Biotecnologia: Sistemas agrícolas – Agricultura Itinerante
A agricultura itinerante se baseia, primeiramente, num baixo nível tecnológico. As técnicas utilizadas são, geralmente tradicionais, ou seja, aquelas que passam de geração para geração, não envolvendo a tecnologia propriamente dita.
Entre as técnicas utilizadas neste sistema agrícola, destaca-se a coivara, que é a queimada da mata para limpar o solo a ser cultivado. Ao se utilizar desta técnica, o produtor acaba diminuindo a fertilidade do solo, uma vez que a queimada prejudica a atividade dos microrganismos aí presentes.
Com a falta de conservação do solo é necessário o movimento periódico dos trabalhadores em busca de solos ainda férteis, por isso denominamos este sistema de itinerante. Sendo assim, na maioria das vezes, os trabalhadores não são proprietários de terra, são geralmente posseiros, ou seja, têm a posse da terra mas não a sua propriedade. Neste caso, a terra pode ser devoluta, ou seja, pertencente ao estado, ou ainda pode pertencer a outras pessoas que não a estão utilizando.
O baixo nível tecnológico aí utilizado é uma consequência da escassez de capitais para investimento em máquinas e em produtos agrícolas. Por isso, a produção é voltada para a subsistência, não se caracterizando como uma agricultura comercial.
A agricultura de subsistência não é propriamente aquela em que os trabalhadores comem apenas aquilo que plantam. Na realidade, ela também pode envolver o comércio de excedentes. Porém, não se tem como objetivos principais a comercialização e o lucro, mas sim a manutenção da vida das famílias aí envolvidas.
Como não há propriedade privada da terra e nem capital envolvido, as relações de trabalho se baseiam na organização familiar. Não existem trabalhadores assalariados, portanto. Ainda podemos encontrar este sistema agrícola em regiões isoladas de países pobres. É comum que ela se realize em áreas de fronteiras agrícolas, caso das bordas da floresta amazônica no Brasil e em outros países da América do Sul. É possível também encontrarmos agricultores itinerantes no interior da África subsaariana e na Ásia.
Agricultura camponesa
Mesmo com a expansão do capitalismo no campo, não podemos falar do declínio da agricultura camponesa. A agricultura capitalista, tem como característica fundamental o trabalho assalariado. Ela não é necessariamente moderna e intensiva, assim como a camponesa não pode ser vista sempre como atrasada e extensiva.
O fundamento da agricultura camponesa é o trabalho não-assalariado. Mas se o trabalhador não ganha salário então como ele sobrevive? As relações de trabalho não capitalistas no campo podem se dar de diversas formas, as principais são: pequenas propriedades, parcerias e arrendamento.
Na maior parte dos países do mundo ainda é importante, principalmente na área de produção e de alimentos para o mercado interno, a agricultura realizada em pequenas propriedades. Neste caso, a própria família trabalha a terra e tem acesso direto à riqueza por ela produzida.
A parceria é uma forma de relação de trabalho entre o produtor e o proprietário de terra. Uma família de camponeses trabalha a terra, geralmente pertencente a um médio proprietário, a produção é dívida entre ela e o proprietário. Quando a divisão se baseia na metade da produção para cada parte, dizemos que os trabalhadores são meeiros. No entanto, esta parte pode variar bastante.
Há ainda a possibilidade de se fazer um arrendamento da terra. Quando um proprietário não está utilizando toda a extensão de seus solos, ele pode alugar uma parte para uma família realizar ali a produção que desejar. A diferença em relação à parceria é que neste caso, o valor a ser pago ao proprietário é acertado anteriormente à plantação e o pagamento pode ocorrer até mesmo em dinheiro.
Em todos esses casos, pode haver uma grande variação de nível tecnológico aplicado à produção. No entanto, geralmente os pequenos produtores, sejam eles proprietários ou parceiros, têm grande dificuldade de vender seus produtos a preços justos de acordo com seu trabalho. Mesmo não havendo a exploração direta do trabalho pelo assalariamento, podemos falar de uma exploração realizada pelos intermediadores, que compram dos produtores e revendem no mercado.
Desta maneira, a lucratividade não é muito alta neste ramo da agricultura, o que impossibilita um investimento grande em tecnologia. Mesmo assim, em áreas mais ricas, é comum um mínimo de mecanização da produção, assim como o uso de fertilizantes, agrotóxicos e sementes selecionadas.
Na maior parte dos países centrais, principalmente na Europa, os pequenos proprietários recebem grande ajuda governamental. Tal ajuda pode vir na forma de empréstimos a juros especiais ou subsídios propriamente ditos. Desta forma, é possível a estes trabalhadores terem uma qualidade de vida boa.
Ao mesmo tempo, em países periféricos, como na América Latina, o mais comum é a falta de estímulo ao pequeno produtor rural. Não que este não seja importante, na realidade é ele o responsável pela produção dos alimentos básicos à população. Porém, a necessidade de mão de obra barata nas cidades torna desinteressante às elites destes países, remunerar adequadamente a produção de alimentos por estes trabalhadores.