Resumo da ditadura militar no Brasil: A abertura

História do Brasil,

Resumo da ditadura militar no Brasil: A abertura

Durante o governo de Ernesto Geisel, as distorções da economia do Brasil haviam se aprofundado O intervencionismo estatal acabou atingindo seu auge, bem como a política doas obras faraônicas. A combinação entre autoritarismo político e as empresas estatais mostrou-se algo catastrófico, já que na maioria das vezes, os recursos, que não eram poucos, dirigidos a essas empresas acabavam estagnando em mãos particulares, não existindo assim, qualquer tipo de controle da sociedade civil para o setor público. Um exemplo disso foi a assinatura do acordo nuclear entre a Alemanha e o Brasil, no ano de 1975, resultando na construção das ineficientes e caríssimas usinas de Angra dos Reis.

Dessa maneira, as empresas estatais começavam a combinar os excessivos gastos com pessoal e ineficiência econômica, gerando, mais tarde, a convicção de que, generalizadamente, empresas estatais são pouco eficientes e precisam ser privatizadas. Os custos públicos dessa ineficiência eram atendidos com emissões de papel-moeda ou então com bem remunerados empréstimos feitos ao governo, favorecendo instituições financeiras, ou seja, os bancos, que ganhavam com o processo.

A abertura

Uma crise já estava sendo anunciada bem antes que João Goulart Figueiredo assumisse o poder. Por isso, ele acabou convocando para o ministério do Planejamento Delfim Netto, que mais uma vez teria poderes amplos para que a economia do país fosse conduzida. Após uma tentativa fracassada e rápida de ajuste interno, buscou-se estimular as exportações, concedendo assim incentivos fiscais e também a desvalorização da moeda. O objetivo principal era conseguir os dólares necessários para que o pagamento dos juros da dívida externa se mantivesse em dia.

A partir da década de 80, o Brasil começou a ter saldos excepcionalmente favoráveis em sua balança comercial, chegando ao ponto de obter o terceiro maior saldo mundial, atrás apenas da Alemanha Ocidental e do Japão.

Mas, essa quantia de dólares que entrava anualmente no país acabava ficando nas mãos do governo, que o remetia para o exterior como parte do pagamento da dívida, enquanto os exportadores recebiam o equivalente a cruzeiros. As grandes emissões de cruzeiro para o pagamento dos exportadores aceleravam a inflação. Dessa maneira, os compromissos internacionais eram mantidos, os bancos estrangeiros continuavam lucrando e a sociedade brasileira era quem pagava a conta.

A alta insatisfação com o regime militar que era verificada entre os trabalhadores mais organizados desencadeou uma onda de greves entre os anos de 1978 e 1979. Esse processo fez com que surgissem novas lideranças sindicais desvinculadas do velho esquema do trabalhismo e dos partidos políticos existentes. Dentre essas lideranças, destacava-se um hábil negociador, que anos mais tarde se tornaria presidente da República, Luís Inácio da Silva, o Lula, que era integrante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Dando continuidade ao processo de abertura, o Congresso aprovou a Lei da Anistia, que perdoava todos os exilados ou presos que haviam sido acusados de crimes políticos. No entanto, essa lei, não incluía aqueles que eram considerados culpados por atos de terrorismo e de luta armada contra o governo, embora todos os militares que haviam cometido violências de repressão tivessem sido perdoados.

Os grupos considerados mais reacionários dentro das Forças Armadas apelaram para o terrorismo, numa série de sequestros e de atentados com bombas.

A partir do final de 1979, iniciou-se a organização de novos partidos políticos no lugar do MDB e da Arena, tendo em vista principalmente as eleições diretas para governadores dos estados, as primeiras que estavam sendo realizadas no país desde 65. O MDB vinha registrando grande crescimento em meio à opinião pública, transformando-se em grande frente de oposição a governo, atraindo políticos de diversas correntes. Ulysses Guimarães, líder, passou a ganhar prestígio como o principal porta voz da oposição do Brasil.

Com o objetivo de enfraquecer o MDB, foi proposta a reforma partidária nas eleições para governador do ano de 1982, acreditando que esse fosse se fragmentar em pequenos partidos representativas de suas diversas correntes. O partido de apoio ao governo, a Arena, por sua vez, transformou-se no Partido Democrático Social.

Entretanto, Ulysses Guimarães trabalhou de maneira hábil a fim de manter o caráter da frente de oposição de sua nova agremiação política, o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, obtendo um sucesso razoável. Outros partidos que surgiram com a reforma foram o Partido Trabalhista Brasileiro, o Partido Democrático Trabalhista e o Partido dos Trabalhadores, tendo como um dos organizadores, Luís Inácio da Silva.

No dia 15 de novembro de 1982, aconteceram, de maneira pacífica, as eleições. Com o PMDB à frente, a oposição conseguiu a maioria dos votos, elegendo inclusive os governadores dos principais estados. Ao mesmo tempo, foram realizadas eleições legislativas, e o PDS, conseguiu 235 das 48 cadeiras da Câmara dos Deputados.

O PT, procurou então liderar uma campanha pela realização das eleições diretas para que o sucessor do então presidente, Figueiredo, fosse escolhido.