Brasil Colonial: Mineração – Consequências, Ciclo do Ouro e Decadência

História do Brasil,

Brasil Colonial: Mineração – Consequências, Ciclo do Ouro e Decadência

Brasil Colonial

O Ciclo do Ouro, ocorrido ao longo do século XVIII, foi um momento econômico extremamente importante para a história do Brasil. Neste texto, vamos ver de forma resumida como aconteceu o ciclo do ouro, suas consequências e, por fim, sua decadência. Continue lendo!

A história do Ciclo do Ouro

Só se pode considerar que o Ciclo do Ouro começou no Brasil a partir do final do século XVII, quando grandes jazidas foram descobertas em Minas Gerais. Isso causou um súbito êxodo de boa parte da população de outras regiões sob domínio dos portugueses para onde hoje estão cidades históricas como Ouro Preto, Mariana, Sabará e São João del Rey: comerciantes, patrões, escravos. Além dos brasileiros, grandes contingentes vindos diretamente de Portugal também participaram dessa corrida do ouro. Mas os primeiros a vir para esta região foram os paulistas, uma população de indígenas e mamelucos, que se consideravam os únicos com direito de exploração das minas, pois elas foram descobertas por bandeirantes paulistas, e que chamavam os que vinham de fora de “emboabas”, tanto brasileiros como portugueses.

A fome matou muitos dos exploradores dos primeiros tempos, que não plantavam nem criavam gado, e dependiam do que vinha de fora, das outras regiões sob domínio dos portugueses, para conseguirem se manter. A Coroa portuguesa taxou a mineração, o comércio e todas as outras atividades que foram surgindo ou produtos comercializados. O imposto mais famoso era o quinto: um quinto de todo ouro encontrado devia ser pago à Coroa – o comércio de ouro em pó foi proibido na colônia, e todo ele devia ser levado às Casas de Fundição abertas pelos portugueses, onde eram transformados em barras, e então marcados com o selo real, indicando que já tinham sido “quintados”, podendo ser usados no comércio. A revolta contra essa medida causou a Guerra dos Emboabas, em 1720.

Mas houve vários outros impostos também, pois a economia de Portugal se tornava cada vez mais dependente da Inglaterra: o ouro da colônia era usado para comprar dos ingleses tudo o que os portugueses não produziam. A exploração portuguesa causava cada vez mais revolta nos brasileiros. Era muito comum o contrabando, para fugir dos impostos. Porém, para prevenir isso, a Coroa ia aumentando a vigilância sobre os colonos, cerceando-os em várias coisas, entre elas várias limitações ao desenvolvimento do comércio interno entre as capitanias. Mesmo assim, esse comércio se manteve, provocando consequências como:

– Deslocamento do eixo econômico da colônia brasileira do Nordeste para o Sudeste;

– Aumento do poder político dos comerciantes, o que deu origem a uma sociedade composta de grande quantidade de homens livres (escravos alforriados e brancos vivendo autonomamente), classe média, elite (com seus escravos) e opinião pública brasileiras;

– Ao contrário do que ocorreu nos engenhos de açúcar, no ciclo do ouro houve grande diversificação de atividades: comércio, artesanato, mineração, siderurgia, etc.;

– Desenvolvimento de uma cultura urbana inédita no Brasil colônia, que favoreceu o surgimento de movimentos intelectuais e artísticos como o Barroco e o Arcadismo;

– Outras regiões controladas pelos portugueses se desenvolveram economicamente ao se dedicar à agricultura e a pecuária, diversificando a economia com produtos para vender para as regiões das Minas e para exportação: açúcar e gado do Nordeste, tabaco da Bahia, arroz e feijão de São Paulo, carne-seca, charque e couro do Rio Grande do Sul (o que favoreceu o desenvolvimento do tropeirismo nos estados do sul e em São Paulo);

– Ocupação do interior do Brasil: do fundo de Minas Gerais, chegaram a Goiás, ao Mato Grosso e ao sul, tirando o Rio Grande do Sul do domínio espanhol;

– A união das regiões controladas pelos portugueses como nunca tinha acontecido até então na nossa história;

– A mudança da capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763, para facilitar o escoamento de ouro até Portugal e a vigilância portuguesa;

– Incrementos na culinária brasileira: surgimento da cachaça (que logo se popularizou entre os brasileiros) e do pão de queijo (que ficou restrito a Minas Gerais até o século XX).

Decadência

O ouro encontrado no Brasil dessa época, em sua maioria, era de aluvião, ou seja, presente nas margens e leitos dos rios. Esta circunstância fazia que ele fosse fácil de ser extraído, mas também que se esgotasse logo, se comparado com as minas de prata encontradas no México e no Peru, fazendo com que sempre fossem necessárias novas fontes. A tecnologia e a atividade para extrair ouro não eram muito desenvolvidas, não permitindo que a exploração fosse mais a fundo, onde havia muito mais ouro.

Esta situação contribuiu para tornar menos frequente o pagamento dos impostos de todos os colonos dentro dos prazos, desequilibrando a economia portuguesa. Preferindo acreditar que o que causava a falta do ouro, em vez do esgotamento natural, era o contrabando pelos colonos, quanto mais os pagamentos atrasavam, mais a metrópole portuguesa impunha impostos difíceis de cumprir: a partir da década de 1750, cada cidadão deveria pagar 100 arrobas de ouro por ano (1500 kg); os inadimplentes estariam sujeitos à derrama, ou seja, pagar tudo o que estavam devendo de uma vez, sob o risco de terem seus bens confiscados e serem presos na África. Isso gerou revoltas, como a Inconfidência Mineira, em 1789, fruto da ideia de ricos comerciantes de separarem a capitania mineira de Portugal, para não estarem mais sujeitos a essas dívidas.

Tudo isso, e mais o renascimento da agricultura (tabaco, algodão, arroz, açúcar), foi tornando inviável para os brasileiros a extração de ouro e pedras preciosas (principalmente diamantes), pondo um fim ao Ciclo do Ouro.

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