As modalidades de energia: Sistema elétrico brasileiro

Geografia,

As modalidades de energia: Sistema elétrico brasileiro

A geração da energia elétrica no Brasil iniciou-se em fins do século XIX. Nesta época, o modelo econômico e as demais características de nossa sociedade não demandavam uma produção em massa de energia elétrica. As centrais produtoras foram aparecendo isoladamente, nas proximidades de grandes cidades que representavam bons mercados, já que de início as hidrelétricas e termoelétricas eram privadas.

A intensificação da industrialização e da urbanização a partir da década de 50, fez com que a situação do setor elétrico se transformasse. Era preciso realizar uma rápida expansão da produção, o que só foi possível graças à centralização de todo o sistema nas mãos do governo. Esta necessidade de centralização estava ligada à opção pela energia hidrelétrica.

Sistema elétrico brasileiro

Em primeiro lugar porque os custos de implantação de hidrelétricas são altos e o retorno financeiro por tais investimentos demorado. Para se ter uma ideia, enquanto a construção de uma hidrelétrica de médio porte leva cerca de 7 anos, uma termelétrica pode ser construída em dois anos. O problema é que enquanto está última gera uma energia cara, entre 30 e 50 dólares, o mWh, as hidrelétricas podem produzir o mesmo mWh por cerca de 6 dólares.

O segundo elemento que tornava necessária a centralização do sistema elétrico nas mãos do Estado é de caráter puramente técnico e geográfico. Ou seja, ao contrário das termoelétricas, a usina hidrelétrica não tem muita flexibilidade de localização, é necessário que ela seja construída em determinadas áreas de determinados rios, pontos que nem sempre estão distribuídos no território de acordo com as necessidades de consumo e suas variações. Por isso não é possível construir uma hidrelétrica para cada região, de modo que elas funcionem de maneira isolada.

Mas um elemento que dificulta o funcionamento isolado das hidroelétricas é a variação do nível de chuva por região do país. Ao longo do ano a quantidade de chuva é variável, mas a produção de energia não pode ficar dependendo da boa vontade do clima em abastecer os reservatórios. No Brasil, estabelecendo-se uma média entre as regiões, o risco de uma seca generalizada é muito pequeno, isto é, se uma região tem falta de água, outra esta recebendo as chuvas regularmente. Esta característica natural pode ser aproveitada se os sistemas geradores de energia regionais forem interligados.

Por estes motivos, foi necessária a montagem, de um sistema que integrasse a produção (usinas), a transmissão (transporte de energia a longas distâncias) e a distribuição (conversão a níveis de tensão adequados e transporte até o consumidor final).

Com este sistema, tornou-se possível que as usinas de uma região complementam a produção e a necessidade de consumo de outra, de modo a manter o sistema equilibrado e sem problemas de racionamento. Este sistema começou a ser formado no Brasil com a construção da primeira usina hidrelétrica estatal de grande porte, Furnas, no Rio Grande, em Minas Gerais, no ano de 1957. Mas, o passo mais importante foi a criação da Eletrobrás, em 1961, que passou a gerenciar todo o sistema, comandando várias empresas federais, estaduais e mesmo algumas privadas, abrangendo as etapas de produção, transmissão e distribuição.

Este sistema elétrico gerenciado pela Eletrobrás, dividia-se em duas áreas relativamente independentes, a primeira incluindo as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e a segunda as regiões Norte e Nordeste. Dentro de cada uma destas áreas foi realizada uma interligação para complementação da energia elétrica pelas diversas usinas.

A área que engloba as regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste é a de maior potencial hidrelétrico instalado, possuindo também as mais densas redes de transmissão e distribuição. Esta concentração se deve à proximidade dos centros consumidores, principalmente os mais importantes pólos industriais.

A bacia hidrográfica do rio Paraná é a de maior potencial hidráulico instalado. Destacam-se as usinas do rio Paraná, Tietê, Grande e Paranapanema. A maior delas, sendo uma das maiores do mundo, é a usina de Itaipu, um investimento binacional, realizado conjuntamente pelos governos do Brasil e do Paraguai, inaugurada em 1982.

Na área que envolve as regiões Norte e Nordeste, temos o maior potencial hidrelétrico natural, principalmente devido aos rios da bacia hidrográfica do Amazonas. Nesta bacia, a utilização dos recursos hídricos ainda é bastante limitada, o que ocorre devido ao distanciamento dos centros consumidores e às dificuldades em se construir usinas hidrelétricas nos rios que drenam a Floresta Amazônica.

Destaca-se nesta área, a usina de Tucuruí, construída com o objetivo de fornecer energia elétrica barata para as indústrias de alumínio do projeto de mineração Grande Carajás. O rio São Francisco, maior do Nordeste, foi bastante utilizado para a construção das usinas da Chesf, que causaram grande impacto social na região.

O desmonte do sistema energético brasileiro

Até o início dos anos oitenta, o sistema energético brasileiro era relativamente equilibrado. Como qualquer complexo estatal, ele não tinha como objetivo dar lucros ao governo, mas gerar divisas para sua própria ampliação.