Origens da Indústria Brasileira: História, Atualidade e Estado de São Paulo
O processo de industrialização brasileiro está intimamente relacionado com os aspectos políticos. Para entender por que a indústria brasileira ocupa um papel secundário no contexto da economia mundial é preciso fazer uma imersão histórica.
Origem
Até o início do século XIX, o Brasil era colônia de Portugal. Como tal, o país tinha o papel de um agregado econômico, cuja função era gerar riquezas para a Coroa Portuguesa. O meio para atingir tal propósito era a prática de atividades primárias, como extração de minerais, borracha e lavoura.
A vinda da corte para o Brasil no início do século XIX foi o primeiro impulso à industrialização do Brasil. O segundo impulso aconteceu no Segundo Reinado, quando Dom Pedro II se mostrou entusiasta da industrialização, e teve apoio do Barão de Mauá, que foi o responsável pela expansão das ferrovias e do parque industrial, sobretudo no Rio de Janeiro. Dom Pedro II foi o primeiro governante a implementar políticas de incentivo ao desenvolvimento da indústria.
Curiosamente, a transição da monarquia para a república, ocorrida no final do século XIX, não contribuiu para o impulso da industrialização. Ao contrário: até 1930, a política brasileira foi dominada pelos produtores de café da região de Minas e São Paulo.
A queda da Bolsa de Valores de 1929, que levou à queda do preço do café, evidenciou a fragilidade da economia brasileira, exportadora de produtos primários e importadora de produtos industrializados.
O terceiro impulso à indústria brasileira veio a partir de 1930, comandado por Getúlio Vargas. O setor de transformação ganhou impulso, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce, a Companhia Brasileira de álcalis e a Petrobras. O setor estatal ganhou novo impulso durante os governos militares decorrentes do golpe de 1964. Antes, com Juscelino Kubitschek, o Brasil adotara a política de atrair indústrias estrangeiras para se estabelecer no Brasil, principalmente a automobilística.
O problema é que a industrialização brasileira, além do processo tardio, sempre esbarrou em interesses econômicos externos, que se materializaram na política interna. Desse modo, o incentivo à atividade industrial sempre ocorreu em forma de breves episódios.
São Paulo
Além disso, a industrialização se concentrou nas regiões Sudeste e Sul, principalmente em São Paulo. Mesmo assim, o país não consegue acompanhar a evolução da matriz industrial mundial, não tendo se apropriado da produção de tecnologia, onde está o maior valor agregado.
A indústria brasileira ainda é fortemente dependente de tecnologia externa, focada na produção de bens de consumo, principalmente no setor alimentício e têxtil.
O estado de São Paulo, por curioso que possa parecer, se tornou líder em industrialização. A riqueza do estado, decorrente da força do café no início do século, gerou capital para investimento na indústria, que foi alavancada pela infraestrutura da região e pela forte presença de imigrantes europeus, já ambientados à produção industrial.