Ascensão amazônica no ciclo da borracha
Entre os anos de 1870 e 1912, a região Amazônica viveu um intenso período de exploração de látex e comercialização da borracha. Esse período, conhecido como o ciclo da borracha, proporcionou o desenvolvimento dos Estados da região norte do país, especialmente o Amazonas, Rondônia e Pará.
Foi nesse período também, mais precisamente em 1903, que veio a ser incorporado no Brasil o atual território do Acre, que até então pertencia ao país vizinho Bolívia.
O ciclo da borracha teve a sua gênese em 1870 e, posteriormente, encontrou o seu declínio no ano de 1912. No entanto, em meados do século XX, entre os anos de 1942 e 1945 (os anos finais da Segunda Guerra Mundial) o ciclo da borracha teve um breve renascimento.
As origens
Na floresta Amazônica, uma árvore nativa conhecida como Seringueira possuía em seu caule um líquido chamado látex, de coloração branca cujo um dos componentes era o isopreno, bastante utilizado para fabricar a borracha.
O látex, de uma forma geral, era uma substância viscosa, mas quando era submetido à temperatura mais elevadas, sofria coagulação espontânea e assim originava o polímero, que é a borracha propriamente dita.
Diante do seu evidente valor para a obtenção da borracha, a seringueira, de nome científico Hevea Brasiliensis, despertou a atenção dos exploradores, que na segunda metade do século XIX apontaram os seus olhos para a floresta Amazônica. Até porque, nesse período, a Revolução Industrial havia mudado o perfil econômico do ocidente e, em um cenário de grande desenvolvimento, a borracha era um material de larga utilidade para a indústria, inclusive no ramo dos vestuários (luvas, calçados) e no ramo automobilístico (pneus).
Os primeiros anos
A ascensão amazônica no ciclo da borracha ocorreu no final do século XIX. Nessa época a região norte, especialmente a floresta Amazônica, não despertava os interesses econômicos do Brasil e de Portugal, que almejavam obter riquezas minerais. Porém, com advento da Revolução Industrial iniciada na Inglaterra e a busca por matérias-primas, a Amazônia se tornou o palco de extração do látex.
Dessa forma, a borracha extraída do solo brasileiro imediatamente conquistou as crescentes indústrias têxteis e automobilísticas das nações estrangeiras, especialmente da Europa e América do Norte. A exploração em demasia alterou o cenário econômico e social da região. Entre as consequências das atividades extrativistas do látex na floresta amazônica é possível citar:
– Desenvolvimento da região norte e nordeste do Brasil.
– Crescimento das cidades locais, que mais tarde se tornaram importantes centros urbanos, tais como Manaus, Belém.
– Migração de trabalhadores (especialmente dos Estados próximos) que se mudaram para a região em busca de obter êxito financeiro no promissor mercado de extração do látex.
– Aumento da exportação brasileira de borracha.
– Aquecimento da economia local.
– A capital Belém se tornou um importante polo de fluxo de trabalhadores, não apenas por ser ponto estratégico próximo do litoral, mas também, por conter casas bancárias e demais instituições.
– O surgimento da Ferrovia Madeira-Mamoré, um empreendimento iniciado em 1907, pelo governo Afonso Penna, e que tinha como propósito integrar a região amazônica no comércio mundial.
– A integração do Acre ao território brasileiro, que ocorreu devido à intensa passagem de seringueiros do Brasil adentrando o território boliviano em busca de mais árvores para a atividade extrativa.
O conflito com a nação vizinha foi resolvido sem ataques bélicos, pois o Brasil cedeu partes de suas terras para a Bolívia e em troca recebeu a região que hoje é o Acre.
É importante ressaltar que nesse episódio o Brasil efetuou ao país vizinho o preço de dois milhões de libras esterlinas, bem como assumiu o compromisso de realizar a construção de uma ferrovia que permitisse o acesso das mercadorias bolivianas aos portos brasileiros do Atlântico.
Apesar do visível auge da extração de látex, o ciclo da borracha na Amazônia entrou em um visível declínio. O motivo do enfraquecimento ocorreu por causa da concorrência com nações estrangeiras, visto que na mesma época a Inglaterra passou a investir nos seringais da Malásia e da África, mais precisamente no Ceilão.
Dessa forma, a borracha da Amazônia passou a ser vendida por um preço exorbitante, fato esse que dificultou o processo de comercialização. A inaptidão do governo em contornar a crise sepultou, por enquanto, o ciclo da borracha no norte do Brasil.
Como consequência desse período de estagnação, vários trabalhadores se encontraram na situação de desempregados. Tal situação gerou um acúmulo de pessoas morando na periferia de capitais como Belém e Manaus.
A segunda fase do ciclo da borracha
A segunda ascensão amazônica do ciclo da borracha ocorreu quando o mundo adentrava na etapa final da Segunda Guerra Mundial, entre os de 1942 e 1945. Esse renascimento ocorreu porque forças bélicas nipônicas dominaram a Malásia e assumiram o controle dos seringais. Esse súbito ataque japonês provocou um declínio nas vendas da borracha asiática, bem como reviveu por um curto período o ciclo brasileiro.