Questão ambiental na Nova Ordem Mundial
O que é a Nova Ordem Mundial?
A palavra globalização vem se afirmando como um símbolo muito maior de uma época considerada de incertezas. Na imprensa, nas artes, nos discursos oficiais ou nas conversas de botequim, ela é a grande saída na hora de falar das mudanças que vêm ocorrendo a partir da década de 70 nos assuntos referentes à política, economia ou culturais.
Desde o uso dos robôs nas fábricas de automóveis até a multiplicação dos cursos de inglês, passando pelo fim dos direitos dos trabalhadores e pela recessão da economia, tudo estaria ligado intimamente ao terrível e inevitável processo de globalização. Não há dúvida de que muitas das mudanças que verificamos em nosso cotidiano estão ligadas a um processo mais amplo de transformações em escala mundial. No entanto, o modo como a ligação entre tais mudanças e a globalização é entendida pela maioria das pessoas marca claramente a incompreensão de sua formação e a aceitação do processo geral como natural e inevitável.
Se considerarmos como globalização a integração econômica, política e cultural entre os países, que tomou forma no fim do século XX, podemos concluir que sua constituição está ligada a rupturas e continuidades do processo histórico. Nenhum fenômeno social surge do nada, de uma hora para outra, há que se considerar o andamento da história que se formou. No caso da globalização, podemos identificar um conjunto de fatores que vêm colaborando para sua efetivação, entre eles: o fim da disputa bipolar característica dos tempos de Guerra Fria, o desenvolvimento das transações financeiras juntamente com ação das empresas globais (as multinacionais), a ascensão da ideologia neoliberal e o desenvolvimento de uma base espacial com eficientes objetivos técnicos de comunicação e de transporte. Entre esses fatores, alguns têm origens bem remotas na história e conheceram há pouco tempo sua intensificação, enquanto outros são realmente uma marca de nossos tempos.
As atividades agrícolas na nova DIT
A nova Divisão Internacional do Trabalho se baseia principalmente no nível tecnológico dos países. Aqueles de economia mais desenvolvida, conhecidos como países centrais, se destacam na produção de bens de consumo de alta tecnologia. Os países semiperiféricos, em geral, têm uma produção mais voltada para bens industrializados de baixa e de média tecnologia, enquanto os países periféricos continuam produzindo apenas produtos primários, que são alimentos e matérias-primas.
No entanto, nesse contexto da nova DIT, quase todos os países do mundo continuam produzindo alimentos. A diferença é que nos países centrais, podemos encontrar uma produção baseada na alta tecnologia e ainda na alta qualidade de vida dos agricultores.
Enquanto isso, em países de economia periférica, o mais comum é encontrarmos sistemas agrícolas destinados à subsistência ou à exportação de produtos a baixos preços. De uma forma ou de outra, as principais consequências sociais deste modelo são a baixa qualidade de vida do agricultor e o atendimento precário às necessidades alimentares da população local.
A agricultura dos países centrais se destaca por dois fatores. Primeiramente é preciso considerar a existência de grandes empresas agrícolas nestes países, as quais estão preocupadas em fornecer alimentos para o mercado interno. Para efetivarem tal objetivo é necessário um grande investimento em tecnologia e em mão de obra melhor qualificada. Isto é comum em todos os países centrais, nos quais, mesmo ainda havendo uso de trabalhadores mal remunerados em alguns casos, geralmente estrangeiros, o nível de vida geral dos produtores agrícolas é bom.
Nos EUA e no Canadá, o percentual de população envolvida no setor agrícola é muito pequeno o que demonstra grande modernização e não baixa produção, como poderia parecer. Mas em países da União Europeia, principalmente na França, o alto nível de vida dos agricultores está ligado aos altos subsídios governamentais dado aos trabalhadores.
Ao mesmo tempo, nos países periféricos, a história é outra. A agricultura voltada ao mercado interno é geralmente de baixa produtividade e acaba mantendo um nível de vida baixa para o produtor, o qual tem que produzir sem pensar nas possibilidades de lucros, as quais são mínimas. Por isso, a agricultura de subsistência é tão importante nestes países, já que milhões de camponeses trabalham com a intenção de produzir bens alimentares para a sua família e um certo número de excedentes, o qual é vendido no mercado sem a exigência de lucros.
Pior ainda é a situação dos trabalhadores de sistemas agrícolas voltados para as exportações de bens tropicais de baixo custo. Podemos generalizar tal condição no sistema de plantation, no qual existem produtores muito mal remunerados, que são a única possibilidade de lucros de grandes latifundiários.
Desta forma, mesmo que os países centrais e os periféricos produzam bens agrícolas, a situação dos trabalhadores nos dois casos é bastante desigual. Tal situação acaba por se tornam também desiguais as possibilidades de alimentação da população e mesmo de desenvolvimento geral da economia.