O País Basco e a volta da xenofobia
A sociedade humana parece andar em círculos quando se trata de algumas questões. Enquanto o Canadá abre suas portas e oferece condições amplamente satisfatórias aos imigrantes, os Estados Unidos, país fronteiriço, se depara com a iminência de uma verdadeira invasão de imigrantes, procedentes de países da América Central.
A migração de grandes contingentes populacionais é consequência das desigualdades econômicas entre as diferentes regiões do planeta e dos conflitos armados, que impulsionam esses contingentes em direção a regiões mais desenvolvidas economicamente, em busca de oportunidades e até de sobrevivência.
A Europa Ocidental vem sendo palco dessa situação nas últimas décadas, em consequência da derrocada do bloco socialista na Europa Oriental, dos rumos políticos tomados pelo continente africano após o fim da colonização europeia e dos conflitos no Oriente Médio, cujo episódio mais recente é a fuga em massa de cidadãos sírios fugindo do violento conflito no país, envolvendo governo, rebeldes, Estados Unidos, Rússia, Irã e outros interesses menos explícitos.
Movimentos xenófobos
A xenofobia está na gênese do mais sangrento conflito da história da humanidade: a Segunda Guerra Mundial. Trata-se da rejeição a pessoas de origem, cultura, etnia e credo diferentes.
Não é à toa que os movimentos neonazistas e a extrema direita vêm ganhando força no continente europeu. A xenofobia, no mundo atual, está intimamente ligada a fatores econômicos e sociais. Predomina, na Europa Ocidental, entre jovens que se sentem ameaçados pelos imigrantes, os quais representam concorrência pelas vagas no mercado de trabalho.
O País Basco
Se não é caso de xenofobia, mas de identidade cultural, política e territorial, os movimentos separatistas ajudam a compor o cenário de instabilidade global.
Ao contrário do que possa parecer, eles não estão só na África. Existem no Brasil e na Europa, sempre movidos por questões de identidade.
É o caso do País Basco, uma reivindicação dos bascos, um povo que vive no norte da Espanha e sudoeste da França, dotados de identidade econômica, cultural e linguística distinta da Espanha. O movimento separatista basco, o ETA, tem promovido ações violentas desde a metade do século XX, reivindicando a separação do território basco da Espanha.
O mesmo processo, também em território espanhol, acontece na Catalunha, onde os habitantes locais exigem a separação do governo de Madrid, ao qual está submetida desde a segunda metade do século XVIII, em decorrência da derrota de Barcelona na Guerra da Sucessão Espanhola.