Quilombos: Características, Quilombo de Palmares e Comunidades Quilombolas
Quando falamos de história, infelizmente a brasileira nem sempre é a primeira a ser lembrada ou comentada. Os quilombos fazem parte de um período que não é muito relembrado no país: entre os séculos XVII e XVIII, o Brasil passou por um período de escravidão. O nome quilombo, por sua vez, é caracterizado como todo e qualquer grupo de seres humanos que foi formado durante esse período, que era composto principalmente pelos escravos afrodescendentes.
Esse fenômeno de formação de quilombos foi comum não só no Brasil, como em todo o continente americano, e é hoje impossível saber quantos foram os grupos existentes em território brasileiro até o final do século XIX. Porém, é possível ter uma ideia considerando que nos dias de hoje são mais de duas mil comunidades que foram remanescentes do período quilombo no país, lutando ainda pelos direitos de suas terras.
Entre os estados brasileiros que esses grupos apareceram em grande peso e até hoje reúnem comunidades remanescentes podemos destacar os estados da Bahia, Mato Grosso, Pernambuco, Minas Gerais, Goiás e Alagoas.
Principais características dos quilombos
O principal motivo que levava à aglomeração de indivíduos e a formação de grupos de quilombos era a tentativa de escapar do controle proporcionado pelos proprietários das terras.
Uma curiosidade interessante sobre os quilombos é que esses grupos não reuniam unicamente escravos negros: escravos bancos, oficiais fugitivos e índios também podiam fazer parte desses conglomerados.
O famoso Quilombo dos Palmares
Certamente, um dos grupos de refúgio mais conhecidos de todo o período de escravidão brasileira foi o Quilombo dos Palmares, localizado na região que hoje abriga o estado de Alagoas.
O Palmares foi um dos maiores e mais bem desenvolvidos quilombos de todos os tempos, sendo o auge do mesmo entre os anos de 1630 e 1650, que foi quando a invasão holandesa acabou prejudicando ainda mais a população escrava.
O seu desenvolvimento durante a invasão foi intensificado pelo fato de que ele possibilitou a fuga de muitos escravos de suas terras, que partiram para o abrigo dos Palmares. Já em 1670, o Quilombo dos Palmares reunia cerca de 50 mil escravos, que também eram chamados na época de quilombolas.
Os quilombolas, por sua vez, também tinham que ajudar para manter esse ambiente. Por conta disso, eles roubaram alimentos de plantações e de demais engenhos localizados na região, o que incomodava e muito os habitantes das proximidades.
E foi por esse e outros motivos que os quilombolas foram posteriormente combatidos tanto pelos holandeses, que foram os primeiros a se meter na briga, como também pelos oficiais do governo do estado do Pernambuco, que contou com o auxílio de Domingos Jorge Velho, um bandeirante que estava indignado com a atuação dos escravos.
A época dos quilombos, e com principal destaque para o quilombo dos Palmares, intensificou uma luta que durou cerca de cinco anos, até que os negros foram totalmente derrotados. Esse fator da nossa história representa até os dias de hoje uma das maiores lutas contra a escravidão, em que os negros foram resistentes e fortes até o final.
Os negros quilombos eram indivíduos que eram totalmente contra a crueldade praticada nesse período e, por conta disso, se uniram com o intuito de alcançar a dignidade e a liberdade que contribuem inclusive para a própria formação de uma cultura e comunidade afro-brasileira.
Comunidades de quilombolas atuais
A abolição da escravatura ocorreu no Brasil no ano de 1888, mas mesmo assim, muitos são os quilombos que ainda permanecem ativos. E foi então dessa forma que as comunidades atuais quilombolas, formadas com quilombos remanescentes, foram desenvolvidas em várias regiões do território brasileiro.
Nos dias de hoje, é possível encontrar aproximadamente 1.500 comunidades oficiais de quilombos que são certificadas pela própria Fundação Palmares. Porém, há rumores de que esse número possa chegar ao dobro considerando também as comunidades que não estão atreladas à fundação. A grande maioria desses grupos de quilombos está hoje concentrada nos estados da região Norte e Nordeste do nosso país.
Os integrantes de grupos quilombos mantêm grande parte das tradições do seu povo e reforçam a criação de uma cultura afro-brasileira respeitada e disseminada em todo o país, por mais que tenham conservado grande parte de seus costumes e práticas religiosas, assim como organização social própria e trabalho agrícola diferenciado. Dessa forma, a criação desses grupos e a preservação da memória e resistência dos quilombos é um grande passo para a conscientização afro-brasileira.
Além disso, no território brasileiro as lideranças no movimento negro já reverenciam essa ação heroica realizada pelos quilombos dos Palmares, sendo Zumbi (o representante do quilombo) considerado como um grande símbolo de resistência.
Os líderes do movimento pediram que no dia 20 de novembro seja comemorado o Dia da Consciência Negra, o que já foi aprovado em todo o território brasileiro. A data foi escolhida no mesmo dia em que a morte de Zumbi foi descoberta.