-se a isso o preconceito com pessoas que não são brancas, ocorre uma preferência em se declarar branco a pardo ou negro. Uma pessoa que é morena clara pode muito bem se dizer branca ao invés de parda ou descendente de negros ou índios.
Porém, as diferenças regionais realmente existem em nosso país. No Nordeste, primeira região a ser colonizada e local da cultura da cana de açúcar, com mão de obra escrava, há um predomínio dos pardos, que são geralmente descendentes de negros e brancos, ou seja, mulatos.
Já no Norte, onde a ocupação territorial tardou a chegar vemos o mesmo fenômeno de preponderância parda, no entanto, o caso aí é outro, esta miscigenação carrega uma forte influência indígena, em mamelucos ou caboclos (brancos e índios) e cafuzos (negros e índios).
No caso do Sudeste, apesar de termos uma grande concentração de negros, criada também pela mão de obra escrava, há uma predominância de brancos, já que grande parte deste território foi ocupado por grupos de imigrantes europeus, que vieram trabalhar na cultura do café, após o término da escravidão.
O Sul do Brasil é constituído de grande parte de população branca, pois, praticamente não conheceu o fenômeno da escravidão e nem atraiu correntes migratórias internas após a sua ocupação por parte de migrantes europeus, que receberam pequenas propriedades para ocupar aquela parcela do território nacional.