Governo Prudente de Moraes
A República do Brasil foi proclamada por Deodoro da Fonseca, em 1889. O militar, no caso, ficou conhecido como o primeiro presidente da era democrática do Brasil. Logo após a sua atuação e formando o que viriam a ser os dois primeiros – e completos – governos, veio Marechal Floriano Peixoto, que também teve os seus marcos na história do nosso país.
Porém, foi só depois da atuação dos dois, que eram essencialmente governantes durante um período, marcado na história do país como “período da República da Espada”, que o primeiro presidente civil brasileiro foi eleito: Prudente de Moraes.
Quem foi Prudente de Moraes?
Além de político, ele também era advogado. No estado de São Paulo, onde nasceu, já havia governado uma vez, atuando também como Senador. Para muitos, ele é considerado o terceiro presidente do Brasil enquanto nação independente e democrática, enquanto para os mais nacionalistas e tradicionais, ele é o primeiro.
No momento em que recebeu o Brasil em suas mãos, a nação passava por uma das mais fortes crises econômicas de todos os tempos. Assumindo a presidência no ano de 1894, ele também teve que resolver questões envolvendo a oligarquia cafeeira e os conflitos políticos instaurados com os mais radicais florianistas. Nos quatro anos que marcaram o seu governo, a turbulência foi marcada principalmente por períodos de pacificações.
A crise política da época
A Proclamação da República foi possibilitada principalmente pela oligarquia cafeicultora e pelos esforços dos militares. Por mais que o intuito fosse o mesmo, os motivos para tornar o país republicano não eram assim tão similares. Enquanto os militares preferiam apostar em um sistema republicado e centralizado, os cafeicultores defendiam o regime federativo que, no caso, promovia administração própria para cada estado, os quais se tornariam autônomos e poderiam trabalhar com base em seus interesses próprios.
Esse conflito político que se instaurou entre os dois grupos, criou uma grande ameaça para o governo de Prudente de Moraes. Com muita cautela, o presidente soube exatamente como agir para resolver as divergências, trabalhando com uma política de pacificação capaz de unificar as vontades dos dois grupos essencialmente republicanos.
Um dos seus grandes feitos quando no poder, foi dar fim à Revolução Federalista, que ocorreu em todo o estado do Rio Grande do Sul. Assim que a revolta foi finalizada no estado, houve um fortalecimento maior da imagem de Prudente de Moraes como presidente da República, visto seu verdadeiro poder.
A Guerra dos Canudos
Com um problema já resolvido, agora o governo de Prudente de Moraes deveria enfrentar um outro conflito com proporções ainda maiores do que a primeira: a Guerra de Canudos.
Essa guerra ocorreu na capital da Bahia, em Salvador. A intenção dos militantes realmente era forçar a barra contra o governo, o que fez com que Prudente de Moraes tivesse que se manifestar de forma a intervir com o exército militar para acabar de vez com o problema.
Essa fase realmente foi complicada para o presidente, que inclusive, sofreu um atentado. O Seu Ministro de Guerra foi quem sofreu as consequências, sendo ferido a ponto do falecimento.
Para evitar que outras situações desse nível voltassem a acontecer, Prudente de Moraes teve que tomar uma atitude realmente drástica. Para “mostrar quem estava no poder”, o presidente foi levado a comandar por meio de poderes plenos, decretando o chamado “Estado de Sítio”. Foi a partir desse momento que a oposição política começou a sossegar e, no caso, os interesses da oligarquia cafeicultora foram os que ganharam maior destaque durante o seu governo, predominantes em todo o plano nacional político.
Sendo assim, o Estado de Sítio foi uma fase em que houve grande perseguição policial para todos aqueles que fossem contra o governo de Prudente de Moraes. Além disso, Prudente de Moraes teve, também, a autonomia para decidir quem seria o seu sucessor reeleito: Campos Salles.
Voltando um pouco na história do país, vale a pena destacar o fator que gerou esse cenário político. A crise econômica estava diretamente relacionada com o próprio modelo de produção no país, que era essencialmente agrária. Durante todo o século XIX o café ganhava uma importância cada vez maior para a exportação no país e, por isso, se tornou o produto com maior capacidade para a exploração e comercialização.
Durante os últimos 10 anos do século XIX, quando Prudente de Moraes também assumiu a presidência da República, o café havia entrado em uma grande crise em todo âmbito internacional, o que afetou de forma intensa a base econômica do país. Por mais que o governo de Prudente tenha se esforçado ao máximo para estimular um crescimento nos níveis de produção industriais, não teve como solucionar essa questão de uma vez por todas durante o seu governo. Seu sucessor, Campos Salles, que assumiu em 1899, também precisou lidar com as consequências de uma crise econômica instaurada em toda a nação.