Trabalhadores assalariados nos engenhos coloniais
Os registros mais superficiais de história dão a impressão de que é possível resumir a estrutura social do período colonial nos engenhos de cana-de-açúcar às figuras da casa grande e da senzala. Tal configuração, muito presente nas produções brasileiras que retratam a época, sugerem uma sociedade que abriga senhores de engenho, escravos, feitores e capatazes.
Vale lembrar, no entanto, que não foram somente os negros escravos que chegaram ao Brasil em condições nada humanas. Chegaram à colônia homens livres, degredados, vindos de Portugal. Esse processo é contínuo ao longo do período colonial.
Muitos desses brancos europeus, se incorporaram à rotina dos engenhos como trabalhadores livres. Não que isso lhes conferisse uma condição social menos degradantes, uma vez que não lhes era concedido, dentro desse ambiente, a ascensão social, vistos pela casa grande como inferiores.
Alguns, os assalariados, recebiam remuneração anual. Estavam entre eles os empregados da fazenda, aqueles essenciais para o funcionamento do engenho no dia a dia. Entre eles estão o feitor-mor, responsável pela administração do engenho, o feitor, os capatazes e os operadores técnicos da produção. Os artesãos, por sua vez, recebiam por dia ou por serviço realizado.
Todos esses personagens se reuniam em torno da sociedade do engenho, viviam em casas bastante simples e não tinham muitas perspectivas, principalmente porque, ao longo do tempo, as remunerações minguaram, na medida em que muitos escravos eram transformados em mão de obra técnica.
Além dessa estratificação, há aspectos curiosos dessa organização social e produtiva, como a manutenção de reservas florestais dentro das fazendas, destinadas a suprir recursos, como a madeira, usada para carregar os fogões à lenha.
Além das reservas, havia área plantadas com culturas de subsistência, como legumes e verduras, cuja finalidade era abastecer o engenho.
No século XVIII, alguns trabalhadores que se dedicavam ao trabalho artesanal, como ourives, alfaiates, ferreiros e carpinteiros, conseguem alguma autonomia, decorrente do recebimento por serviço, chegando a obter boas remunerações, dependendo do quanto eram requisitados.