Resumo do Segundo Reinado: A política externa e o declínio do império oligárquico

História do Brasil,

Resumo do Segundo Reinado: A política externa e o declínio do império oligárquico

Durante o começo do Segundo Reinado, o governo estava com a sua atenção voltada para a ordenação social e política, o que consolidava gradualmente uma aliança entre os mais poderosos do país, como os membros do grande comércio, da alta magistratura e da grande propriedade.

A união dos grandes interesses, garantindo a unidade dos territórios, a monarquia, a centralização administrativa com reduzida representatividade popular, permitiu que os conflitos internos da elite passassem a contar com a mediação do governo, assegurando que as disputas da oligarquia e das divergências não viessem a implodir a ordem que servia a todos os seus membros.

A política externa e o declínio do império oligárquico

Com a instalação do parlamentarismo do império, concretizou-se o regime oligárquico, enquanto a fase da conciliação, que havia sido iniciada na década de 1850 por Carneiro Leão, caracterizou-se o auge da dominação oligárquica no período do império.

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A questão Christie

Os frequentes empréstimos por parte dos ingleses ao governo do Brasil, acabaram estabelecendo uma completa dependência econômica. Mas, no Segundo Reinado, o Brasil conseguiu alcançar certa autonomia, por causa principalmente da ascensão das exportações de café, que acabavam por dinamizar a economia.

Ao mesmo tempo, a Revolução Industrial já havia chegado até a França, os Estados Unidos e a Alemanha. O Brasil passou a comprar gêneros industrializados desses países, ameaçando a tradicional supremacia dos ingleses, que anteriormente era conhecida como ‘oficina do mundo’.

No meio de todas as tensões entre esses dois países, a questão escravista do tráfico acabou emergindo, fato contestado pela Inglaterra e de extrema importância para a estrutura de produtividade do Brasil. Os interesses ingleses econômicos se ocultaram sob as justificativas humanitárias, que estava prejudicado pelo deslocamento de africanos para a América, quando estes poderiam servir ao consumo e à produção na própria África, cada vez mais sob controle direto da Inglaterra, no século XIX, na expansão do império.

O capitalismo industrial, que buscava que os mercados consumidores se ampliassem constantemente, ia de encontro à estrutura americana escravista, onde o escravo era visto apenas como uma mercadoria, um agente de produção, não apenas um consumidor.

O fim do tráfico negreiro, que deveria ter sido extinto a partir do tratado de comércio do ano de 1827 e em 1831 na Lei Regencial, não aconteceu. Isso porque as elites escravistas locais tinham muita força, o que gerou um alto descontentamento entre os diplomatas ingleses e estimulou seguidas represálias da marinha inglesa aos navios negreiros. Em 1844, o governo brasileiro não renovou o tratado do comércio com a Inglaterra e resolveu aprovar a tarifa Alves Branco, fato que aliviou a situação financeira do governo imperial, mas acabou afetando de maneira direta as vendas inglesas no país.

Em resposta a esse problema, o parlamento inglês aprovou o Bill Aberdeen, uma lei que impedia o tráfico de escravos no Atlântico, já que os navios poderiam ser atacados se fosse verificado que estavam vindo em direção ao Brasil. Os que fossem pegos praticando o tráfico negreiro poderiam ser presos e julgados como traficantes, seguindo as leis ingleses.

Por isso, por causa da pressão que os ingleses estavam exercendo, o Brasil aprovou a Lei Eusébio de Queirós, que proibiu de maneira definitiva o tráfico de escravos. Já em 1861, um novo imprevisto ocorrido culminou com discordâncias entre os dois países. O navio Prince of Wales, naufragou no litoral do Rio Grande do Sul e teve toda a sua carga saqueada. William Dougal Christie, embaixador inglês do Rio de Janeiro, exigiu que as investigações sobre o caso fossem acompanhadas por um oficial inglês e que o governo do Brasil indenizasse os ingleses pelo saqueamento.

Em 1862, aconteceu um novo problema, enquanto ainda discutiam sobre o roubo do navio Prince os Wales. Alguns marinheiros da Inglaterra foram presos porque estavam em trajes civis e totalmente embriagados, promovendo arruaças pelas ruas do Rio de Janeiro. Os prisioneiros foram soltos, mas mesmo assim, Christie exigiu que os policiais que haviam prendido os marinheiros, fossem demitidos, o pronto pagamento referente ao roubo de carga e desculpas oficiais do governo imperial à Inglaterra.

Diante da negação brasileira, que se negava a cumprir as exigências dos britânicos, foi que Christie ordenou o aprisionamento de cinco navios brasileiros que estavam ancorados no porto do Rio de Janeiro. Essa decisão acabou exaltando os ânimos da capital, o que resultou em várias revoltas contra a Inglaterra.

D. Pedro II, queria que tudo fosse resolvido de forma amistosa, e por isso pediu para que Leopoldo I, rei da Bélgica arbitrasse a questão. Antes mesmo da decisão, ele indenizou os ingleses pelo saqueamento da carga no navio. D. Pedro II então resolveu romper com a Inglaterra, as relações diplomáticas, o que caracterizou o desfecho da Questão Christie. Somente dois anos depois, quando o governo da Inglaterra resolveu pedir desculpa oficialmente ao imperados brasileiro, as relações com a Inglaterra foram reatadas.