Algodão colorido

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Algodão colorido

De símbolo regional para o turismo até status de luxo em feiras internacionais, o algodão colorido tem conquistado o mercado nacional e internacional, com suas cores naturais, sem tingimento. A partir da experiência dos pesquisadores, foram lançados os algodões BRS 200 marrom, BRS verde, BRS rubi, BRS safira e BRS topázio. Dessa forma, os cultivadores conseguiram um melhor preço do mercado e ainda conseguem um produto que não agrida a natureza.

Algodão colorido

Cultivo de Algodão Colorido

Os tipos de algodão coloridos possuem ciclos de 140 a 150 dias em média. Vão até 110 cm e tem florescimento em 50 a 55 dias. As fibras coloridas não devem ficar muito expostas ao sol e devem ser colhidas logo quando florescerem, para não ficar com as cores desbotadas.

Mesmo sendo tão antigo quanto o algodão branco, para que se pudesse chegar aos coloridos com ótima qualidade e intensidade de cores, os cientistas fizeram o cruzamento de cultivo da fibra branca da melhor qualidade, com outros tipos de algodão silvestre encontrados na natureza e que já tinham fibras coloridas. Dessa forma, os cientistas conseguiram as espécies BRS marrom, verde, safira, rubi e topázio. A BRS Rubi e BRS Safira foram as primeiras com cores diferentes a serem cultivadas no Brasil.

Tudo começou com a coleta de vários tipos de sementes de algodão silvestre, nacionais e importadas, para que fosse feito um melhoramento genético. Essas sementes estão guardadas no Banco de Germoplasma e são usadas para incentivar o plantio entre os produtores rurais. Os cientistas fizeram então um cruzamento entre o material genético desse tipo de algodão para incluir o do branco. A produção média de cada coloração é de 1.900 kg/ha anual.

Como não passa pelos processos químicos de tingimento e branqueamento, é perfeito para quem tem alergia aos compostos utilizados. Por não passar pelo processo têxtil convencional, consegue economizar cerca de 87% de água durante a produção. O produto ainda é plantado sem fertilizantes químicos, de forma orgânica, o que aumenta sua valorização no mercado. Essa medida foi tomada para que o algodão realmente pudesse chegar ao mercado com o máximo de pureza e qualidade.

São proibidas a utilização de qualquer espécie de produto químico, incluindo adubos, inseticidas, herbicidas, fungicidas e outros poluentes de água e solo. Para isso, os algodões coloridos são cultivados com adubos naturais feitos com estercos, pó de rocha e outros. Para combater os insetos, é utilizado extratos vegetais e técnicas de cultivo de outros alimentos que atraem naturalmente os bichos. Já o bicudo-do-algodoeiro, que é uma praga do algodão difícil de ser combatida, sobretudo na região semiárida, o combate é feito com cuidado. Os agricultores precisam recolher cada botão de algodão infectado pelo bicho e destruí-lo.

Mesmo bastante trabalhoso, essa é uma forma de não contaminar a plantação com algum tipo de agrotóxico. Dessa forma, o algodão colorido acaba sendo plantado com outras culturas tradicionais, como milho e feijão, servido de sustento das famílias da região.

Por ser um produto natural e com menos custos que o algodão convencional, acaba sendo um ótimo investimento para o agricultor, já que gasta menos e é mais valorizado no mercado. Os pequenos agricultores, principalmente, podem lucrar ainda mais com o produto, que custa em média 30% a mais que o branco.

Apesar de todas as vantagens, o impacto na economia nordestina, principalmente na Paraíba, ainda é bem pouco expressivo. Mas a procura só vem aumentando e os trabalhadores rurais precisam se equilibrar com a escassez de água para plantação e a experiência da sustentabilidade para fazer o negócio crescer.

A união entre os agricultores é fundamental para manter o ciclo de cultivo do algodão e do combate a praga. Muitas plantações são criadas com um mutirão de trabalhadores a área comunitária.

O Algodão e a Moda

Essa variedade de algodão é tão antiga, que já foi encontrada em escavações no Peru e no Paquistão, de mais de 4500 anos. Seu maior problema sobre sua estrutura é que a fibra é mais curta e fraca, comparada ao algodão branco. Mas os cientistas estão encontrando formas de alongar suas fibras e torná-las mais resistentes, para que possa servir a indústria.

Mesmo criando peças artesanais, o algodão colorido já está sendo vendido para a França, Itália, Espanha, Alemanha, Japão, Estados Unidos e outros países da Escandinávia, grandes mercados da moda no mundo. Considerado o luxo sustentável, as peças de algodão colorido saíram das feiras de ecologia e sustentabilidade para ganhar os principais palcos de desfiles, através de grifes famosas.

Principal polo de cultivo do algodão colorido no Nordeste, a Paraíba incentiva o artesanato local e a fabricação de modelos exclusivos, que acabam servindo como vitrine para o grande comércio. Todos se impressionam com a intensidade e variedade de tons que esse tipo de algodão pode proporcionar. As cores neutras possuem uma vivacidade tão interessante, que parecem realçadas por meios artificiais, o que não é verdade.

O algodão colorido pode ser utilizado em peças infantis, roupas de cama e banho, camisetas, meias e uma variedade de roupas e tecidos coloridos naturalmente e sem química.