Biotecnologia: Sistemas coletivistas

Geografia,

Biotecnologia: Sistemas coletivistas

Nas épocas mais remotas da história ou em sociedades com características pré-modernas seria comum encontrarmos sistemas de produção agrícola com trabalho e propriedade da terra coletivos. No entanto, dentro das sociedades em que a economia de mercado é um dos fundamentos da socialização isso é raro.

A maior parte das experiências deste tipo na atualidade ocorreu em países socialistas, como na URSS e na China. Porém, há um caso interessante num país capitalista, Israel. No caso da URSS se tentou criar uma agricultura socialista através dos Kolkozes e dos Solvkozes. Os primeiros eram fazendas comunitárias, nas quais as famílias trabalhavam e destinavam parte da produção ao Estado. Já os Solvkozes eram fazendas estatais, ou seja, os trabalhadores eram empregados do Estado como em qualquer outra atividade econômica existente naquele país até a década de 80.

Sistemas coletivistas

Por muitos anos, a agricultura soviética carregou o peso de gerar excedentes para propiciar recursos à industrialização do país. Nesta condição, os agricultores acabavam sendo colocados em segundo plano na hora de se decidir em que investir capital para o desenvolvimento tecnológico. O descaso com o campo, levou a agricultura soviética ao sucateamento. No início da década de 80, a escassez de alimentos se tornava cada vez mais comum naquele país. Atualmente, o governo vem completando um processo de privatização do campo, o que não se mostrou uma solução eficiente.

Na China, a tentativa de Mao Tsé-Tung de implementar as comunas populares no campo foi desastrosa. Mao achava que a velha tradição da produção familiar no campo chinês era um obstáculo para o aumento da produtividade. A saída seria acabar com o esquema vigente até então, criando grandes colônias agrícolas nas quais não havia separação dos trabalhadores por famílias e nem as antigas hierarquias entre os sexos e as idades. Eram as comunas populares.

Ao contrário do que acreditava o líder chinês, a população não conseguiu dar continuidade à produção fora do esquema tradicional, o que gerou uma grande crise de abastecimento no país e a morte de aproximadamente 20 milhões de pessoas. Desde o ano de 1976, quando Mao morreu e foi substituído por Deng Xiaoping, as comunas foram extintas e se recuperou o trabalho familiar em terras do estado, o que acabou aumentando de maneira intensa a produtividade agrícola.

O caso de Israel é especial. Todos sabemos que este é um país de economia capitalista. No entanto, existem comunidades agrícolas denominadas Kibutz, nas quais há propriedade e trabalho coletivos do solo. Da mesma forma, o dinheiro da venda da produção é dividido entre a comunidade.

Muitos Kibutz foram criados pelo governo israelense em áreas ocupadas pelo país na Guerra dos Seis Dias, que aconteceu no ano de 1967, principalmente nas Cisjordânia, região tomada da Jordânia e pertencente, segundo determinações da ONU, aos árabes palestinos. O controle de Israel sobre tais áreas tem, principalmente, interesse militar. Mas, no caso da Cisjordânia existe também a possibilidade de mais acesso às águas do Rio Jordão, utilizadas para irrigar o deserto de Negev e produzir bens agrícolas.

CONTEÚDO DESTE POST

A empresa agrícola moderna

A possibilidade de altos lucros em alguns ramos da agricultura vem criando um novo tipo de sistema agrícola, baseado no alto grau de capitalização e na organização empresarial. É o que denominamos de empresa agrícola. Este sistema é mais comum em países centrais, principalmente nos EUA, Canadá e União Europeia. No entanto, é possível encontrarmos exemplos em algumas regiões de países periféricos, caso da produção de soja no Brasil e na Argentina.

Em muitos casos, o capital aplicado nesta agricultura é gerenciado por empresas instalados nas grandes cidades. Sendo assim, as fazendas funcionam como verdadeiras fábricas de alimentos ou matérias-primas. A produção também é comercializada nos grandes centros urbanos, em bolsas de cereais, como é o caso da Bolsa de Chicago, nos EUA.

Com os altos investimentos aí realizados, é possível se alcançar uma intensa produtividade. O mais comum é a aplicação de dinheiro na mecanização e na biotecnologia. O trabalho é sempre assalariado, no entanto, procura-se diminuir a quantidade de mão de obra utilizada, através do investimento em tecnologia. A produção é destinada aos maiores mercados consumidores de gêneros agrícolas do mundo, localizados nos países centrais.

No entanto, o crescimento das empresas agrícolas preocupa em alguns sentidos. Mesmo colaborando para o aumento da produtividade de alimentos, tais empresas só aplicam seu dinheiro nos setores mais lucrativos da produção agrícola. Sendo assim, se elas tomarem o lugar dos pequenos proprietários, a maior parte da população pode ficar à mercê dos interesses especulativos do capital destas grandes empresas.

Outro fator preocupante é que os pequenos e médios produtores têm muita dificuldade em competir com as empresas agrícolas. Esta dificuldade vem aumentando a concentração de terras nos países centrais, uma vez que muitos camponeses desistem de continuar produzindo e vão para a cidade, vendendo a sua propriedade a fazendas cada vez maiores. Este processo, além de estimular a monopolização sobre a terra, intensifica o êxodo rural, aumentando os problemas nas cidades.