Geopolítica: Aspectos centrais da geopolítica

Geografia,

Geopolítica: Aspectos centrais da geopolítica

Olhe para o mundo ao seu redor. Você não está isolado nesse mundo: você é um cidadão que mora em uma rua, possui uma residência inserida, por sua vez, em um bairro determinado que, junto com outros bairros e ruas compõe uma esfera historicamente importante da organização social humana: a cidade. Sua cidade pode ser grande ou pequena, rica ou pobre, mas ela é fruto de uma determinada aglutinação humana que, em pleno exercício de sua capacidade inventiva aliada a sua necessidade de sobrevivência, traçou perspectivas e ações de habitação coletiva dentro de um mesmo espaço – ainda que tais perspectivas de ações não tenham partido de todos, mas sim de um seleto grupo de elite – seja ele eleito ou imposto – elas dizem respeito a uma “práxis” cujo exercício foi pactuado por todos os habitantes daquela cidade. Ou seja: um cidadão, você, no caso, é aquele que faz parte de um pacto político de habitação e exercício de papeis dentro de uma determinada localidade social, que expressa não só um lugar geográfico, mas também um “modus operandi” de agrupamento.

Geopolítica

Agora, se aumentarmos ainda mais essa lente de aumento, nos daremos conta de que todas essas cidades, com suas características, sua população, sua cultura, sua demanda por serviços, enfim, seu agrupamento, constituem juntos os pilares que suportam uma nação. Uma nação, por sua vez, é constituída por esse agrupamento de cidades e estados que são mediados por uma série de aspectos que fazem com que os cidadãos que habitam esses lugares se identifiquem entre si: existe uma partilha explícita de um passado histórico em comum, de uma identidade nacional que se constitui, entre outras coisas, por uma cultura determinada, por uma mesma língua, por um mesmo sistema legislativo e político-administrativo, etc…

Uma vez que tais conceitos que, naturalmente, habitam um campo mais abstrato da análise do mundo, estiverem claros, automaticamente ficará claro o conceito de Geopolítica. Afinal de contas, ela nada mais é do que essa série de fatores de similaridade que tornam determinados grupos passíveis de adotarem um mesmo sistema de estratégias e medidas para que seu território possa ser administrado, mantido e defendido de eventuais invasões. O termo “Geopolítica”, na verdade, foi cunhado pelo cientista político sueco Rudolf Kjellén, bem no início do século XX. e Kjellén o criou uma vez inspirado pela obra de outro importante pensador do assunto, o também Friedrich Ratzel, renomado autor do livro “Politische Geographie”, publicado no ano de 1897, cuja tradução para o português quer dizer literalmente “Geografia Política”. Ruldof Kjellén basicamente foi o responsável por amalgamar esses dois termos, mas ao fazê-lo, tornou-se também o responsável por enunciar um novo modo de olhar para essas questões que se colocam diante de nossos olhos quando olhamos atentamente para aspectos como as fronteiras, as culturas, a defesa territorial e os interesses de uma nação em outra.

Aspectos centrais da geopolítica

Conceitualmente, a geopolítica está sempre trabalhando com os fatos e aspectos sócio geográficos em perspectiva. Ou seja, com isso queremos dizer que a geopolítica trabalha considerando a relação entre processos, sejam eles de natureza política, social ou econômica, e pensa, sobretudo, qual é a incidência das características geográficas nesses processos, isto é, como informações como a localização, os aspectos humanos, vegetais e animais, a topografia, o relevo, o clima, a vegetação, a agricultura, a distribuição população, a renda per capita, o IDH, enfim, como todos esses ícones da análise geográfica podem intervir e, se podem, de que maneira o fazem, nas relações políticas que se desenham.

A geopolítica: formação acadêmica como campo de saber e conhecimento

Antes da consolidação da geopolítica como um campo de saber e conhecimento acadêmico, esse assunto era abordado de diferentes formas e diferentes maneiras por algumas disciplinas diversas que, uma vez que tinham naturezas diferentes, acabavam por dar ênfase em aspectos distintos do assunto de um modo geral, enfatizando, obviamente, aquilo que lhes dizia mais respeito. A Geopolítica manteve essa espécie de “relação promíscua” principalmente com os campos da própria Geografia, da Teoria Política, das Ciências Sociais e, no limite, com um campo muito restrito do conhecimento e que está, boa parte do tempo, restrito às forças militares de uma nação: os chamados “Estudos estratégicos”, herdeiros diretos do que, na antiguidade clássica, convencionou-se chamar de “arte da guerra”.

Foi justamente no final do século XIX e durante a primeira metade do século XX que a Geopolítica vem a se estabelecer como um reconhecido e laureado campo do saber acadêmico. Inicialmente, os principais estudiosos da geopolítica eram ou geógrafos ou homens que haviam desenvolvido alguma carreira militar. É somente com a publicação do termo “geopolítica” na revista alemã “Zeitischrift für Geopolitik” (cuja tradução literal para o português quer dizer “Revista de Geopolítica”), ela passa a emergir como uma ciência reconhecida e farta de possibilidades de utilização na análise do mundo ao nosso redor.